quinta-feira, 24 de abril de 2008

Shalom!
Um empreendedor versátil e idealista cuja vida promete novos e surpreendentes capítulos!
No Papo em Comunidade de hoje: Ilan Gorin.

PIT - Olá Ilan! Advogado tributarista, contador. Em que momento você escolheu o que queria ser e por quê?
IG
- Na verdade eu fui estudar engenharia porque era bom em matemática e acabei passando no vestibular para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Fundão. Eu fazia engenharia de produção quando surgiu uma greve de três meses. Neste período, me interessei em fazer um cursinho de análise de balanço, à noite, na Fundação Getulio Vargas e tomei conhecimento que a Arthur Andersen, que era a maior firma de auditoria do mundo na época, estava recrutando pessoas sem um pré-requisito de formação. Um dos professores deste curso da FGV, chamado João Mauricio de Araujo Pinho, que é um advogado tributarista bastante conhecido, amigo do meu pai na ocasião e que sabia que meu pai trabalhava no ramo, sabendo que eu poderia de alguma forma me tornar sócio do meu pai, me incentivou a concorrer para a vaga na Arthur Andersen, e aí, entrando lá me identifiquei. Estava com 18 anos e fui o mais novo a integrar a equipe na história da empresa, naquele momento. Realmente me interessei mesmo pela área contábil. Só que, com um ano de Arthur Andersen, ficou constatado, nas promoções anuais que eles faziam, que eu tinha mais talento para parte tributária do que para auditoria pura. Então pedi minha transferência para a área de impostos, consegui esta transferência e daí pra frente estou cada vez mais apaixonado pela área tributária.


PIT - Falando em área tributária, esta é uma área que está em constante renovação. Tem que se atualizar sempre...
IG
- Ah é... Mas eu gosto, não fica monótono. Todo dia, umas duas horas por dia, eu gasto estudando legislação nova. É um esforço muito superior, em geral, às outras profissões que não têm esta dinâmica tão grande. Mas, em contrapartida, estou tão treinado a interpretar leis e ainda tenho toda a memória das legislações passadas, que esta atualização não se torna um exercício tão árduo.


PIT - A empresa em que você trabalha vem desde a época do seu pai. Qual a experiência que se adquire trabalhando em uma empresa familiar?
IG
- Depois de dois anos na Arthur Andersen eu saí para trabalhar na Gorin, isto foi muito bom porque entrei na empresa com certo know how e não simplesmente como o filho do fundador, que estaria começando sem entender de absolutamente nada. Mas mesmo assim, no inicio, fiz um rodízio pelas diversas funções da empresa, a pedido do meu pai, de tal forma que três anos depois eu estava apto e ao me tornar sócio em 88 já estava com minhas funções plenas no atendimento aos clientes da área de assessoria contábil, fiscal e trabalhista, que é o que a gente faz até hoje. Assim eu convivi com meu pai até o seu falecimento em 2000. Foram uns 15 anos de relacionamento societário com ele, o que foi muito proveitoso para nós, mas observando os clientes e as empresas amigas, verifico que a sucessão é algo extremamente complexo e que tem que ser muito bem gerenciada, até por profissionais, para que os conflitos familiares não atrapalhem o andamento da empresa. A minha história, que também teve dificuldades, mas no geral foi uma história de sucesso com meu pai, é algo raríssimo, e até acho que se o relacionamento entre pais e filhos não é tão maravilhoso assim, os pais deveriam incentivar os filhos a seguirem outras carreiras, pois do contrário a empresa pode não ter um bom andamento e aí os sonhos tanto da geração antiga quanto da nova vão por água abaixo. É um assunto bem delicado.

