segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Shalom!

Nunca é tarde para arregaçar as mangas e revitalizar a história da comunidade judaica brasileira.
No Papo de hoje, o Presidente da Hebraica Rio, Luiz Mairovitch!

PIT - Olá Luiz, bem vindo ao Papo em Comunidade!
LM- Olá Patricia!

PIT - Para começar conte um pouco sobre você...
LM - Sou Luiz Mairovitch, pai de Luiza, dez e Tobias, quatro anos, morador de Ipanema, sempre estudei no colégio Eliezer Max, de onde guardo recordação de uma das melhores fases de minha vida, onde fiz os melhores amigos .

PIT- Atualmente você está na presidência da Hebraica. O que te levou a este posto?
LM - De volta ao clube convidado por um conselheiro para comemoração do seu aniversário, que se daria após uma reunião do conselho, participei de parte desta, quando me interessei e comecei a fazer várias perguntas, e a dar ideias, numa tentativa de colaborar para tentar reverter uma situação na época muito preocupante. A partir daquele dia, comecei a compartilhar das mesmas preocupações com relação a decadente situação em que o clube se encontrava e me candidatei a conselheiro, e após um período, fui instituído presidente do conselho, passando posteriormente a presidente do executivo.

PIT- A Hebraica é clube de tradição e esteve algum tempo deixado de lado. O que pode ter acarretado neste abandono?
LM - Realmente, era notória a situação de abandono em que o clube se encontrava, ficamos cerca de dez anos parados no tempo, com protestos diversos, uma situação de difícil compreensão.

PIT- Agora vemos a Hebraica ser revitalizada. O que falta ainda para o clube voltar as atividades com força total?
LM - Hoje, depois de ultrapassados muitos obstáculos, acredito que, achamos à direção correta e nos colocamos no caminho certo.
O clube vem passando por varias reformas, (banheiros, salas ,quadras), quando comecei a presidir o clube, tínhamos cerca de 300 sócios atletas, hoje já passamos de 1500 (mil e quinhentos).
Nosso objetivo agora é, a troca de nossos elevadores, e a reforma da entrada do clube, e claro, a construção da academia Aborytech, que já se encontra em fase final de projeto para que possamos iniciar a construção, essa também foi uma grande conquista.

PIT- Qual a importância de um clube como a Hebraica para a comunidade carioca?
LM - Quem vem ao clube se surpreende com as reformas. Hoje o clube é outro. Nosso clube é o maior e mais bem localizado clube na Zona Sul, sem falar que, é um clube que realmente pertence à comunidade judaica, não abrimos o nosso clube .
Temos tido cerca de trinta pedidos semanais de novos sócios nos últimos oito meses, isso é sinônimo de sucesso ,mas, volto a dizer: O clube é da comunidade judaica, me entristece, quando vejo a Macabi fazer eventos da AABB e Shimon Peres no Copacabana Palace, é quando me questiono acerca dos valores que cercam esses lideres, realizadores desses eventos. Se colaboram em realizar tais eventos, por que tendem a não se importar com o principal valor do judaísmo que é a UNIÃO e COLETIVIDADE? Pela Hebraica passaram, Ben Gurion , Golda Meir, Juscelino Kubishek, Roberto Carlos, o próprio Shimon Peres, hoje estamos preparados para receber novamente nossa comunidade, vamos valorizar nossos preceitos, o que é nosso.Já voltamos a fazer casamento e Bar e Bat Mitzvá, já é um grande passo.

PIT - Recentemente aconteceu o festival de dança. Quais os projetos para 2010?
LM - Nosso festival, o maior e mais antigo evento da comunidade Judaica da América Latina, acontece a 39 anos consecutivos, este ano se superou, obtivemos sucesso e repercussão surpreendente, foi assistido por 9500 (nove mil e quinhentas) pessoas e no domingo, mais de 6000 (seis mil) internautas puderam assistir o festival pelo nosso site ao vivo. Ano que vem, estamos pensando em colocar um mega painel de LED no fundo do palco, uma das tecnologias mais avançadas, temos que trabalhar muito, uma vez que, o custo é muito alto, mas sem dúvida ficará um luxo, nossa comunidade, nossos dançarinos e colaboradores são merecedores deste sucesso. Também estaremos aguardando os grupos de Israel, que sem dúvida acrescentou e muito para o sucesso que obtivemos este ano. Também estamos idealizando uma parceria, com uma grande construtora para subirmos mais dois andares de estacionamento, pois, temos que sair na frente. Nosso estacionamento hoje se encontra atingindo sua capacidade máxima todos os dias o dia inteiro, com esta parceria, nossa receita irá aumentar bastante.

PIT - O que você gostaria ainda de realizar?
LM - Agora é dar tempo ao tempo, esperar para vermos a inauguração da Academia AboryTech.

PIT - Luiz, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
LM - Aí vai meu recado, vai para todos que acreditam em uma comunidade forte, independentemente de ser sócio de um clube da moda, apóie um clube da sua comunidade. A hebraica está mais viva do que nunca. Um clube para ser forte depende de todos. Aqui você é respeitado e admirado, aqui você não é mais um, é conhecido pela sua família, sua origem suas raízes, seja sócio ou um voluntário, suas idéias podem ajudar e muito. Convido a todos a visitar o nosso site http://www.hebraicario.com e a virem ver como está ficando nosso clube.







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sábado, 21 de novembro de 2009


Shalom,

Quem conhece Israel se encanta, e quem não conhece não sabe o que está perdendo!
E cada um tem sua própria experiência...
Sabrina Abreu conte- nos e mostre- nos o seu Israel!


PIT - Olá Sabrina, bem vinda ao Papo em Comunidade!
SA - Muito legal poder contar um pouco das minhas experiências para você, Patrícia.


PIT - Você acaba de lançar o livro “Meu Israel”. Como surgiu a ideia do livro?
SA- Sou jornalista e, durante os onze meses que passei em Israel, entre 2007 e 2008, colaborei com diferentes revistas brasileiras. Ao mesmo tempo, tentei manter um blog (do qual desisti, porque sempre faltava tempo) e consegui atualizar sempre meu diário, escrito no papel mesmo, como tenho o hábito de fazer desde os meus 8 anos de idade. A mistura do meu amor pela escrita com as histórias que vivi e pessoas maravilhosas que conheci em Israel deram origem à ideia do livro. Ela foi amadurecendo ao longo de um ano inteiro, até que tive a oportunidade de apresentá-la à Editora Leitura, que topou o projeto do jeitinho que eu sonhei (com direito ao apêndice com entrevistas no final, para dar um toque bem jornalístico).


