quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


Shalom!
Você já ouviu falar no “Schindler” brasileiro?
O historiador Fabio Koifman vai nos contar sobre este “Justo entre as Nações”!


PIT - Olá Fabio, bem vindo ao Papo Comunidade!
FK - Obrigado. É um prazer participar.

PIT - Quando você decidiu ser historiador?
FK - Eu estudei direito e história, mas sempre tive mais afinidade com História. Trabalhei em outros setores até decidir-me por seguir carreira acadêmica em História.

PIT - Você escreveu o livro “Quixote das Trevas”, que conta a historia do “Schindler brasileiro”. O que te levou a escrever este livro?
FK - O livro é a minha dissertação de mestrado em História. A pesquisa iniciou-se em 1997 e foi concluída em 2000. Escrever o livro tornou-se uma necessidade depois que realizei extensa e profunda pesquisa. Um dos objetivos principais em publicar o livro foi o de conseguir o reconhecimento do Embaixador como “Um dos Justos entre as Nações” junto ao Museu do Holocausto em Jerusalém. Objetivo esse no qual obtive sucesso, a partir de remessa de expressiva quantidade de documentos e depoimentos, realizada logo após a publicação do livro. Este tema me foi sugerido pela antropóloga Kátia Lerner, que, em decorrência do depoimento do Sr. Raphael Zimetbaum, para a fundação “Shoah” (A fundação “Shoah” é uma entidade que foi criada pelo cineasta americano Steven Spielberg com sede nos EUA. No final da década de 1990 a fundação recolheu em diversos países os depoimentos de milhares de judeus sobreviventes do Holocausto), tomou conhecimento da importância histórica do papel de Souza Dantas. Portador de um dos inúmeros vistos concedidos pelo Embaixador, o Sr. Zimetbaum dizia-se impressionado com a falta de qualquer memória ou registro relativo aos atos humanitários do diplomata, a quem tinha por responsável direto pela salvação das vidas das pessoas de sua família.


PIT - O que mais te surpreendeu na historia do Souza Dantas?
FK - O que mais me surpreendeu foi o fato de como um personagem tão significativo historicamente – por vários fatores, em especial (mas não único) sua postura humanitária durante a ocupação nazista – tenha sido relevado ao completo esquecimento.


PIT - Por que ele é um desconhecido no Brasil?
FK - Não diria que Luiz Martins de Souza Dantas seja hoje completamente desconhecido no Brasil. A partir da divulgação de minha pesquisa na mídia (a partir de 1998) e, especialmente da publicação do meu livro em 2002, o Embaixador passou a ser um pouco mais conhecido, tendo inclusive algumas vezes “aparecido” em discursos do Presidente Lula, uma vez em Paris e outra no Itamaraty, entre outras situações expressivas. Ainda assim, o embaixador aguarda certamente um destaque maior para o seu nome. As razões são apontadas no livro. Possivelmente a mais expressiva delas tem relação com o fato de Souza Dantas ter se tornado lembrança “desagradável” para aqueles que cultuam a memória de um importante personagem da História brasileira, Getúlio Vargas. Seja pelo contraste de postura em relação ao drama dos refugiados, seja por remeter a atos, posturas e um governo – ditatorial – que os que cuidadosamente zelam pela memória de Vargas preferem não lembrar.


PIT - Como se deu a pesquisa para o livro e o que você achou de mais relevante ou surpreendente que possa nos contar?
FK - Essa pergunta pode ser respondida pela leitura das 475 páginas do livro. O que é mais surpreendente, justamente, é que depois de tudo que fez e viveu Souza Dantas ele siga pouco conhecido no Brasil.

PIT - O livro vai ser a base para o documentário “Bom para o Brasil”, ainda em pré-produção. Como surgiu a ideia deste filme?
FK - Justamente pelo fato das situações e ações do Embaixador serem bastante expressivas e impressionantes, a ideia de realizar um filme a esse respeito sempre é cogitada por aqueles que lêem o livro e se aprofundam na História. Certas passagens da vida de Souza Dantas parecem ficção de tão impressionantes. Em alguns casos – como, por exemplo, a invasão da embaixada do Brasil em Vichy pelos nazistas e a tentativa de resistência de Souza Dantas – eu recorri a diversas fontes para confirmar os fatos, uma vez que a primeira leitura a respeito me pareceu ficcional ou exagero da imprensa. Mas todas as versões para o fato deram conta dos mesmos detalhes, uma cena típica de um filme, mas que ocorreu de verdade. A parceria com Luiz Fernando Goulart será a materialização desse objetivo, que visa ampliar no Brasil e fora dele a divulgação do nome desse herói brasileiro.


