quinta-feira, 25 de março de 2010

Shalom!
Ela deu corpo às palavras e desnudou sua alma em um espetáculo que faz refletir.
No Papo de hoje a premiada atriz Clarice Niskier!


PIT - Olá Clarice, bem vinda ao Papo em Comunidade!
CN - Olá Patricia!


PIT - Você começou trabalhando como fotógrafa no JB e cursava Comunicação na PUC. Em que momento decidiu largar tudo e se dedicar à carreira de atriz?
CN - O Teatro surgiu muito por acaso. Eu era tímida demais para pensar em ser uma atriz profissional. Em síntese a coisa foi mais ou menos assim: era repórter e fotógrafa, tive uma gastrite aos 21 anos meio violenta, fui ao médico, ele disse que eu estava extremamente ansiosa, além dos remédios, sugeriu uma terapia, à noite na Puc, comentei com o Carlos, um amigo meu da turma o que estava acontecendo e que começaria uma análise, ele disse que achava melhor eu fazer teatro. Semana seguinte eu estava matriculada no curso da professora Dina Moscovici, no Tablado. E desse curso em diante nunca mais parei. Devo muito ao meu anjo Carlos.


PIT - Quando o teatro entrou definitivamente na sua vida?
CN - O meu bem estar começou desde a primeira aula no Tablado. Acho que ali meu compromisso começou a se tornar uma realidade. Foi uma descoberta imensa e tem sido assim até hoje, uma descoberta imensa.


PIT - Qual foi a peça que lhe rendeu uma preparação artística mais intensa?
CN - Difícil selecionar uma peça. O Teatro se dá no processo da vida. Mas sem dúvida, o trabalho em grupo, em Companhias, aprofunda muito o trabalho. E eu trabalhei em várias Companhias. A primeira de todas foi com Antonio Pedro. Ele tinha uma Companhia "Tem Folga na Direção", fiz duas peças com ele. Foi incrível. Depois conheci Lucia Coelho, e fiz parte do Grupo Navegando, outra experiência maravilhosa. Depois, Eduardo Wotzik, com quem pude desenvolver um trabalho de pesquisa muito importante e receber minha primeira indicação para o Premio Shell, com a peça Tróia. Depois, com Domingos Oliveira, com quem mantenho uma relação próxima até hoje, e com quem tive a oportunidade de escrever para o Teatro. E agora, todo o aprendizado com Amir Haddad. O Teatro não tem fim. Os conhecimentos vão se intercalando, as técnicas vão se somando, você tem que ir se preparando sempre, "a experiência é um farol que ilumina para trás", como diz Pedro Nava. Para frente, sempre o desconhecido, a aventura. Tenha sempre um cantil com água fresca à mão e uma barra de cereais no bolso, não sabemos mesmo o que vem pela frente


PIT - O que você considera importante para a formação do ator/atriz?
CN - Tudo. Você deve ser curioso em relação a tudo. Ler muito. Viver intensamente. Saber as coisas pelos livros, mas também saber as coisas pelos caminhos contraditórios da vida. A vida é o melhor mestre teatral. Até que chega uma hora que você encontra uma espécie de clareira. Onde a mata já foi aberta até um certo ponto onde você se situa melhor em relação aos seus desejos. Paralelo a isso muito aula de voz e corpo. Voz é fundamental no teatro. E depois, é o que eu disse, abrir picadas continua sendo a sua tarefa.


PIT- Você fez vários trabalhos com o Domingos de Oliveira. Como é trabalhar com ele?
CN - O Domingos é um grande artista, um pensador, um criador incansável, um escritor, um diretor. Ele vive intensamente o teatro. Tem sonhos, idéias, faz filmes, filma suas peças. E, além disso, é prazeroso seu processo de trabalho. Tem alegria. Domingos gosta do amor, das paixões, da juventude, de trocar idéias, de tocar piano, sua casa vive sempre cheia de gente trabalhando, ensaiando, pensando, ele é um homem que celebra a vida.


PIT - Como a “Alma Imoral” do Rabino Bonder chegou a você?
CN - Através de um programa de televisão, um programa de entrevistas da TVE conheci o Nilton. E após esse programa, o Sem Censura, ele me presenteou com o seu livro, A Alma Imoral. Li e fiquei muito tocada. A ponto de querer adaptá-lo para o teatro. E assim começou o processo. Fizemos os cálculos de quantos espectadores a peça já atingiu: chegamos a 110 mil pessoas. Pra quem quiser saber mais tem o site http://www.almaimoral.com/


PIT - A peça é um grande sucesso. O que você atribui este sucesso?
CN - A vários fatores. Acho que a peça tocou as pessoas, como o livro me tocou. O livro foi muito importante para a minha vida.