PIT - Por que o titulo “Meu Israel”?
SA - Olha, Israel é um país que suscita muitas paixões, pelo fato de ser berço do Judaísmo, a religião primordial na qual as outras duas religiões monoteístas se basearam: o Cristianismo e o Islamismo. Além disso, há a questão política e histórica, de conquistas e dominações naquela região, ao longo de milênios, que faz com que ela sempre esteja viva na mente de tantas pessoas. Por conta disso, ao escrever anteriormente sobre Israel (na monografia do meu curso de Jornalismo e no trabalho de conclusão de curso da minha pós-graduação, entre outras pesquisas), sempre tomei cuidado para apoiar cada linha com dados históricos, com material jornalístico, depoimentos de especialistas, de modo a tornar o trabalho o mais relevante possível. Já no livro – apesar de também ter prestado atenção na pesquisa -, tomei a liberdade de falar do meu Israel, aquele em que vi, que conheci, sobre o qual estudei, um lugar onde fui feliz e tenho amigos, do qual sinto saudades. Acho que mirando na minha experiência pessoal o relato da viagem acabou se tornando até mais próximo dos leitores – mesmo daqueles que nunca visitaram esse país.


PIT - O que te levou a morar em Israel?
SA - Na verdade, acho que demorou para eu tomar essa decisão. Sempre tive vontade. Mas, ao longo da faculdade de jornalismo (de 1999 a 2004), fui entendendo que o quanto Israel aparecia na mídia era proporcionalmente inverso ao quanto as pessoas eram informadas sobre o país. Mesmo sem ter ido até lá, sempre soube – por influência, especialmente do meu pai – as fronteiras, as principais guerras nas quais o país foi envolvido, os diferentes impérios que tomaram o país sucessivamente. Eu sabia também diferenciar os termos “judeu”, “israelense”, “árabe”, “muçulmano”, mas percebi que nem todo mundo poderia diferenciá-los. Então, surgiu a vontade de estudar mais, para poder informar melhor. Acho que o dia em que decidi, de verdade, morar lá, foi com isso em mente. Mas, além disso, havia tantas outras motivações envolvidas. E bem que eu tinha sido informada por vários amigos que morar num kibutz é uma diversão incomparável [risos]...


PIT - Você vive em Belo Horizonte. Você encontrou em alguma cidade israelense semelhança com a capital mineira?
SA- Pode parecer estranho, já que Belo Horizonte é uma capital com pouco mais de cem anos e Jerusalém é uma cidade milenar, mas vejo, sim, algo em comum entre as duas. A gente costuma brincar que “BH é um ovo”, porque lá, todos se encontram sem combinar, na rua, no shopping. E, ao mesmo tempo, as famílias se conhecem, todo mundo tem um amigo em comum – ou até um primo em comum. Em Jerusalém, acontece do mesmo jeito. Acho que essa proximidade entre essas pessoas, essa facilidade de constatar o laço entre elas deve ter alguma coisa a ver com os montes e montanhas de BH e de Jerusalém [risos]!


PIT - Você teve contato com brasileiros por lá? Como eles vêem e/ou vivenciam o país?
SA- Sim, tive. Como Israel é um país com tantas possibilidades – e os brasileiros são tantos e tão diferentes, dependendo da vivência que têm no Brasil ou fora dele – fica difícil responder, de um jeito geral, como meus amigos ou conhecidos vivenciam Israel. Mas posso dizer que encontrei e entrevistei brasileiros que eram voluntários em diferentes kibutzim, outros que fizeram aliyah, ou que estavam lá por causa do próprio trabalho (caso de Alberto Gaspar, correspondente da TV Globo, que faz um comentário na orelha do meu livro) ou por conta do trabalho do cônjuge, como minha amiga Simone Karlsen, casada com um dinamarquês que tem um cargo na EU. Enfim, de todos, um depoimento que me marcou foi o do Fábio Júnior (ex-jogador do Cruzeiro, que também jogou no Hapoel Tel Aviv). Eu o entrevistei para um programa da Sportv. Ele disse que os israelenses eram parecidos com os brasileiros, porque são informais, quando convidam alguém para ir à suas casas, porque gostam de fazer piada, de comemorar, de dançar, de comer, são barulhentos, enfim, por tudo isso, ele se sentia acolhido lá. Acho que muitos outros brasileiros sentiam o mesmo.


PIT - O que você sentiu do conflito entre árabes e israelenses e da violência em geral?
SA- Prefiro começar a responder pela “violência em geral”, porque, em geral, ela não é muito presente [risos]. Morei em Jerusalém durante sete meses (e outros quatro no kibutz Bar-Am, no Norte). Na cidade, muitas vezes, tirava dinheiro no terminal 24h (que lá, de fato, funciona 24h) de madrugada, depois ia a pé para casa, com o dinheiro no bolso, sem medo. Por outro lado, sempre que entrava num restaurante ou loja, tinha que abrir minha bolsa para ser conferida (procedimento padrão adotado contra o terrorismo). Então, no meu dia a dia, o conflito se manifestava nesses detalhes e, também, em conversas com amigos que contavam como era a vida deles à época da Segunda Intifada (levante palestino de 2000 a 2002). Sendo jornalista e trabalhando como freelancer por lá, sempre tive curiosidade de pesquisar e entender mais sobre o conflito, me embrenhar por todo tipo de cidade e pelas diferentes áreas das cidades. Mas meu convívio se deu, na maior parte do tempo, com judeus israelenses – embora também tenha feito bons amigos árabes israelenses e palestinos. Quando ia visitar a Cisjordânia, sentia dos meus amigos judeus um tipo de ressalva, do tipo “não vale a pena ir até lá, porque é perigoso”. Mas entendo que pensem assim, já que, de fato, não são bem-vindos por lá. Por outro lado, conheci moradores da Cisjordânia que disseram claramente ter ódio dos judeus israelenses e até ouvi um menino dizer que queria ser mártir! Tudo isso me fez concluir que a situação é complexa demais para eu me arriscar a fazer quaisquer análises. Mas de uma coisa tenho certeza: a maioria das pessoas com quem conversei querem a paz, querem ficar numa boa. Isso vale para judeus e árabes que moram no território israelense. Além do mais, o conflito parece muito maior quando visto pela televisão. No cotidiano, as pessoas têm suas vidas, compromissos, feriados religiosos, preocupações outras. A vida por lá é muito mais “normal” do que se imagina.