PIT - Qual a sua expectativa com este documentário?
FK - A melhor possível. Conforme disse acima, que o filme contribua para divulgar e difundir os atos de Luiz Martins de Souza Dantas. Que cada vez mais o nome dele seja associado, exemplo e referência de ajuda humanitária.


PIT - Qual seu próximo projeto?
FK - Publicar a minha tese de doutorado. Trata justamente do outro lado dessa história. “Porteiros do Brasil”, o sistema que existiu para selecionar imigrantes e controlar a entrada de estrangeiros no país, em época contemporânea aos esforços de Souza Dantas em salvar os perseguidos do nazismo na Europa.

PIT - Fabio, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
FK - Eu é que agradeço. Lembrar e enaltecer aqueles que se arriscaram de maneira altruísta e anônima para ajudar desconhecidos que corriam perigo de vida, além de ser um ato de reconhecimento, é educativo e extremamente necessário, especialmente em um país tão carente de bons exemplos.




O embaixador Luiz Martins de Souza Dantas




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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Shalom!
Musica para ouvir, ver e sentir com o coração.
O Papo de hoje traz uma nova experiência musical que une oração, sentimento e alegria.
Com vocês... Kol Lev Band!


PIT - Olá Kol Lev, bem vindos ao Papo em Comunidade!
KLB - Olá Patricia, o prazer é todo nosso em estar aqui com você.


PIT - Como surgiu a ideia da Kol Lev Band?
KLB - Em um retorno, após muitos anos, à sinagoga em um shabat, o Charles (Kahn diretor musical da banda) se deparou com o chazan Yaakov Moshe Laufer conduzindo as orações, e algo lhe tocou a alma. Amigos-músicos foram convidados, e também se envolveram mais do que profissionalmente com a ideia de formar a Kol Lev Band. Assim, começamos.


PIT - Por que o nome Kol Lev Band?
KLB - Significa A voz do coração. O objetivo é que a essência das letras através das emoções e o sentimento penetrem em todos os corações.


PIT - Como se deu a reunião dos músicos?
KLB – Os músicos Guilherme Azevedo (guitarra), Gustavo Vidigal (baixo) e Junior Moraes (bateria), já se conheciam de outros trabalhos, e sabiam das suas afinidades musicais. O que tornou o trabalho mais leve, possibilitando um espaço criativo e profundo.


PIT - Como foi escolhido o repertório?
KLB - As orações mais conhecidas no mundo judaico foram o foco para uma releitura.


PIT - Por que orações com nova roupagem e não musicas israelenses da atualidade?
KLB - O nosso desejo não é apenas um contato auditivo, mas também um contato espiritual-milenar. As novas roupagens foram criadas através de pesquisa de ritmos que combinam com as orações, e não ferem as melodias originais, e também, das nossas próprias, e diversificadas, vivências musicais. Acreditamos que novas roupagens musicais levam a novas emoções e a uma renovação espiritual.


PIT - Houve algum critério para os ritmos? Por que Shema em ritmo de reggae, Lecha Dodi, disco e Avinu Malkeinu flamenco, etc?
KLB - Sim. A inspiração.


PIT - As apresentações serão estritamente para a comunidade judaica ou vocês pretendem levar para a comunidade maior?
KLB - Nós pretendemos levar essa experiência para quem queira ouví-la e sentí-la.

PIT - No site o nome da banda vem acompanhado das palavras Tefilá, Kavaná veSimchá? Qual o significado destas palavras e o que tem a ver com a banda?
KLB - Oração, Sentimento e Alegria. É assim que enxergamos, realizamos, e queremos transmitir o nosso trabalho.


PIT - Muito obrigada pela entrevista e deixem aqui o seu recado!!!
KLB - Nós é que agradecemos o espaço. E convidamos todos a participarem da experiência Kol Lev Band. Nosso site é http://www.kollevband.com.br/
Tefilá, Kavaná veSimchá.



Assista aqui Shemá Israel com a Kol Lev Band


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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Shalom!
O Papo de hoje é com uma professora apaixonada pelo judaísmo.
Jane Bichmacher de Glasman conte-nos tudo!

PIT - Olá Jane, bem vinda ao Papo em Comunidade!
JBG - O prazer é meu!