PIT - Seus filhos vão seguir o mesmo caminho?
IG
- Em relação aos meus filhos eu tenho esta dúvida também. Não se deve colocar como primeira meta os filhos trabalharem com os pais, isto tem que vir naturalmente, porque pode haver grande frustração de ambas as partes. No caso dos meus filhos, apesar deles não concordarem muito, eu os deixo muito a vontade. A primeira, a princípio, já saiu do circuito, porque optou por psicologia. Na véspera do vestibular da PUC, trocou o direito por psicologia. Se optasse por direito teria maior chance de compartilhar comigo um trabalho futuro e tal. Então, a gente não é dono do destino mesmo, mas eu ainda tenho outros dois filhos e vamos ver no que vai dar, mas tem que ser bem natural para não haver nenhuma espécie de decepção e até brigas familiares.

PIT - Existe uma máxima de que os pais constroem, os filhos usufruem e os netos destroem... Você concorda?
IG
- Esta máxima realmente acontece se a gente forçar a barra. Acho que mais vale a passagem da expertise nos negócios, da cultura empresarial, do que propriamente do seu negócio, até porque o mundo está tão dinâmico que muitos negócios deixam de ser interessantes. As pessoas não devem engessar o raciocínio em cima do negócio atual no que se refere à carreira dos filhos.


PIT - Sobre a Gorin Auditoria Fiscal e Contábil, quais os serviços oferecidos?
A Gorin tem um pacote que envolve diversos serviços para médias empresas, principalmente no eixo Rio-São Paulo, mais no Rio do que em São Paulo. Este pacote envolve planejamento fiscal, que é um lado muito forte nosso; atendimento a fiscalizações, que é um trabalho complexo, mas necessário, que depende também de uma expertise; e orientação permanente na área contábil, fiscal e trabalhista para os clientes. Orientação e revisão do que a equipe interna desenvolve no estabelecimento da empresa. Este trabalho gera tanto segurança fiscal, por estar seguindo a legislação com as interpretações mais adequadas, sem erros eventuais, como economias fiscais, fruto de determinadas criatividades legais que a gente adota nas empresas.

PIT - Em época de entrega de imposto de renda você tem alguma dica para dar?
IG
- O imposto de renda de pessoa física não é nem nossa especialidade maior, a gente se dedica mais às empresas. Mas no caso da pessoa física a orientação mais forte que eu posso dar, já que as regras não têm mudado com freqüência, é o contribuinte ter o cuidado de simular os cálculos dele, principalmente se ele for casado, entre as diversas modalidades de declaração: completa, simplificada, declarando em conjunto com a esposa ou com o marido ou separado. Praticamente há quatro simulações a fazer e que, em geral, dão resultados bem diferentes e, só fazendo estas simulações, as pessoas podem optar pelo caminho mais econômico. Esta seria a recomendação prática para agora.


PIT - Em 2007 você lançou o livro “Sem Medo de Saber”, uma forma de homenagear seu pai, vitima do câncer, e conscientizar as pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce da doença. Quando você realmente decidiu escrever o livro?
IG
- Não me lembro muito bem. Acho mais provável que tenha sido durante o tratamento do papai. Ele descobriu, depois de uma cirurgia, que tinha câncer espalhado pelos dois pulmões num estágio incurável. Os exames com imagens não definiam a situação e nesta cirurgia simplesmente se constatou que não tinha nada a se fazer de definitivo em busca da cura, apenas o tratamento de prolongação da vida através de quimioterapia. Desde aquele momento eu criei uma revolta dentro de mim em relação à forma com que a medicina interage com o público no que se refere à certa passividade quanto ao câncer. Como uma doença silenciosa, o câncer deve ter um diagnóstico precoce através de exames preventivos, não pode ser tratado da mesma forma que as outras doenças. E este meu sentimento eu consegui, com muita dificuldade, transformar no livro.