PIT - Neste tempo o que mais te chamou atenção no país?
SA- As pessoas que formam a sociedade israelense chamam minha atenção mais que quaisquer paisagens ou sítios históricos (por mais interessantes que esses sejam também). No livro, falo disso: lá, todo mundo tem alguma história incrível, veio de muito longe, ou se casou com alguém que veio de muito longe, ultrapassou algum obstáculo dificílimo, aprendeu a viver a vida enfrentando, pelo menos, uma guerra a cada geração! É por isso que resolvi incluir em “Meu Israel” o apêndice “O Israel de Cada Um”, no qual mostro como treze pessoas (como a primeira mulher ordenada rabina em Israel, um adolescente sudanês refugiado de guerra, uma judia da comunidade do Rio que fez aliyah, um muçulmano morador de Jerusalém Oriental e uma sobrevivente do Holocausto, entre outros) se relacionam com aquele país.


PIT - O que você diria para quem não conhece Israel?
SA - Conheça Israel. Vá até lá. Se você gosta de história, não deixe de conhecer. Se gosta de diversidade, é um destino obrigatório, se tem curiosidade religiosa, idem, se gosta mesmo é de curtir o sol e uma boa balada, a mesma coisa. É um lugar que vale a pena.


PIT - Alguma coisa te deixou saudade?
SA- Dos meus amigos, de estar em Jerusalém num momento e, uma hora depois, aparecer em Tel Aviv. De rezar no Muro das Lamentações, de ir à Galileia de vez em quando, de fumar narguilê com o pessoal do kibutz.


PIT - Sabrina, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
SA - Espero que “Meu Israel” seja uma fonte de informação para desmitificar um lugar que tem, sim, qualidades e defeitos, mas merece ser exposto com suas qualidades e seus defeitos, em vez de permanecer estereotipado. Escrevi sobre ele alternando o tom sério e as tiradas que são quase piadas, porque só assim achei possível ser mais fiel ao país que é jovem e tem uma história milenar, que é envolvido em questões tão sérias, mas não deixa de ter uma sociedade que sabe achar graça de si mesma.







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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Shalom!
Que tal pensarmos e apreciamos arte com a artista plástica e professora Leila Danziger?
Aproveitem!



PIT - Olá Leila, bem vinda ao Papo em Comunidade!
LD - Olá Patrícia! Muito bom visitar o seu blog!

PIT - Artista plástica e professora do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Como começou seu interesse pelas artes?
LD - A partir da adolescência, eu não conseguia me relacionar com nada que não fosse arte e literatura. A sorte é que a arte é interdisciplinar e me levou a olhar o mundo e a me interessar por muitas outras coisas. Como a maioria das pessoas que escolhem estudar artes plásticas na universidade, eu simplesmente gostava de desenhar. Mas essa inclinação vaga só se tornou uma escolha consciente pela arte quando eu literalmente “colidi” com a memória da Segunda Grande Guerra e da Shoá, no período em estudei na França, na década de 80. De alguma forma, foi essa memória, muito bem silenciada na minha família, que me deu mesmo vontade de desenvolver uma produção continuada como artista. De outro modo, acho que teria sido uma designer razoavelmente feliz.


PIT - O que é arte para você?
LD - É aquilo que procura responder à complexidade da experiência humana, o que é algo imenso. Gosto da arte que é sensível e reflexiva ao mesmo tempo. A arte é aquilo que aguça os sentidos, potencializa a nossa percepção, conectando-a ao pensamento e à reflexão. E em relação à arte moderna e contemporânea, ela está mais interessada no processo do que no produto. Embora a arte continue a produzir obras duráveis, o que o artista coloca em ação, sobretudo, é uma certa poética, uma forma de estar no mundo e construir relações e sentidos para a vida. Na verdade, essa me parece mesmo a importância da arte: ativar a potência do ser humano (mas o ser humano responsável e que vive em sociedade). E acredito que a arte (a boa arte) é aquela que procura as brechas e foge ao senso comum e ao mero consumo. Uma pena que as escolas, mesmo nossas melhores escolas, ainda não tenham um projeto mais vigoroso para as artes (porque não cai no vestibular...). Ainda não perceberam a importância de refletir criticamente sobre as imagens, por exemplo, que estão por toda à parte. A arte na escola deveria propiciar o desenvolvimento de um público crítico em relação à cultura e não meramente consumidor, mas não vejo nenhuma preocupação nesse sentido. As práticas simbólicas ainda são muito desvalorizadas ou repetidas de uma forma cheia de clichês.


PIT - Como você pode descrever o seu trabalho artístico?
LD - Acho que tudo o que faço é uma tentativa de modelar o tempo e a memória, pensando-as como matérias concretas de fato.


PIT - Que tipo de material você costuma usar?
LD - Meu material preferido sempre foi o papel, que é como a pele – frágil, sensível, contém parte da história de nosso corpo -, por isso mesmo tão precioso. Esse ano, comecei a fazer pequenos vídeos, mas mesmo neles produzo situações a partir de inscrições feitas sobre papel ou superfícies similares. Já fiz algumas instalações em que utilizo móveis. A forma do livro também é uma referência importante.