PIT - Como foi receber prêmios de melhor atriz com a “Alma”?
CN - Eu estava tão feliz, que o chão saiu do chão, entende? Andando em direção ao palco para receber o premio, a sensação foi meio alucinógena. Sabe aquelas cenas de filme que o diretor tira o som ambiente da multidão e vai acompanhando a personagem andando no meio dessa mesma multidão só com os seus pensamentos e com as batidas do seu coração? Foi meio assim, parecia que eu estava sonhando. Esse trabalho foi muito amado desde o início, muito abençoado, a relação das pessoas foi muito intensa e de muita confiança, e isso tudo ainda resultar num prêmio de melhor atriz, era muito, muito gratificante mesmo.


PIT - Você menciona na peça a história da Dona Lea, que reage a sua condição de judia budista, numa entrevista sua. Você já encontrou a Dona Lea e o judaísmo? Risos
CN - Através do Nilton, reencontrei o judaísmo, sim. Com a pessoa da Dona Lea, infelizmente, ainda não. Mas dentro de mim só tenho a agradecê-la. E em relação as tradições, estou sabendo dialogar melhor com elas.

PIT - Qual é o texto que você sonha em montar?
CN - Muitos.

PIT - Clarice, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
CN - Meu recado é: façam teatro. Mesmo que não queiram ser profissionais dessa área, façam. Assim como a música e outras artes, o teatro contem em si rituais que integram o homem à sua própria natureza e por isso mesmo, à vida.






*colaboração Alexandre Aquino


 









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quinta-feira, 18 de março de 2010

Shalom!
Pioneira do jornalismo de tecnologia, louca por gatos, blogueira, twitteira...
No Papo de hoje, a sempre online, Cora Rónai!


PIT - Olá Cora, bem vinda ao Papo em Comunidade!
CR – Olá Patricia.


PIT - Você já escreveu sobre literatura, teatro infantil, publicou livros e se especializou em tecnologia, onde foi pioneira. E mais tarde na utilização de ferramentas de internet como fotolog, blog e fotografia digital, como formas de comunicação. Que resumo você faz de sua história profissional?
CR - Uma trabalheira danada!


PIT - Desde quando você é uma aficionada por tecnologia?
CR - Desde 19867/87, quando comprei meu primeiro computador. Hoje só quero saber de celulares e não ligo mais a mínima para hardware, mas já fui escovadora de bits.


PIT - As redes sociais hoje têm uma grande importância, formando uma imensa rede de contatos e gerando network. A seu ver estas ferramentas são bem aproveitadas pelos brasileiros ou ainda é muito mal usada por aqui?
CR - Acho que não se pode falar em "mal aproveitadas" ou "bem aproveitadas". São ferramentas novas, e todos estamos aprendendo juntos qual pode ser o melhor uso a se fazer delas.


PIT - Como você vê os serviços de internet prestados no Brasil?
CR - Lamentáveis. E o pior é que nasceram para ser ruins, já que não são obrigados a fornecer aos usuários mais de 10% do que se propõem (e do que ele pagou).


PIT - Que ferramenta de internet você usa mais no seu dia a dia?
CR - Não sei dizer. Na verdade, acho que uso a internet como ferramenta. A frase mais inspirada dos velhos tempos da informática foi a do Scott McNealy, da Sun, que há mais de 20 anos dizia que "The Network is the Computer", isso num tempo em que ninguém sequer pensava na web. Ele não se referia exatamente à internet, mas ao poder das máquinas conectadas.


PIT - Há algum dia que você não se conecte à internet?
CR - Não, não há um dia em que eu não me conecte. Muitas vezes nem chego perto do computador (há tempos me conecto pelo celular), mas pelo menos postar alguma coisa no blog e conferir os comentários é de lei.


PIT - Você costuma trocar de aparelhos de celular e computador muitas vezes para estar sempre em dia?
CR - Sim, claro. Mas sempre uso dois, o Nokia N95, que é o meu favorito, e um outro da vez. Agora é um Motorola Milestone, até semanas atrás era um iPhone 3GS, etc.


PIT - Falando nisto, para você qual foi a melhor invenção tecnológica de todos os tempos?
CR - O lápis. É uma tecnologia barata, eficiente, que não depende nem de tinta.


PIT - O que você acha que vai ser lançado em curto prazo que poderá virar febre?
CR - Se eu soubesse fazer este tipo de previsão, estava rica!