PIT - Que tipo de dificuldade você teve? Como foi a experiência de escrever um livro com um tema tão delicado?
IG
– As pessoas que passam por esta experiência sabem da importância do diagnóstico precoce. Talvez não saibam como alcançar o protocolo ideal deste diagnóstico, mas sabem a importância. Eu tive muita dificuldade em transmitir a experiência e a técnica do diagnóstico precoce. A cultura do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa é, infelizmente, por vários motivos, ainda de tratar o câncer da mesma maneira que tratam as doenças não silenciosas ou as doenças que em geral costumam alcançar a cura depois do aparecimento dos sintomas. Isto dificultou o meu trabalho, tanto que demorei dois anos para fazer o livro porque fui obrigado a mandar uma equipe para o Japão que, ao lado de Taiwan e Coréia do Sul, de fato fazem exames preventivos dos mais sofisticados em pessoas assintomáticas. Tivemos a sorte de entrevistar os dois maiores especialistas do Japão e do mundo nesta matéria, enriquecendo o conteúdo do livro.
A minha experiência ao escrever o livro foi muito boa porque eu pude diminuir a minha revolta e exercer o amor pelo meu pai. E assim transmitir esta idéia para outras pessoas, que poderão evitar o que aconteceu comigo. Que foi a perda precoce do meu pai que descobriu que tinha um câncer sem cura aos 54 anos e veio a falecer com quase 60.


PIT – O Brasil está encarando o diagnóstico do câncer de forma equivocada?
IG
– O problema não é a questão do Brasil. No mundo inteiro existe uma disputa de quem tem razão no sentido da validade do diagnóstico precoce. Estes países que comentei são partidários do diagnóstico precoce e os seus especialistas defendem esta tese baseados em artigos internacionais já publicados em revistas conceituadas. Médicos americanos e europeus tentam publicar artigos contrários a esta tese e aí fica uma discussão internacional que vai durar muito tempo. Mas a minha avaliação de leigo é que os artigos dos japoneses são bem mais embasados do que aqueles que foram escritos contra eles.


PIT - O livro conta com vários depoimentos de pessoas públicas que tiveram câncer, algum depoimento te marcou mais? Por quê?
IG
- Foram entrevistadas 40 pessoas, na sua maior parte famosas, sobre as experiências que elas ou parentes passaram, com final feliz ou não. No caso, 1/3 dos entrevistados obtiveram a cura e os outros 2/3 são parentes comentando a experiência e toda a questão psicológica do diagnóstico, da descoberta, do tratamento e posteriormente do falecimento. Com exceção do Raul Cortez, que fez seu relato ainda em vida e posteriormente veio a falecer. Acho que todos são especiais, prefiro não fazer um destaque maior porque cada um deles tem uma lição de vida, todos são muito importantes de serem lidos. Todos os depoimentos foram profundos e verdadeiros.


PIT - O diagnóstico precoce requer exames que não são acessíveis à grande maioria das pessoas e os planos de saúde não cobrem. Você acredita que isto mude algum dia no Brasil? Política e economicamente falando, é mais viável deixar as pessoas descobrirem a doença em um estágio avançado ou incentivar a descoberta a tempo?
IG -
Eu particularmente acho que se eu fosse contratado como consultor de um plano de saúde, um matemático, eu diria que realmente fazer um exame preventivo é mais caro do que tratar os casos, que é o que eles seguem até hoje. Só que tem que haver uma força maior do que o poder econômico dos planos de saúde e a dificuldade financeira dos estados. Tem que haver uma conscientização maior e a opinião pública forçar a modificação deste raciocínio, de tal forma que, como a vida é fundamental, tem que dar prioridade a ela. O câncer é o maior fator de morte no Brasil ou só perde, talvez, para acidentes de trânsito e casos coronarianos, mas são de qualquer maneira 200 mil mortes por ano no Brasil e milhões no mundo. Portanto, acho que deveria haver um movimento político a favor desta situação, deixando de lado os interesses econômicos dos planos e as dificuldades financeiras dos países em desenvolvimento. Torço para que isto aconteça um dia.


PIT - Você pretende escrever mais livros?
IG
- Sim, porque sou meio idealista e tenho outras lutas que gostaria de empreender a partir de várias ações, dentre as quais escrever livros. Tenho duas situações em mente e pretendo futuramente dar início a tais projetos.