PIT - Você tem um trabalho feito com jornais. Conte um pouco sobre ele...
LD - O trabalho com os jornais é também uma reflexão sobre a memória e o esquecimento. Vejo os jornais diários como uma espécie de paisagem ou como a superfície sensível do mundo. O que eu faço é apagar seletivamente os jornais (com um método extrativo, que mantém a integridade da página). Desfaço a linguagem informativa e em seu lugar inscrevo fragmentos de poemas, sobretudo Paul Celan. Parto da necessidade de reverter a instrumentalização da linguagem jornalística, voltada para o consumo e para o esquecimento. O que me pergunto sempre é como seria possível reverter a temporalidade linear dos jornais, inscrevê-los numa temporalidade mais longa, transformá-los em pequenos monumentos? Tive uma bolsa da RioArte para dar início a esse trabalho em 2002 e ele vem se desdobrando. Vou expor uma variação dessa série no MAC de Niterói, em março do ano que vem, em um projeto com curadoria do Luiz Cláudio da Costa, meu colega na UERJ, e apoio da FAPERJ, a instituição de amparo à pesquisa no Rio.


PIT - Como você vê o presente e o futuro da arte no Brasil?
LD - Há muita movimentação no mercado de arte, mas sinto ainda falta de um real amadurecimento, que dê mais visibilidade social ao trabalho do artista (falo do artista visual, principalmente). Acho o mercado ainda muito informal e poucas galerias trabalham bem o artista, acompanhando e propiciando o desenvolvimento da produção.
Por outro lado, há uma presença muito maior da arte nas universidades brasileiras, com cursos de graduação e pós-graduação, que querem formar um artista consciente e reflexivo. Isso é muito bom. Só espero que na universidade, a arte consiga manter a sua singularidade e a capacidade de lidar com processos bem subjetivos.
Na verdade, acho que o maior problema no Brasil continua sendo a falta de bons museus, com acervos que permitam à arte tornar-se realmente um bem público, acessível a todos que tenham interesse. Acho que o maior dilema é que nós temos ainda uma “história da arte imaginária”, para usar uma expressão do crítico Ronaldo Brito, o que não nos permite o embate e o confronto com a produção do passado. E isso nos deixa frágeis, vulneráveis a consensos que se formam com excessiva rapidez. A irresponsabilidade dos governos com a história da arte brasileira ficou bem clara nas últimas semanas. Vivemos uma grande tragédia recentemente, com o incêndio que destruiu parte da obra do Hélio Oiticica. Foi algo semelhante ao incêndio do MAM em 1978.

PIT - Em certos momentos você junta a poesia com as artes plásticas. Você acha que este é um casamento perfeito? Seria uma forma de personificar a poesia ou de dar voz ao trabalho artístico?
LD - Acho que existem muitos casamentos possíveis e ‘perfeitos’ para a arte. Há artistas que dialogam com a biologia ou com a antropologia, por exemplo. Desde que a arte se afastou de um movimento mais marcadamente auto-reflexivo, que aconteceu das primeiras décadas do século XX, ela assumiu a tarefa de se aproximar de várias outras áreas do conhecimento. Eu gosto muito das palavras e a relação entre palavra e imagem sempre me interessou muito. Na verdade, eu até comecei a escrever poesia há uns dois anos e publiquei na Revista Inimigo Rumor, editada pelo Carlito Azevedo, poeta que admiro muito.


PIT - O que te inspira para criar?
LD - Coisas muito pequenas, bem particulares; sempre o avesso do grandioso. Por exemplo: preciso fazer alguma coisa com as agendas em branco que achei nas gavetas de meu pai. Agendas de mais de 50 anos atrás e que nunca foram usadas por ele. Preciso responder a esses objetos, que me solicitam de alguma forma. Como se eles esperassem por mim. É como se eu tivesse alguma responsabilidade sobre eles (e tenho mesmo).


PIT - Quais são suas influências?
LD - Gosto de “conversar” com muitos artistas: Dürer, Watteau, Kirchner, Segall, Goeldi, Reveron, Joseph Cornell, Schwitters, Beuys, Kiefer... Todo artista tem uma família e se inscreve numa genealogia. Eu me sinto do lado da matriz romântica e expressionista da arte.


PIT - Leila, super obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
LD - Patrícia, muito bom te reencontrar! Queria deixar o convite para uma data que é sempre lembrada na ARI – o dia 9 de novembro de 1938, a chamada Kristallnacht, quando houve um ataque programado a todas as instituições judaicas na Alemanha. Foi mesmo o último alarme do terror irreversível. Vou fazer uma palestra, na verdade uma conversa, sobre o tema da memória da Shoá em Berlim. Como a cidade enfrenta a memória da expulsão e do assassinato de milhões de judeus? Vamos ver isso no campo da arte e da prática dos monumentos. Será às 20h, segunda-feira, dia 9/11, no salão da sinagoga, que para quem eventualmente não sabe, fica na Rua General Severiano 170, Botafogo.
Quero convidar também para uma exposição bem interessante que está acontecendo na Galeria Cândido Portinari, no campus da UERJ, no Maracanã e fica até o dia 27 de novembro. A exposição chama-se Contato e propõe relações entre a arte e a biologia. Eu participo dela com mais 5 artistas, que são professores do Instituto de Artes e do Instituto de Biologia. A curadoria é do Israel Felzenszwalb e da Vera Beatriz Siqueira. É uma iniciativa muito interessante, que deverá ser itinerante.






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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Shalom!!

Ter o primeiro filho não é fácil para as mamães. Ainda mais quando se fala em amamentação. E ir ao cinema com bebê pequeno? Nem pensar, né?
Bianca Balassiano Najm conta, no Papo de hoje, que existe solução para estas questões!


PIT - Olá Bianca, bem vinda ao Papo em Comunidade!
BBN - Olá Patricia!

PIT - Para começar conte um pouquinho sobre você, sua formação...
BBN - Estudei minha vida toda no Eliezer Steinbarg. Ao terminar o 1º grau, surgiu uma grande vontade de fazer um curso para formação de professores, pois o magistério e as crianças sempre me encantaram, e foi quando fiquei sabendo que o curso também era oferecido para a comunidade judaica e era ministrado no Colégio A. Liessin, então fiz o 2º grau e também o Curso de Formação de Professores lá (Infelizmente o curso está extinto!). Depois disso, cursei Psicologia na UFRJ, mas já no último ano de formação comecei a trabalhar com Festivais de cinema e distribuição cinematográfica, portanto não cheguei a exercer a Psicologia profissionalmente, apesar de ter me formado. E também não exerci o cargo de professora, pois o trabalho com cinema me tomava todo o tempo disponível.