PIT - Professora, doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica, fundadora e ex-diretora do Programa de Estudos Judaicos na UERJ. Como surgiu este programa na universidade?
JBG - Fui a primeira professora concursada e contratada pela UERJ para o Setor de Hebraico, o qual, então, comecei formalmente. Para tal contava com outros professores contratados temporariamente, pela Fierj e pela própria universidade. Consegui uma sala, para pesquisas e atendimento a alunos, onde montei uma biblioteca, com recursos próprios, incluindo muito material didático, fitas e filmes, além dos livros sobre hebraico e judaísmo. Ela era conhecida como "sala dos judeus"(!) No início de 1992, na semana do carnaval, mal eu saí dela - e a mesma foi incendiada e vários recados antissemitas foram deixados. Eu já vinha sofrendo pequenos atentados (meu carro foi arranhado em forma de suástica; nas minhas salas de aula eram deixados recados nas paredes com suásticas, "Morte aos Judeus", e outros do gênero) e sempre era convencida a "deixar pra lá", que aquilo era"coisa de maluco querendo chamar a atenção"... Foi a gota d'água! Contrariando a orientação chamei o então presidente da Fierj (Milton Nahon) e a imprensa, que cobriu largamente o ocorrido. Houve abertura de inquérito policial e o Reitor da UERJ (Hésio Cordeiro, na época), a partir de uma série de reuniões que tivemos, resolveu instaurar o Programa de Estudos Judaicos, de caráter comunitário e mais abrangente do que o Setor. A este, agregaram-se então docentes de outras áreas, como o Prof. José Resende, com o qual iniciei o oferecimento de cursos eletivos sobre Inquisição e Cristão-Novos, inclusive com a realização de Simpósios nacionais. Fora estes, foram realizados cursos e palestras com professores de renome acadêmico internacional, muitos de Israel (dada a carência de recursos, eu "corria atrás" de todos que estivessem de passagem pelo Rio ou por S. Paulo!) além de Congressos de Estudos Judaicos.
Lamentavelmente, houve certo "desvio de percurso" (aproveitando um afastamento meu, devido a um sério acidente de carro) e, pessoas de fora da UERJ "apoderaram-se" do Programa e têm impedido a participação de docentes da casa, principalmente os "pioneiros"... Mas isto é assunto para outro "papo"...


PIT - Você escreve para a comunidade maior sobre temas judaicos. Como você vê a reação perante a história judaica?
JBG - Venho, cada vez mais, procurado escrever num idioma menos "academês", mais leigo, na imprensa e em veículos de comunicação como sites e revistas eletrônicas, para um público amplo e diversificado, no Brasil e no exterior. A resposta tem sido fantástica! Inclusive já escrevo artigos como réplica a dúvidas e questionamento de leitores... Sinto um imenso prazer, também, quando consigo provocar polêmicas, que já originaram até grupos de debate e discussão na internet, por exemplo, a partir de alguns textos meus como "Os negros e os judeus", "Palavras Mal Ditas: Filologia e Preconceito” (este, por acaso, foi premiado no meio acadêmico e depois repassado em versão popular), "A assinatura cabalística de Cristóvão Colombo", "Palavras e costumes brasileiros de origem marrana", etc., além de temas específicos dentro da história e da cultura judaica, como "A rainha esquecida", "A noite dos cristais", etc.


PIT - Você tem um projeto de pesquisa sobre a presença judaica na língua e cultura brasileira. O que você descobriu de mais interessante?
JBG - É fantástico! A cada dia descubro algo novo! Desde a origem de palavras, expressões, ditados populares e nomes de lugares (a começar por Brasil! já que a pesquisa começou como sociolinguística) até personagens e passagens históricas, passando pelos costumes populares e pelo folclore brasileiro - todos com conteúdo expressamente judaico ou com origem no mesmo! Sabe o personagem do pai do filme “O casamento grego”, que encontra origem grega em tudo? Pois é, eu sou uma versão “kasher” dele! (rs)

PIT - Na história judaica que passagem mais te agrada? Por quê?
JBG - Sou tão visceralmente apaixonada pelo judaísmo que seria impossível destacar apenas uma passagem... Há várias que me intrigam e ponho-me a pesquisá-las! Gosto, particularmente, de histórias ocultas ou pouco estudadas. Talvez, dentro de temáticas, eu pudesse citar, por exemplo, estudos de gênero, como a questão da mulher no judaísmo (que foi parte da minha tese de doutorado: “De Rachel a Rachel- mulher, amor e morte”) e por outro lado, passagens, principalmente bíblicas, incoerentes ou ininteligíveis a princípio, como o sacrifício de Isac e sua posterior relação com o pai ou a morte de Moisés, sem entrar em Canaã (por sinal, abordo na tese também; afinal, é um drama universal humano, morrer antes de entrar na “Terra Prometida”...)