PIT - Já que você falou em projeto, algum em vista?
IG
- Como falei, tenho projetos. Escrever mais livros está entre eles. Um dos livros, eu prefiro não comentar por enquanto. Mas o outro será, talvez, o meu maior projeto daqui pra frente. Quero me dedicar ao tema que eu acho que seria a solução dos principais problemas mundiais e locais que é o controle da natalidade. Pretendo me aprofundar bastante sobre este item, escrever um livro sobre este assunto com histórias internacionais sobre o que foi feito até hoje e acredito piamente que este trabalho pode gerar frutos positivos para as pessoas.


PIT – Ilan, muito obrigada por participar do Papo em Comunidade!
IG -
Eu que agradeço!

quinta-feira, 17 de abril de 2008




Shalom!
Ele é o responsável por trazer o Krav Magá, defesa pessoal israelense, para o Brasil.
Entre uma aula e outra, bati um papo com Kobi Lichtenstein, o Mestre Kobi!
Kidá! *

PIT– Mestre Kobi, o Krav Magá está completando 18 anos no Brasil. Como foi o início? Conte como foi trazer o Krav Magá para o Brasil...
MK - Trazer o Krav Magá para cá foi trazer uma nova cultura, um novo caminho de pensamento. No início foi difícil a aceitação das pessoas, até para falar Krav Magá era complicado, as técnicas foram fáceis de ensinar, mas o pensamento e a cultura, não. Mas, mesmo com todas as dificuldades que qualquer pioneiro tem, o Krav Magá foi se estruturando aos poucos, degrau por degrau e cada vez mais se solidifica. O número 18 na religião judaica é um número muito importante: significa Vida, em hebraico Chai. A letra iud equivale ao numero 10 e o het ao 8. Os 18 anos eram para ser comemorados com muita ênfase, mas decidimos esperar mais dois para celebrar os 20 anos de Krav Magá no Brasil, juntamente com o centenário do criador do Krav Magá Imi Lichtenfeld (Z"L). Será um gigante passo na divulgação do Krav Magá no país.

PIT - Atualmente o KM tem mais de 40 instrutores formados e está presente em 10 estados tudo sob a sua supervisão. Como é controlar e manter a qualidade de instrutores, cursos, etc?
MK -
A gente tenta imitar fielmente as nossas aulas e todo nosso trabalho como fez Imi, o criador do Krav Magá. Ele sempre enfatizou dois pontos principais: primeiro: ser educador é levar o povo no caminho certo e o segundo, se importar com a qualidade do nosso trabalho. Muito importante para mim, que no Brasil, longe do país de origem, a qualidade seja guardada da mesma forma que o criador fez e ensinou. Por isto, faço controle sobre meus instrutores de forma muito rígida, não importa se eles estão a milhares de quilômetros da matriz, que é no Rio de Janeiro, mas temos um contato constante, supervisionando cada ato e passo que eles fazem. Me preocupa se as aulas deles serão exatamente iguais a minha, para que o resultado do ensino não seja afetado. Em reconhecimento a isto já ganhei 6 prêmios de qualidade chancelados por entidades de reconhecimento governamental.

PIT - Você tem relatos de alunos que já tiveram que usar o Krav magá em alguma situação? Como se saíram?
MK -
Muitos dos meus alunos em vários estados do Brasil já precisaram fazer uso do que aprenderam em nossas aulas em algumas situações, em todos os casos os resultados foram sucesso. Como sempre digo, o Krav magá é simples, rápido e objetivo e traz respostas para qualquer tipo de agressão. Depois de algum tempo de treino a reação vira instintiva e totalmente segura.

PIT - Como foi treinar com o criador do KM Imi Lichtenfeld (Z"L)? Como você se sente difundindo os ensinamentos dele?
MK
- Imi foi uma pessoa diferente, cada palavra que ele dizia, se você realmente conseguisse entender, era uma palavra de sabedoria. Imi não ensinava simplesmente uma técnica, mas por trás de cada movimento tinha uma sabedoria. Quando se está no lugar de alguém com o nível de grandeza do Imi, você sente que falta algo, que não se consegue chegar ao nível dele, é um constante desafio tentar chegar a perfeição que as aulas dele foram.