PIT - Como surgiu a ideia da consultoria em amamentação?
BBN - A ideia da consultoria em amamentação surgiu da gratidão profunda que senti para com o Banco de Leite do Instituto Fernandes Figueira aqui no Rio. Quando estava grávida, achava que todo bebê nascia sabendo mamar, então não me preocupei muito em buscar informações sobre a amamentação. Logo de início, percebi uma certa dificuldade da minha filha em pegar o seio, apesar de ter nascido a termo. Bati o pé firme e me recusei a comprar leite em pó ou mamadeiras, portanto no 2º dia de vida dela fizemos um inesquecível passeio ao Banco de Leite, onde aprendi muitas informações sobre pega, posicionamento da boca do bebê, ordenha de leite e outros "segredos" para o sucesso da amamentação. Dois dias depois, minha filha já tinha virado uma "profissional" e mamou exclusivamente ao seio durante 6 meses, como recomendado pela Organização mundial de saúde. Com o sucesso obtido na minha amamentação, passei a me interessar muito pelo assunto, participando de listas de discussão sobre o assunto na internet, comprando e lendo extensa bibliografia e fazendo cursos com os melhores profissionais do país. Juntando minha paixão pelo assunto à vontade fazer um trabalho voluntário, nasceu o projeto da Consultoria de amamentação.


PIT - Você acha que falta um melhor preparo de médicos e enfermeiras no trato com as mamães de primeira viagem?
BBN - Tenho certeza. Muitos médicos não tem tempo durante a consulta para pedir à mãe que coloque o bebê para mamar e observar se a pega está correta ou mesmo para ouvir as queixas desta mãe. Muitas enfermeiras acabam tornando-se profissionais de puericultura na marra, pois são as que dispõem de um pouco mais de tempo para ajudar as mães nas maternidades mas, apesar de sua boa vontade, às vezes lhes falta a "arte do aconselhamento". A mãe que está com dificuldades de amamentação não precisa ouvir novamente o quanto o leite materno é importante para o bebê. Ela já sabe disso e se chamou um profissional é porque precisa de ajuda e quer ser ouvida em suas queixas. Portanto, acho que o trabalho do psicólogo na amamentação é muito benéfico, pois podemos aliar nossos "ouvidos treinados" à maneira correta de abordar uma mãe que está passando por um momento de dúvidas e dificuldades.


PIT - Quais são as maiores dúvidas sobre a amamentação?
BBN - Geralmente as maiores dúvidas são sobre horários e padrões de amamentação. Também há muitas dúvidas sobre a pega correta (posicionamento do bebê frente ao corpo da mãe) e ordenha de leite. Sobre isso, o que tenho a dizer é: Mamães esqueçam o relógio! Seu filho precisa do leite materno, em livre demanda. Bebê tem fome de leite e também tem fome de carinho e aconchego. E não sabe contar horas... O maior segredo para se ter muito leite é deixar o bebê sugar o quanto quiser, a hora que quiser, o máximo de tempo possível. Amamentar é estar disponível, às vezes é cansativo, mas muito recompensador. E tudo passa tão rápido...!!!


PIT - Você também está envolvida com o CineMaterna. Como funciona este projeto?
BBN - O CineMaterna é um projeto fantástico de resgate social da mãe no pós-parto. A idealizadora, Irene Nagashima, cinéfila assim como eu, começou a sentir muita falta de suas sessões semanais de cinema, depois que teve seu bebê. Corajosamente, juntou um pequeno grupo de mães com bebês em punho, e resolveram enfrentar a 1ª sessão de um cinema qualquer, aquela que geralmente é mais vazia, às 14h. Primeiro a equipe do cinema tentou impedir, depois viram ali um potencial. Nisso, nasceu a ONG CineMaterna, que hoje já está em 6 cidades do Brasil, e inaugurando uma nova cidade a cada mês. Sou a coordenadora do projeto aqui no Rio de Janeiro e acompanho todas as sessões. Faço também a programação das sessões em todo o país e toda a parte de contato com o público. Os filmes são para entretenimento dos adultos, ou seja, mães, pais, avós, babás, quem quer que esteja cuidando de um bebê e louco de vontade de ir ao cinema. As salas são equipadas especialmente para receber essas fofuras, com ar condicionado mais fraquinho, luz levemente acesa, trocadores com fraldas, pomadas, tapetes de EVA para os maiorzinhos brincarem. E uma equipe maravilhosa de meninas para ajudar as mamães com suas enormes sacolas...


PIT - No que difere das sessões comuns de cinema, e em que cinemas acontece o CineMaterna?
BBN - As sessões CineMaterna tem uma sala especialmente preparada: o ar condicionado é mais fraco, a luz fica levemente acesa, trocadores são colocados estrategicamente à frente da tela, para que os bebês fiquem bem à vontade e as mamães não percam nenhum pedacinho do filme. Além disso, temos uma equipe preparada especialmente para receber estas mães e ajudá-las no que for preciso. No Rio de Janeiro as sessões CineMaterna acontecem semanalmente, às 5as feiras às 14h no Unibanco Arteplex Botafogo. Mensalmente, temos uma sessão aos sábados às 11h, para as mamães que já voltaram ao trabalho e para os papais que estejam também a fim de prestigiar. Em breve teremos sessões também no Cinemark Downtown.

PIT - Existe uma idade mínima e/ou máxima para os bebes irem ao cinema?
BBN - Não existe idade mínima... brincamos que depende da mãe, pois algumas conseguem passar calmamente pela fase angustiante do pós-parto onde nossa rotina resume-se a dar de mamar, botar pra arrotar, trocar fralda e botar pra dormir, já outras querem logo sair de casa e bater perna. Acredito que o bebê mais novo que já recebemos tinha 1 semana de vida e estes geralmente são os melhores, pois dormem e mamam a sessão toda, deixando a mamãe curtir o filme inteirinho. A idade máxima, geralmente dizemos que é 1 ano e meio, pois a partir desta idade os bebês já começam a entender o que aparece na telinha, além de fazer tanta bagunça que não permite às mães assistirem o filme com a calma necessária. Mas é claro que essa orientação varia de criança para criança, existem crianças de 1 ano que já não param quietas e outras de 2 anos que são mais calminhas.