PIT - Você já publicou vários livros. Conte um pouco sobre eles...
JBG - Comecei escrevendo livros “encomendados” por setores de empresas e universidades onde trabalhei (sobre Psicologia, Didática, Educação, Treinamento) e, posteriormente, passei a publicar livros a partir da demanda discente e da carência de material em português sobre temas, principalmente sobre judaísmo, visando a torná-los acessíveis, como o “`A Luz da Menorá: Introdução à Cultura Judaica” e “Interseções: relações entre judaísmo e culturas e religiões na Antiguidade”, que foram, para minha alegria, adotado em diversas escolas, faculdades e seminários, pelo Brasil e vendidos até na Argentina e nos Estados Unidos. Aliás, tenho recebido encomendas e cobranças, por estarem esgotados – aguardo um alô de editoras interessadas!


PIT - Você costuma proferir palestras. Como são estas palestras?
JBG - Bom, há as acadêmicas, em Congressos e em universidades, as para grupos judaicos (como Wizo, Pioneiras, etc.) e as para o público em geral, geralmente em grupos de estudo e em cursos de atualização. E, principalmente, há as “mistas”: por exemplo, em agosto fui dar uma palestra em Denver, no Colorado, num Simpósio da Sociedade de Estudos Criptojudaicos, e uma grande parte do público era formado... pelos próprios! Tinha gente interessantíssima como artistas plásticos, cineastas e escritores (além dos pesquisadores acadêmicos), todos originalmente marranos, criptojudeus, que retornaram ao judaísmo, com obras sobre o tema. Tinha até rabino que nasceu em família marrana (com quem eu já me correspondia)! Apesar de eu ser a única brasileira lá, houve um interesse incrível em minha apresentação – e as perguntas foram abundantes! Fui “intimada” a comparecer ao Encontro ano que vem...


PIT - Que historia é esta que você ensinou padre a rezar missa em hebraico?
JBG - Comecei como professora no Barilan, onde fui aluna. Lecionei em diversos lugares como UFRJ (onde montei o atual Setor de Hebraico e de onde me aposentei em 99), Senac (Psicologia Empresarial), Colégio Imperial (Didática, MPA,Orientação Educacional) e, por quase 10 anos no ISTARJ (Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro), onde pude, literalmente, ensinar padre a rezar missa... em hebraico! Ensinava hebraico e cultura judaica, com ênfase na origem judaica do cristianismo e das práticas e da liturgia católica. Tive alunos que foram se especializar em Israel, inclusive conhecidos, como os padres Zeca, Zé Roberto, André Sampaio (meu “afilhado” de ordenação e primeiro núncio apostólico brasileiro em centenas de anos)... Foi muito bonito, que eles trouxeram a “paramentação” judaica kasher de Israel para o bar-mitzva de meu filho (além de Padre André ter feito as bênçãos hebraicas do casamento dele)!

PIT - O que você gostaria ainda de realizar?
JBG - Profissionalmente, reeditar alguns livros meus e publicar outros que já estão prontos (!), inclusive (e principalmente) minha atual pesquisa e filmar um documentário sobre a mesma. Quero estudar, pesquisar, ler e escrever até o fim! Pessoalmente, quero ter netos e continuar curtindo muito a vida (principalmente viajando) com meu “namorido”!

PIT - Jane, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
JBG - Perdoe eu ser tão prolixa! Adoraria receber comentários! Meu e-mail é janeglasman@terra.com.br










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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Shalom!

O Papo em Comunidade de hoje vai ao teatro e conversa com um dos premiados diretores da nova geração.
Moacir Chaves, que está em cartaz com Ecos da Inquisição de Miriam Halfim.
Não Percam!


PIT - Olá Moacir! Bem vindo ao Papo em Comunidade!
MC- Olá Patricia!

PIT - Como surgiu seu interesse pelas artes cênicas?
MC - Sempre gostei de teatro. Como espectador mesmo. Aos dezessete anos vi todas as peças em cartaz no Rio, naquele ano de 1982. Era o meu primeiro ano na cidade, morava em Teresópolis e vim para cá estudar geologia na UFRJ. No ano seguinte, estava matriculado na Escola de Teatro Martins Pena e trocara geologia por história na UFRJ. Mais um tempinho e estudava teoria do teatro na Unirio.