PIT - Além de escrever sobre tecnologia, você é conhecida também pela defesa dos animais e do meio-ambiente. E louca por gatos. Pode-se dizer que estas são suas principais paixões?
CR - Fora da minha família, com certeza, sempre lembrando que há alguns gatos que fazem parte da família. Também sou apaixonada pelo Brasil, em geral, e pelo Rio, em particular.

PIT - Cora, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
CR – Obrigada e para quem interessar meu blog é o InternETC http://cora.blogspot.com/ e o twitter @cronai.




* colaborou Alexandre Aquino










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quinta-feira, 11 de março de 2010

Shalom!
Dizem que filho de peixe, peixinho é...
Eis aqui um exemplo: luz, câmera, ação:
Daniel Barcelos Jaimovich!



PIT - Olá Daniel, bem vindo ao Papo em Comunidade!
DB - Prazer por estar neste Papo! Rs

PIT - Você nasceu e cresceu numa família de atores. Atuar foi um processo natural?
DB - Sim...Frequento estúdios desde pequeno, e a mágica de ver meus pais nesse mundo fascinante influenciou completamente...

PIT - Seu pai Jaime Barcelos Z”L foi o marcante Dr. Ezequiel Prado na novela Gabriela. Você chegou a contracenar com ele em algum trabalho?
DB - Realmente Dr. Ezequiel foi um marco e sendo a primeira novela brasileira a ser exibida em Portugal, ele foi rei do carnaval de Mealhada em 1978. Fui dirigido por ele numa peça do Tchecov e fui seu assistente em 1980 numa excursão por quatro capitais brasileiras no seu curso para atores...pena... não deu tempo.

PIT - Qual personagem mais te marcou?
DB - No teatro: Peer Gynt do Ibsen, é a saga de um herói. Tive o prazer de protagonizar essa bela obra do teatro universal. Na TV está reprisando um grande sucesso, “Alma Gemea” onde vivi o advogado Dr. Ermelino (advogado do Raul – Luigi Barricelli).

PIT - Qual o maior desafio para um ator no Brasil?
DB - Rs... Sobreviver apenas dessa profissão. Trabalho há sempre, mas a remuneração não tem critério em nenhum veículo seja teatro, cinema, TV ou publicidade. Tempo de Carreira? Credibilidade? Respeito? Não são moedas....

PIT - O que te dá mais prazer: TV ou teatro?
DB - O bom trabalho. Até 30 segundos de um comercial de TV pode ser extremamente prazeroso na qualidade.

PIT - Que papel você sonha em fazer?
DB - Um texto bem escrito sempre ajuda...comedia ou drama, sem preconceitos. Sonho com esses grandes textos, inéditos ou não.

PIT - O que você gostaria ainda de realizar?
DB - Projetos sociais educativos, em hospitais como já fiz... Atuações em mais filmes (este ano estarei em “As vidas de Chico Xavier”) e muito, muito mais!

PIT - Você costuma ministrar cursos de atuação? Onde?
DB - Sim...agora a partir de março estarei dando uma oficina para crianças no Clube Guanabara.

PIT - Daniel, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado.
DB - Corram a frente dos sonhos... Pratiquem a ousadia, persistam! A chance de prosperar será maior e amem a vida cada dia!

Jaime Barcelos Z'L em Gabriela

Descubram onde está o Daniel Barcelos











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quinta-feira, 4 de março de 2010

Shalom!
Uma voz surpreendente que conquistou o mundo!
Com vocês, no Papo de hoje, Ithamara Koorax!


PIT - Olá Ithamara, bem vinda ao Papo em Comunidade!
IK - Olá Patricia!

PIT - Cantora consagrada, você recebeu prêmios lá fora, saiu em capas de revistas, foi reverenciada. Como se deu a construção da sua carreira?
IK - A carreira não foi "construída", ela simplesmente foi acontecendo da forma mais natural e espontânea possível. E até demorou a começar, porque só decidi me tornar cantora profissional em 1990, quando me separei. Até então era "dona de casa", embora sempre apaixonada por música. E isso eu devo à minha família, porque minha mãe era cantora lírica e meu pai adorava jazz. Eles vieram da Polônia, fugindo da Segunda Guerra. Tive quatro tios, por parte de pai, que foram assassinados em campo de concentração. Ele foi o único que conseguiu escapar, e aí conheceu a minha mãe em São Paulo, onde se casaram. Depois foram morar em Niterói, onde nasci e comecei, aos quatro anos, os estudos de música. Aos 12 eu já estava formada em piano, teoria e solfejo. Hoje, quando vejo a dimensão internacional que a minha carreira tomou, chego a tomar um susto. Me sinto abençoada porque jamais sonhei que pudesse alcançar uma fama mundial. Isso só me faz continuar estudando cada vez mais, não apenas porque o reconhecimento gera uma "cobrança", mas também porque preciso fazer jus aos que me apoiaram e apostaram em mim.