PIT - Na sua opinião que benefícios este tipo de projeto traz?
BBN - O maior benefício de todos é mostrar às mães que existe vida além da extasiante rotina de mamar-trocar fralda-dormir!!! Só quem já foi mãe sabe como é angustiante ficar presa dentro de casa com um bebê. Sentimos saudades de ver a rua, encontrar outras pessoas, bater papo, tomar um café, e... ver um filme! Além de proporcionar um resgate dessa mãe recém-parida, que aos poucos está se acostumando à sua nova condição de responsável por um outro ser e, certamente, sente muita falta de seus momentos de lazer. Após a sessão, sempre nos reunimos no café, para bater papo, trocar idéias e corujar os bebês!


PIT - Você presenciou alguma historia interessante no Cinematerna que possa nos contar?
BBN - Várias! Primeiro porque acompanho o desenvolvimento de vários bebês, pois algumas mães são frequentadoras assíduas desde o início do projeto (abril/2009), então já vi crianças começando a andar, começando a comer, começando a falar... E isso é extremamente gratificante. Outras situações engraçadas são as mães chegando ao cinema, sempre tentando se equilibrar com bebê, sacolas, carrinhos... uma mãe de gêmeos lutando para conseguir comprar uma pipoca, crianças que esperam a gente abrir a porta da sala para sair correndo e fugir, enfim, são situações cômicas e únicas! Além disso, já tivemos comemoração de aniversário de mães e de bebês também na sessão CineMaterna. No blog CineMaterna http://cinematerna.blogspot.com/ temos várias situações inusitadas que já ocorreram aqui no RJ e também em outras sessões pelo país.


PIT - Bianca, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
BBN - Gostaria de convidar a todos para conhecer o site do CineMaterna - http://www.cinematerna.org.br/ , onde podem encontrar maiores informações sobre nossas sessões, e as mães podem se cadastrar para votar nos filmes que querem ver e receber emails com a nossa programação. Também estamos no orkut, facebook e no twitter (@cinematerna), onde frequentemente atualizamos as informações da nossa programação, além de promoções.
Aproveito para encaminhar o folder com a divulgação dos meus contatos para o trabalho de consultoria em amamentação, lembrando que o serviço é gratuito e peço a todos que encaminhem para seus contatos, especialmente gestantes e mamães, para que eu possa atingir o maior número possível de pessoas beneficiadas. As consultas geralmente são domiciliares, mas também atendo chamados na própria maternidade. Também estou disponível para consultas com gestantes que eventualmente queiram tirar dúvidas ou saber algumas dicas de amamentação para prepararem-se melhor antes mesmo da chegada do bebê.
Meus contatos: bianca@balassiano.com.br (email e msn) / 8877 9834 (celular) / @biancabala (twitter).






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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Shalom!
O que a ciência e o meio ambiente tem a ver com arte?
Sandra Felzen mostre-nos, por favor!



PIT - Olá Sandra, bem vinda ao Papo em Comunidade!
SF - Oi Patricia, que bom participar do Papo em Comunidade!

PIT - Você é química com mestrado em ciências ambientais. Onde entrou a arte nesta história?
SF - Após me formar em Química, pela Universidade Hebraica de Jerusalém, retornei ao Rio de Janeiro. Eram os anos 70 e a questão ambiental estava começando a mobilizar as pessoas. Fui trabalhar na FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - hoje se chama INEA) e foram anos muito intensos e de muito aprendizado. Em 1982, tive oportunidade de, a princípio, passar 1 ano em Nova York. Pedi uma licença não remunerada no trabalho e lá fui eu! Como não daria tempo de fazer um mestrado, resolvi estudar outros assuntos que sempre me interessaram, entre eles as artes plásticas. Tive a sorte de ter excelentes professores, entre eles, Avron Soyer, que me estimulou muito a seguir nessa minha nova descoberta. Além das aulas, eu estava imersa em um ambiente de muita arte, exposições, palestras e museus maravilhosos. Acabei ficando 5 anos em NY, estudando e pintando durante esse período todo. Depois de 3 anos, tempo máximo da licença, pedi demissão da FEEMA, mas mesmo assim terminei um mestrado em Ciências Ambientais no Polytechnic Institute of New York. Mas eu já estava tão envolvida com a pintura que meu orientador me deixou escrever "The Artist and His Studio: an environmental psychology approach" como trabalho de fim de curso. Em 1986 voltei para o Rio e decidi me dedicar inteiramente às artes plásticas.


PIT - O que você gosta de retratar nos seus quadros? O que te inspira?
SF - Provavelmente por meu envolvimento com a ciência e o meio ambiente, minha temática principal retrata a verticalidade dos troncos das árvores, cruzando um fundo de camadas horizontais de terra. Trabalho na fronteira entre o naturalismo e a abstração. Citando a crítica nova iorquina Graciela Kartofel, são trabalhos de análise e síntese sobre a árvore, a natureza, a terra, o primitivo, a vida.


PIT - Quais são suas influências?
SF - No início de meus estudos, acho que fui influenciada pelos pintores austríacos do início do século passado, como Klimt, Schiele, Kokoshka e artistas expressionistas como Edward Munch. Meu professor enfatizava muito a necessidade de ter um trabalho forte e expressivo. Em Nova York, tive oportunidade de conviver com as pinturas desses artistas.


PIT - Que tipo de material você costuma utilizar?
SF - As pinturas normalmente se iniciam com uma colagem ou costura de materiais sobre a tela, que a seguir é trabalhada com óleo e pastéis a óleo em um meio de cera fria, para criar uma grande variedade de texturas e cores.


PIT - Como é o seu dia a dia de trabalho?
SF - Tenho um ateliê que adoro na Rua Peri, no Jardim Botânico. Passo o dia lá, pintando, pensando, pesquisando, preparando alguma exposição ou trabalhando no Photoshop minhas gravuras digitais, que são impressões digitais de imagens baseadas em minhas pinturas. Esse ano também fiz um calendário judaico, publicado nos Estados Unidos pela Pomegranate.