PIT - O que o Krav Magá deixa de legado em quem pratica? Auto confiança? Força de Vontade?
MK - Não falo sobre os que fazem poucas aulas, e sim, naqueles que tem alguma experiência, graduação. O Krav Magá mostra para eles um novo caminho de vida, eles não são os mesmos de antes de praticar o Krav Magá. Eles olham para a realidade da vida diferente, entendem e sentem as coisas diferentes. Entram num caminho de vida mais objetivo, mais prático e usam alternativas mais simples nas coisas mais difíceis, procuram simplificar e não dificultar, tem coragem para seguir os caminhos da vida sem medo de mudanças.


PIT - O que você diria para quem ainda não pratica o Krav magá?
MK - Eu diria para entrar no nosso site www.kravmaga.com.br escolher uma academia, conferir nossas aulas e descobrir como a vida pode ser diferente!


PIT - Você tem a sensação de dever cumprido? O que falta fazer ainda?
MK - A gente sempre tem algo para fazer. O próximo passo é realizar a festa de 20 anos do Krav magá no Brasil e conseguir ensinar Krav Magá para 4 bilhões de pessoas!


PIT – Durante este tempo você passou por alguma situação embaraçosa ou divertida que possa nos contar?
MK - Bom, aconteceu uma situçao, assim que cheguei ao Brasil. Estava dentro de um ônibus e um sujeito encostou uma arma na minha cabeça. Não entendi nada, eu ainda nem sabia falar português direito, e em Israel, quem aponta uma arma é para atirar. Enfim, desarmei o cara e só por estarmos aqui agora falando já mostra que foi sucesso.


PIT - Qual o seu maior sonho?

MK - Ver todos aqueles que precisam se defender prontos para a guerra!

PIT - Você escreveu alguns livros. O que te levou a escrevê-los?
MK -
Eu lancei 3 livros. O primeiro teve como objetivo levar a filosofia e o caminho do Krav Magá para aqueles que já tinham algum conhecimento. O segundo é um livro mais especializado, feito pela necessidade de dar um manual para aqueles que aprenderam e precisaram relembrar as técnicas em nível de segurança. Já o terceiro, "Krav Magá A Filosofia do Exército Israelense", por ser o Krav Magá já bastante conhecido, ele foi feito a pedidos, para aqueles que não tem condições de chegar até uma academia,
poderem ter contato com as técnicas. Este é o mais completo dos três, tem mais de 700 fotos e várias páginas sobre o criador, a origem, a filosofia, enfim, a parte acadêmica do Krav Magá.

PIT - Você pretende escrever mais livros?
MK - Sim, com certeza. Já tenho o projeto, mas prefiro não falar sobre ele agora. O que posso adiantar que vai ser diferente de tudo e vai surpreender! Aguardem!

PIT - Muito Obrigada por tê-lo aqui. Este Espaço é seu!
MK - Obrigado Eu! Gostaria de dizer para quem quiser saber mais sobre o Krav Magá e o que será a festa comemorativa dos 20 anos que acesse os sites
www.kravmaga.com.br e www.kravmaga2010.com


* Kidá é a reverência que se faz no Krav Magá.



quinta-feira, 10 de abril de 2008


Shalom!

O Papo em Comunidade de hoje traz um jovem jornalista, que já tem muito o que contar! Diretamente de São Paulo: Jairo Roizen!

PIT - Olá Jairo, muito bom ter você aqui no Papo em Comunidade!
JR - Eu que agradeço este convite de poder bater um papo com os internautas através do seu blog.