PIT - O que você ouvia quando criança que a fez despertar o interesse pela música?
IK - Ouvia muita música clássica, principalmente ópera, junto com jazz e MPB. Adorava Elizeth Cardoso, Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque, Stellinha Egg, Vanja Orico, Elis Regina, Simone, João Donato, Hermeto Pascoal. Na área do jazz eu ouvia muito Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Flora Purim, Chet Baker, Miles Davis, além de cantores como Tony Bennett, Frank Sinatra, Barbra Streisand. E ainda era apaixonada por um grupo de rock chamado Blood, Sweat & Tears. Coincidentemente ou não, mais tarde Elizeth Cardoso se tornaria minha madrinha artística, Tom Jobim gravaria comigo e, agora, acabo de lançar um disco em homenagem a João Gilberto. Fora isso, toquei e gravei com muitos ídolos como Hermeto, Donato, Luiz Bonfá, Dave Brubeck, Claus Ogerman, John McLaughlin, Gonzalo Rubalcaba, Marcos Valle, Dom Um Romão, Mario Castro-Neves e Eumir Deodato.

PIT - Sua técnica é única, e sempre elogiada pelos críticos, principalmente pelos agudos. Você é autodidata ou cursou alguma escola?
IK - Além dos estudos de canto, piano e teoria musical durante a infância e a adolescência, até hoje eu continuo fazendo aula de técnica vocal, três vezes por semana. Faço muitos shows, praticamente posso dizer que moro em avião, então eu preciso estar em forma. É como um jogador de futebol ou qualquer outro desportista. Não existe craque se não houver disciplina. E estou sempre fazendo ginástica também, inclusive girotônica e natação.

PIT - O CD “Serenade in Blue” foi a porta de entrada nos EUA. Conte para nós como foi.
IK - Em 1994, eu já tinha ganhado prêmios importantes no Brasil, como o da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e o Prêmio Sharp, que na época era uma espécie de Grammy brasileiro. Havia também gravado músicas para várias trilhas de novelas da TV Globo, lançado um disco aclamado pela crítica e realizado três excursões pelo Japão. Comecei a sentir que o mercado brasileiro estava muito ruim, dominado pelo pagode e pela falsa música sertaneja. As propostas das gravadoras eram péssimas, até axé queriam que eu gravasse. Ao mesmo tempo, começaram as viagens para a Europa, especialmente para Londres, onde travei contato com hip-hop, acid-jazz, drum & bass, e vi que havia um campo muito bom se abrindo para mim. O coroamento veio em 1998, com uma temporada triunfal ao lado do baterista Dom Um Romão no clube Jazz Café, de Londres, e o lançamento do CD "Bossa Nova Meets Drum & Bass". Mas eu permanecia desconhecida nos EUA, nunca havia sido sequer citada pelas revistas de lá. Até que o selo Milestone me ofereceu um contrato e lançamos o "Serenade in Blue" que me abriu as portas do mercado norte-americano em 2000, porque tinha várias músicas cantadas em inglês que tocaram muito nas rádios. Desde então os EUA se tornaram minha base artística.

PIT - Quais são as suas cantoras ou cantores prediletos? (no Brasil e no mundo)
IK - Além dos que eu já citei, ouço muito Shirley Horn, Betty Carter, Diana Krall, Cassandra Wilson, Chaka Khan. Mas aprendo muito ouvindo instrumentistas, principalmente guitarristas e trompetistas, que influenciaram meu fraseado. Sem falar que minha divisão rítmica foi totalmente desenvolvida a partir do que aprendi ouvindo Dom Um Romão, Airto Moreira, Billy Cobham e Steve Gadd.