PIT - Você já expos em vários lugares. Qual sua exposição inesquecível e por quê?
SF - Este ano, durante os meses de agosto e setembro, participei de uma grande exposição no Centro Cultural Correios. Expus 18 obras, resultado de mais de quatro anos de trabalho. A mostra, intitulada o “O Olhar do Outro”, foi fruto de uma parceria iniciada em 2005 com o artista plástico João Muller, ocasião em que ambos retornamos da Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Florença, na Itália. De volta ao Brasil, resolvemos romper o isolamento individual, inerente ao trabalho do artista, e iniciamos um diálogo crítico entre nossas obras. Essa troca foi muito rica para nós dois.


PIT - Como você vê a arte no Brasil?
SF - Apesar de ser muito difícil ser artista plástico no Brasil, novas portas estão se abrindo. No Rio de Janeiro, vários novos Centros Culturais estão sendo inaugurados, além dos excelentes que já existem. Falta o convívio de perto com o trabalho de artistas importantes da História da Arte, mas acredito que o Brasil será cada vez mais um grande pólo cultural e essas deficiências tenderão a diminuir.


PIT - Qual a sua dica para aqueles que querem se iniciar nas artes plásticas?
SF - Há que ter muita perseverança. A maturidade na arte vem com muitos anos de dedicação. É muito importante entrar em contato com sua própria expressão e linguagem. É essencial se aprender a ver, para poder ser expressivo. Desenho de observação é um início que fundamenta nosso aprendizado.

PIT - Sandra, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
SF - Obrigada a você, Patricia. Gostaria de convidar a todos para uma visita ao meu ateliê, localizado na Rua Peri 125/202 no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. É só telefonar antes para (021) 99711730. Vocês podem também visitar meu site: www.sandrafelzen.com.br. O calendário que mencionei acima está à venda, entre outros lugares, no Midrash Centro Cultural, no Leblon.






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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Shalom!

Já imaginou o que um judeu e um cearense têm em comum?
No Papo de hoje o jornalista, publicitário, imitador e autor premiado Eduardo Shor!



PIT - Olá Eduardo, bem vindo ao Papo em Comunidade!
ES - Olá Patricia, obrigado pela oportunidade.


PIT - Por que você optou pelo jornalismo e publicidade?
ES - O jornalismo e a publicidade são ferramentas que encontrei para permitir o transbordar da minha curiosidade e do desejo por expressar minhas ideias, ou as ideias dos outros, de maneira criativa.


PIT - Além de escrever você gosta de fazer imitações. Como surgiu este lado cômico?
ES - Imito o Sílvio Santos e um rabino que é a mistura de todos os rabinos de qualquer comunidade judaica ou corrente religiosa. Atualmente, as imitações estão aposentadas em sua versão ao vivo, mas disponíveis na minha página do Orkut e no You Tube. O lado cômico vem da procura por visões peculiares sobre o mundo, olhares criativos, maneiras diferentes de observar a vida e as pessoas. É com essa busca incessante que me é possível fazer humor ou escrever os textos.


PIT - Agora em São Paulo, você criou o blog Nóis em Sampa. Conte um pouco desta ideia.
ES - Estou há dois meses e meio na cidade, com objetivo de encontrar melhores oportunidades na área de comunicação. Com minha família e a maior parte dos meus amigos vivendo no Rio de Janeiro, o blog é uma forma de marcar um encontro virtual e literário com gente que tem saudades da terra natal e vive situações semelhantes à minha. A ideia é que pessoas que morem em São Paulo, mas não tenham nascido aqui, transmitam suas impressões sobre a cidade, por meio da escrita. Elas me encaminham os textos e, estando tudo de acordo com as regras do blog, publico. É um outro modo de enxergar São Paulo também, através do olhar de quem vem de fora. O endereço é http://noisemsampa.blogspot.com.


PIT - Recentemente você ganhou o primeiro lugar no Concurso Literário do Hillel-Rio com o texto "Judeu Cearense". Qual foi a sensação de ter o texto escolhido por Moacyr Scliar e Arnaldo Niskier?
ES - É como um arquiteto ter o seu projeto escolhido por Oscar Niemeyer, um músico ter a sua composição selecionada por Chico Buarque, ou um cirurgião plástico ter o seu trabalho elogiado por Ivo Pitanguy. Os dois escritores são membros da Academia Brasileira de Letras e têm dezenas de livros publicados, figurando entre os de maior importância no cenário da literatura brasileira contemporânea. Já li “Um centauro no Jardim” e “A mulher que escreveu a Bíblia”, do Scliar. Conheço a grandeza da obra de ambos. Ter um texto reconhecido por eles é uma séria e emocionante recompensa pelo esforço. Isso me incentiva a ler, trabalhar a redação e escrever mais.


PIT - O que te levou a fazer o texto? Algum judeu cearense te inspirou?
ES - Apesar do título e do tema, o texto fala muito mais do que sobre o judeu cearense. É a metonímia de um povo que vive em transformações, dúvidas, questões sobre identidade, desintegração e união, no mundo todo. Eu participo disso e quis me expressar. Estive no Piauí e no Ceará em fevereiro, para realizar um trabalho. Quando terminei, tirei quatro dias de folga, em Fortaleza. Aproveitei para conhecer a sinagoga local. Percebi que além da estreita ligação da história do Nordeste com os judeus – e de todas as dificuldades de manter a chama do judaísmo acesa hoje – existe uma comunidade cearense pequena em tamanho, mas grande na dedicação à sua própria cultura e religião. São em torno de 35 famílias.


PIT - O que você gostaria ainda de realizar?
ES - Aos 28 anos, ainda tenho muito o que realizar. Entre os meus principais objetivos estão a publicação de livros e o trabalho em cima do texto, de modo que minha escrita seja cada vez melhor e os futuros livros sejam dignos de excelente reconhecimento.


PIT - Eduardo, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
ES - Produção de conteúdo para sites, revistas, livros, biografias, jornais, entre outros tipos de publicação, edushor@gmail.com e (11) 7747-4782.




Assista Eduardo Shor na versão Silvio Santos




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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Shalom!
Você come bem? Já pensou em mudar os seus hábitos alimentares?
No Papo de hoje a nutricionista clínica funcional Flavia Garber!