PIT - Você é professor da Unirio e também foi aluno da instituição. Qual o desempenho da universidade para a formação de profissionais de teatro?
MC - A universidade oferece muitas possibilidades de conhecimento e troca, para quem consegue perceber isso e fazer o melhor caminho dentro da instituição. Há pessoas que passaram por lá e dela saíram sem nada aproveitar, e outras que tiveram suas vidas modificadas por essa vivência. Encontro-me nesse segundo caso. Para isso contribuíram especialmente os professores Ronaldo Brito e Flora Sussekind.


PIT - Atualmente você está dirigindo Ecos da Inquisição, texto de Miriam Halfim. Como você chegou a este texto?
MC - Fui convidado pela Miriam e pela Maria Alice, produtora do espetáculo, por sugestão do ator, diretor e amigo Ricardo Kosovski.

PIT - Mais um texto com Padre Antonio Vieira. Ele te persegue ou você o persegue?
MC - Padre Antonio Vieira é uma fonte de inteligência e luz na história e na cultura do Brasil e de Portugal. Um homem admirável. Estar em contato com suas obras e com sua biografia é um privilégio e um prazer. Quem sou eu para ser “perseguido” por ele. Mas também não o persigo. Imaginei e efetivei, produzindo e dirigindo, em 1994, o Sermão da Quarta-feira de Cinza, e fiz dois outros espetáculos em que ele aparece com muita força, o Ecos da Inquisição e, no ano passado, The Cachorro Manco Show, a convite da presidência da Funarte.


PIT - Não é a sua primeira peça sobre Inquisição, Bugiaria também abordava o assunto. Alguma predileção pelo tema?
MC - O meu interesse, no material que deu origem a Bugiaria, era em um personagem histórico de nome Jean Cointa, ou de Bolés, que veio para o Rio de Janeiro no século XVI se juntar a Villegaignon na aventura de fundar a França Antártica. O processo da Inquisição de Cointa foi parte estrutural do espetáculo, juntamente com o Viagem à Terra do Brasil, de Jean de Lery, no seu relato sobre os rituais antropofágicos dos índios Tamoios. Talvez eu tenha, de fato, uma predileção por temas ligados à cidade do Rio de Janeiro, sua história e seus personagens. Fiz um espetáculo chamado A Violência da Cidade, com textos históricos que iam do século XVI ao início do século XX, à época do “bota-abaixo” e dois espetáculos com textos de Machado de Assis, que foi, aliás, quem de alguma maneira me apresentou a cidade. Li toda sua obra exatamente nos meus primeiros anos aqui, e costumava refazer percursos de seus personagens pelas ruas da cidade, tentando identificar o que ainda restava daqueles cenários.


PIT - Apesar de Ecos da Inquisição se referir sobre um tema dos séculos XVI e XIX, a roupagem dada é mais atual. Podemos dizer que a inquisição não morreu?
MC - A Inquisição morreu. O que levou a humanidade a efetivá-la, não. Infelizmente é uma experiência quase que cotidiana esbarrarmos com abuso de poder, autoritarismo, violência, apropriação indébita, roubo, manipulação da população. Manipulação, aliás, que à época do nazismo ficou conhecida pelo nome de Propaganda.


PIT - Você tem alguma relação com o judaísmo? Seu sobrenome tem algo de cristão novo? Risos
MC - Minha família paterna veio de Portugal, da cidade de Chaves. Não sei se o nome é cristão novo. Meus avós maternos eram alemães que chegaram ao Brasil logo após o término na Primeira Guerra. Minha mulher, Monica Bielschowsky, é de origem judaica. Tenho grande interesse e carinho pela história judaica, que é a história de todos nós, fazemos parte todos da cultura judaico-ocidental. Mas não tenho atração pela idéia de raça nem pelas manifestações religiosas em geral. E menos ainda por qualquer fervor nacionalista.


PIT - Dentre os personagens você destacaria algum? Qual e por quê?
MC - Acho que a identificação do notário com o homem comum que, apesar de não responsável direto pelos fatos, se encontra em uma posição de testemunha de atos de arbitrariedade, violência, corrupção, e nada faz para mudar o estado das coisas, tornando-se desta forma cúmplice, co-autor mesmo das barbáries cometidas à sua vista, faz dele, notário, um personagem especial.