PIT - Como começou sua trajetória no jornalismo?
JR - Minha trajetória no jornalismo, acho que começou quando eu tinha uns 14 ou 15 anos, e aprendi a gostar de ler os cadernos de esportes dos jornais para saber notícias sobre o melhor time do mundo, o Corinthians é claro. Assim, consequentemente, veio a paixão pelo jornalismo, pela notícia. Mas profissionalmente, tudo começou em 2002, quando eu ainda estava no primeiro ano da faculdade de Comunicação da PUC, sem muita noção de o que fazer da vida, e fui convidado pelo diretor da Revista Semana Judaica (atualmente Revista Shalom), Nessim Hamaoui, para ser repórter. Não tinha nenhuma experiência, não sabia escrever jornalisticamente, não sabia tirar fotos; entrei para aprender e passei 6 meses muito produtivos lá, que me fizeram ter a certeza de que o jornalismo era o meu caminho. Costumo dizer que se não fosse o Nessim talvez hoje eu estivesse em outro ramo da comunicação, ou de outra profissão. Por isso até hoje tenho muito prazer em escrever para as publicações dele, afinal, é sempre bom estar em nossa casa, no lugar que nos abriu as portas.

PIT - Você também se enveredou pelos caminhos da assessoria de imprensa e ainda por cima da ex prefeita de São Paulo Marta Suplicy! Como foi esta experiência?
JR - Esta foi uma experiência sensacional, principalmente pelo fato de que eu sempre fui conhecido por posições políticas não muito alinhadas com as posições do PT. De repente, em novembro de 2002, me vejo sentado em uma mesa da secretaria de comunicação do município como membro da assessoria direta da prefeita Marta Suplicy, um dos maiores nomes do PT em São Paulo. Foi um aprendizado maravilhoso, conheci cada pedacinho desta cidade, fiquei sabendo de problemas que as pessoas enfrentam diariamente para pegarem um ônibus, comer, viver. Coisas que eu nem imaginava que existiam. Fui em bairros pobres, como Ermelino Matarazzo, onde vi crianças com o olho roxo, pois tinham apanhado dos pais. Vi a miséria. Isso tudo me fez aprender a dar mais valor a vida, mudar algumas posições políticas, enxergar o mundo e a cidade onde vivo, de uma maneira responsável. Além disso, teve o convívio com a prefeita Marta, que apesar de aparentar ser uma pessoa com “nariz empinado”, pude parecer que ela é muito boa, moderna, com ideais fortes e com garra. Claro que algumas vezes ela errou na sua gestão, mas ela acertou bastante, principalmente com a população mais carente de São Paulo. Eu não era petista, e nem me tornei após os quase 3 anos de prefeitura, mas passei a entender e respeitar mais as posições daquele partido. Guardo com muito carinho este período, e digo que foi uma honra trabalhar para a prefeita Marta Suplicy, uma experiência sem igual.

PIT - Você é apresentador do Shalom Brasil, um programa voltado para a comunidade judaica paulistana. Como você chegou lá? Qual a entrevista ou matéria que mais te marcou? Por quê?
JR - Logo depois de ter saído da prefeitura, o Marcel e a Tânia Hollender me convidaram para trabalhar no Shalom Brasil, durante 2 anos fui repórter, e há exatamente 1 ano me tornei o âncora do programa. Fiz algumas matérias sensacionais, como por exemplo, a cobertura da Macabiada 2005 em Israel. Acho que consegui transmitir na reportagem toda emoção que as pessoas que ali estavam também sentiram. Recebemos na redação alguns e-mails de telespectadores dizendo que se emocionaram com a série de reportagens e que sentiram-se mais perto de Israel. Teve outras matérias, como a cobertura da visita do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao Estado de Israel; o Show da Sarit Haddad (que eu sou fã) e a Marcha da Vida Regional. Mas uma das matérias que marcou mesmo foi sobre os judeus pobres. Acho que passei alguns dias sem dormir, pensando como eu ia fazer para mostrar a história daquelas pessoas, sem tirar a dignidade delas. Confesso que quando assisti a reportagem na televisão, eu estava sozinho, trancado no meu quarto e chorei. Passei aquele final de semana pensando que eu não deveria ter feito aquela reportagem, que o jornalismo tinha limites. Mas na segunda-feira, a repercussão e a ligação de uma das diretoras da Unibes, Anita Schuartz (que eu admiro), dizendo que a matéria foi digna, me tranqüilizaram. Até hoje não sei se eu deveria ter feito, mas sei que como jornalista, cumpri o meu papel.