PIT - Olá Flavia! Bem vinda ao Papo em Comunidade!
FG - Em primeiro lugar, obrigada pelo convite, é um prazer participar do comunipapo!!


PIT - O que te levou à nutrição?
FG - Bem, eu sempre tive interesse e curiosidade em saber o que acontecia quando os alimentos entravam no nosso corpo e como tudo acontecia. Só que quando me formei me distanciei da minha carreira, e há 3 anos é que encontrei a verdadeira Nutrição. Foi quando resolvi voltar a exercer a minha profissão e fiz uma pos graduação em Nutrição Clínica Funcional onde eu me encantei com esta nova visão que tem como princípios a busca do equilíbrio do organismo como um todo, permitindo obter não só ausência de doença, mas principalmente, vitalidade positiva, que vai nos garantir melhor qualidade de vida.Dentro deste raciocínio, priorizamos a qualidade da alimentação, pois se somos constituídos de células e estas são formadas de nutrientes, temos que nutrir nossas células.

PIT - É possível adequar os hábitos alimentares do brasileiro de forma mais saudável? O arroz e feijão podem ser aliados numa alimentação saudável?
FG - Claro que sim. O hábito do brasileiro do arroz e feijão é muito saudável, principalmente se usarmos o arroz integral, muito mais rico em fibras, vitaminas e minerais, pois esta é uma combinação que reúne todos os aminoácidos essenciais (aqueles que precisamos ingerir pela alimentação), tornando-se uma fonte de proteínas completa. Precisamos resgatar este costume e assim tornaremos nossa alimentação mais rica e saudável, principalmente se acrescentarmos vegetais variados (verduras e legumes) em abundância, o que nos garante substâncias que nos protegem contra doenças e previnem o envelhecimento.

PIT - Como aliar o prazer de comer massas, carnes, pães com alimentos saudáveis?
FG - É importante que pensemos na qualidade nutricional que o alimento está nos trazendo, ou seja, tem alimentos que são pobres em nutrientes. Ao invés de consumir um pão francês ou massa feita com farinha branca (refinada), estaremos fazendo uma melhor escolha ao optarmos pelos cereais integrais, que não diferem em nada em termos de calorias, porém são muito superiores em termos de qualidade por oferecer nutrientes importantes como as fibras que dão saciedade, ajudam a regular os níveis de glicose e colesterol no sangue, sem falar na ajuda no funcionamento do intestino, além de possuírem vitaminas importantes para o metabolismo.
Com relação às carnes é interessante optar pelas opções mais magras, pois a gordura presente neste alimento é prejudicial em vários aspectos, principalmente relacionado a problemas cardiovasculares.


PIT - Você acredita que realmente somos o que comemos?
FG - Acredito que esta frase está incompleta, pois de nada adianta comermos o que há de melhor em termos qualitativos, se não formos capazes de aproveitar esses nutrientes. Por isso é tão importante cuidar da saúde intestinal, pois o intestino é o órgão responsável por absorver tudo que ingerimos. Mas para isso é necessário que haja o equilíbrio da flora bacteriana presente no intestino, garantindo o funcionamento adequado deste, que é um órgão de tamanha importância e que tem inúmeras funções. Hoje o intestino é chamado de segundo cérebro, pois possui milhões de células neuronais que se comunicam com o sistema nervoso central, sinalizando informações, produzindo hormônios, neurotransmissores, além de conter grande concentração de células do sistema imunológico. Portanto, precisamos cuidar da saúde intestinal, para nos mantermos saudáveis e aproveitarmos tudo que comemos de bom.


PIT - Que tipo de alimentos ou substancias devemos evitar?
FG - Devemos evitar tudo àquilo que é estanho, que o organismo não reconhece como próprio e precisa metabolizar através do fígado, que muitas vezes acaba ficando sobrecarregado para dar conta de eliminar tantas substâncias como corantes, conservantes, adoçantes, aromatizantes, presentes em produtos industrializados, processados, como alimentos pré preparados, congelados, refrigerantes, sopas, temperos e sucos em pó, gelatinas, além dos agrotóxicos, substâncias como hormônios, medicamentos, que muitas vezes são utilizados sem controle, expondo o organismo a uma carga tóxica que precisa ter nutrientes suficientes para que haja eliminação adequada dessas sustâncias através do sistema de destoxificação.

PIT - Existem dietas para diversos tipos de situações? Há possibilidade de evitarmos alguma doença tomando por base alguma dieta especifica?
FG - Podemos montar planos alimentares que podem ajudar a melhorar vários desequilíbrios orgânicos que muitas vezes se apresentam através de doenças. Osteoporose, diabetes, hipertensão, obesidade, prisão de ventre, insônia, dores de cabeça etc. são exemplos de condições que podemos reverter controlar ou evitar através da Nutrição Funcional, sempre lembrando a individualidade, pois cada organismo é único.Tomando por base uma alimentação rica em vegetais que são fonte de fitoquímicos (substâncias presentes nas plantas que conferem proteção contra doenças) e pobres em gorduras animais, frituras, açúcar e farinha refinada, junto a um estilo de vida saudável, com exercícios, sem fumo, álcool, com toda certeza, poderemos evitar várias doenças.

PIT - Que dica você daria para termos uma alimentação melhor e uma vida mais saudável?
FG - Para nos alimentarmos melhor precisamos comer com a maior freqüência possível, alimentos que trazem benefícios para a saúde e não pensar somente em calorias, pois aquele que é zero em calorias pode ser zero em nutriente e rico em produtos químicos, não sendo, portanto, a melhor opção. O ideal é caprichar nas frutas, legumes, verduras frescas, cereais integrais, gorduras de boa qualidade presente em alimentos como azeite, castanhas, nozes, que tem papel fundamental no funcionamento do nosso corpo.

PIT - Flavia, muito obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
FG - Não pense no alimento como sendo simplesmente aquilo que engorda ou emagrece, se é vilão ou mocinho. O alimento é muito mais do que isso. É o que vai nos trazer a matéria prima que precisamos para o nosso corpo funcionar, por isso, na hora de escolher o que vai colocar dentro do seu corpo, escolha aquele que traz realmente algo de bom.



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