PIT - Você foi eleita a terceira melhor cantora de jazz no mundo pela revista DownBeat. Como é estar ao lado de Norah Jones, Jane Monheit, entre outras, sendo uma brasileira?
IK - Pelo segundo ano consecutivo, fui eleita a terceira melhor cantora na votação dos leitores da DownBeat em 2008 e 2009, atrás apenas de Diana Krall e Cassandra Wilson, que são imbatíveis. Mas desde o lançamento do "Serenade in Blue", em 2000, eu fico entre as dez melhores não apenas na DownBeat, como também em outras revistas na Europa e na Ásia. Claro que é uma grande honra e eu fico muito feliz. Mas comemoro somente no dia em que recebo a notícia. Depois trato logo de esquecer, porque não posso ficar me preocupando com prêmios. Não faço discos para agradar a crítica. Para mim, o importante é agradar a mim e ao público. Se a crítica gosta, ótimo. O novo CD, "Bim Bom", está sendo elogiadíssimo no exterior, foi destaque até no New York Times! Então é óbvio que isso me alegra. Mas não ocupa os meus pensamentos por muito tempo. Música não é competição, é criação. A Norah Jones e a Jane Monheit, por exemplo, sofreram muita pressão, fizeram discos ruins e perderam público. Em 2009 nem apareceram na lista da DownBeat.

PIT - Falando nisto, como você vê o público brasileiro? Você acredita ser mais internacional do que brasileira?
IK - Amo o público brasileiro e sou muito bem recebida aqui também. Acabei de fazer uma temporada de cinco semanas, em janeiro, no "Bar do Tom", no Rio, com casa lotada. Em abril estarei de volta para shows em Brasília, Curitiba e São Paulo. Porém, eu vejo o Brasil hoje em dia como uma parte do mundo. Fora a questão sentimental, é um país como qualquer outro. Sigo aquela máxima do Milton Nascimento: "o artista tem que ir aonde o povo está". No meu caso, o povo, que é o meu público, está no Brasil e também nos EUA, na Inglaterra, França, Alemanha, Finlândia, Japão, Coréia etc. Na terceira excursão européia que realizei em 2009, estive pela primeira vez em países como Sérvia e Bulgária, e fui tratada como rainha, participei de festivais de jazz fantásticos ao lado de nomes como Joe Lovano, Terence Blanchard, Kurt Elling e Anat Cohen, por sinal uma clarinetista israelense fantástica, sempre premiada na DownBeat, e que foi assistir o meu show em Belgrado. Mas ainda tenho muitos sonhos, claro. Entre eles, cantar em Israel e na Polônia.

PIT - Como é transitar pelo jazz e mpb, mas sendo considerada uma cantora de jazz?
IK - Aprendi com o Hermeto Pascoal que a música não tem fronteiras, ela é universal. Por isso tenho horror a rótulos, embora viva sendo rotulada. Este carimbo de "cantora de jazz" se espalhou pelo mundo, mas começou no Japão, porque achavam meu fraseado muito sofisticado para ser classificado como MPB. Mas eu canto todos os gêneros. Nos repertórios dos meus shows convivem Miles Davis, Michael Jackson, Lulu Santos, João Gilberto, Geraldo Vandré, e não fica aquela salada de cantora eclética, não. Porque todas as músicas são recriadas de acordo com a minha concepção estética, ganham a minha "cara". Os meus fãs não vão aos shows preocupados com o que irão ouvir. Eles sabem que tudo terá o "estilo Ithamara Koorax".

PIT - Você acredita que gravadora ainda é importante para um artista?
IK - Claro! Nem que seja apenas para cuidar da distribuição e promoção do disco.

PIT - Conte para nós um momento inesquecível.
IK - Foram vários... O dia em que fiz meu primeiro show como cantora profissional, em janeiro de 1990, no Rio Jazz Club. As gravações com Elizeth, Tom Jobim, Luiz Bonfá, Ron Carter e Sadao Watanabe. Os shows com Edu Lobo, João Donato e Hermeto Pascoal. Um concerto ao ar livre para quatro mil pessoas no Festival de Jazz de Seul, na Coréia, em 2006, em que fui ovacionada por uns cinco minutos, não me deixaram sair do palco e acabei cantando por quase duas horas. Os concertos com as orquestras sinfônicas Petrobrás e Jazz Sinfônica. Como diz o Roberto Carlos, "são tantas emoções"...(risos)

PIT - Ithamara, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
IK - A vida é um eterno aprendizado. Me sinto ainda uma iniciante, com fome de informação musical. E quanto mais eu aprendo, mais vejo que nada sei. E sigo procurando me aprimorar, desenvolver novas habilidades. Tudo isso num mundo sem fronteiras, como uma cidadã do universo com grande respeito por todos os povos. Esse é o grande barato da minha vida. Se quiserem saber mais, acessem meu blog http://www.ithamarakoorax.blogspot.com/







*colaboração Alexandre Aquino