PIT - Moacir, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
MC - Obrigado digo eu, por esse espaço de divulgação do espetáculo e reflexão. Espero ouvir depois sua opinião sobre a peça e, quem sabe, ter a chance de debater com mais tempo e profundidade as questões tangenciadas nesta entrevista.



Obs: Ecos da Inquisição está em cartaz no Centro Cultural Justiça Federal, na Cinelândia, Rio de Janeiro, de sexta a domingo às 19h, preços populares!


Moacir Chaves com a autora Miriam Halfim e o elenco de Ecos da Inquisição


Uma das cenas de Ecos da Inquisição



O Papo em Comunidade chega a 100ª entrevista!! Obrigada a todos os entrevistados, leitores e colaboradores que ajudam na existência deste blog! Espero contar sempre com vocês!





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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Shalom!
Já ouviu falar em Na’amat Pioneiras?
O Papo de hoje é com Helena Nigri, a vice presidente desta entidade!


PIT - Olá Helena, bem vinda ao Papo em Comunidade!
HN - Oi Patrícia, primeiramente, obrigada pelo convite para participar do seu blog.


PIT - Para começar conte um pouquinho sobre você...
HN - Meu nome é Helena Nigri, tenho 54 anos , sou casada e tenho uma filha de 18 anos. Fiz curso técnico de piano na Escola de Música da UFRJ, sou formada em Engenharia Química e em Licenciatura em Química pela UFRJ. Atualmente sou empresária de uma loja de móveis modulados em Copacabana.


PIT - Quando começou seu trabalho na Na’amat Pioneiras?
HN - Entrei para Na´amat pioneiras em 1979, quando ainda era solteira. Comecei coordenando um coral de voluntárias. Fui presidente de grupo e diretora de integração. Hoje sou coordenadora do Coral Na´ amat Pioneiras Clara Sztyszberg , vice presidente e presidente em exercício porque nossa presidente Sulamita Marshevsky encontra se afastada por motivo de saúde. Na´amat faz parte da minha vida.


PIT - O que é Na’amat Pioneiras?
HN - Na´amat Pioneiras é uma Organização Feminina Judaica Sionista Cultural e Beneficente. Atuamos em 11 países, entre eles, Estados Unidos e Israel. Aqui no Brasil estamos presentes em 13 estados. Temos como principais objetivos elevar o status da mulher, transmitir as tradições e éticas judaicas e promover o intercâmbio cultural e social entre Na´amat Israel e Na´amat Brasil.


PIT - Qual a importância da Na’amat para a comunidade judaica e a comunidade maior?
HN - Na´amat se preocupa com a divulgação das Culturas Nacional e Judaica. Para isso, promove cursos de teatro e canto coral, comemora as festas judaicas, faz parte da Federação israelita do Estado do Rio de Janeiro e contribui para minimizar as carências sociais das comunidades judaicas e maior, promovendo eventos como bazar, shows,excursões,seminários e congressos.


PIT - Para você, o que significa o trabalho voluntário?
HN - Ser voluntária é dar um pouco do seu tempo para aqueles que precisam, fazendo assim uma Tzedacá - Justiça Social. Nesse trabalho temos a oportunidade de encontrar muitas amigas Chaverot e sentir que fazemos parte de uma sociedade íntegra e envolvente.


PIT - O que você diria para as mulheres judias que ainda não fazem parte da Naamat?
HN - Venham fazer parte da família Na´amat , seja uma voluntária e se engaje nas causas sociais e culturais.


PIT - Quais os projetos para 2010?
HN - Entre os projetos destacamos o fortalecimento dos grupos já existentes, a criação de novos grupos de jovens e a parceria com outras entidades para que nossa Organização possa crescer cada vez mais.


PIT – Helena, muito obrigada por sua entrevista e deixe aqui seu recado!
HN - Obrigada pela oportunidade. Às mulheres que estiverem interessadas em fazer parte da nossa instituição entre em contato com Sônia, pelo telefone 25530983 ou pelo email naamatrj@yahoo.com.br.
Gostaria também de convidá-los para a apresentação do Coral Na’amat Pioneiras, no projeto musica no museu, dia 10, quinta-feira, às 12:30 no Paço Imperial, na Praça XV, será a Festa das Luzes no Paço. Cantaremos músicas de Chanucá, ladino, íidish, brasileiras e hebraicas. Prestigiem!












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