PIT - Atualmente você também é assessor executivo de comunicação da FISESP (Federação Israelita do Estado de São Paulo). Como é trabalhar numa comunidade tão expressiva e quais os maiores desafios?
JR - Trabalhar para comunidade judaica, na Federação, é a realização de um sonho. A comunidade judaica sempre me deu muito; valores, educação, ideais, sionismo e caráter. Trabalhando na Federação, sinto que posso dar a minha modesta contribuição e tentar retribuir por tudo que a comunidade judaica já me deu. Eu fazia parte do conselho deliberativo, e em abril de 2007 fui convidado pelo Ricardo Berkiensztat, que recém tinha assumido a vice-presidência executiva, para fazer parte do time de profissionais da Federação. Com a entrada também do novo presidente Boris Ber, começamos a fazer uma “revolução” na comunicação, que é uma das áreas mais importantes da entidade. Reformulamos o site (www.fisesp.org.br), os informativos semanais, estamos mais próximos da entidades, acompanhando os encontros políticos, monitorando as notícias e contamos com uma assessoria de imprensa forte. O nosso maior desafio é encarar de frente a guerra da comunicação, guerra esta que estamos perdendo através da desinformação e manipulação dos fatos reais. Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo. O terrorismo e seus patrocinadores utilizam da manipulação de fatos reais e históricos para atingir seu principal objetivo; a destruição de valores democráticos e justos do judaísmo. Temos que reverter este jogo e mostrar para o mundo todo o que os judeus realmente fazem para a humanidade, mostrar a nossa justiça social, mostrar aquilo que uma campanha da Federação de alguns anos atrás tentou, que judaísmo faz bem e faz o bem. Me identifico muito com o Ricardo Berkiensztat, e o bom andamento do meu trabalho tem sido possível graças a confiança que Boris Ber e ele depositam em mim. Não posso deixar de falar também de pessoas como Alberto Milkewitz, Liane Zaidler, Marcia Winnig e Marcelo Secemski que desde o começo estão me ajudando e ensinando os caminhos para fazer meu trabalho funcionar.

PIT - Com tantas ocupações você está prestes a lançar um novo programa de TV. Como será este programa, como surgiu a idéia? Vai ser voltado para a comunidade judaica também?
JR - O programa é o Falando Nisso, um "talk show" semanal, apresentado por mim e produzido pela Tama Vídeo, a mesma produtora que faz o Shalom Brasil. O programa estréia dia 14 de abril e trará muita informação e utilidade pública. Além de "jornalismo com jeito de conversa", o Falando Nisso abordará, num formato descontraído, os mais diversos e relevantes assuntos do cotidiano. A idéia surgiu em um bate-papo com o Marcel Hollender, e junto com a equipe da Tama Vídeo, resolvemos encarar mais este desafio. O programa não é voltado para comunidade judaica, é para todos, mas é claro que a comunidade vai ter seu espaço, vamos tentar trazer sempre judeus de destaque. Inclusive, o programa de estréia terá a participação do sociólogo Florano Pesaro, que é judeu e foi secretário municipal de assistência e desenvolvimento social. O programa será transmitido pela TV ABERTA/SP - Canais: 9 NET / 72 TVA / 186 TVA DIGITAL - Segunda das 22:00 às 22:30 e também através do site: www.falandonisso.net

PIT - O que falta ainda fazer? Qual o maior sonho do Jairo?
JR - Falta muito, ainda sou jovem (26 anos) e quero realizar muitas coisas. Sonho em cada vez mais aprimorar meu trabalho na Federação, fazer o Shalom Brasil e o Falando Nisso crescerem. Sonho em poder um dia participar da cobertura do carnaval (que é uma das minhas paixões) em alguma emissora de TV e escrever um livro sobre o perfil da comunidade judaica. Mas o meu sonho verdadeiro, eu conquisto dia-a-dia, que é a alegria dos meus pais, Rosa Helena e Manuel. Ver o sorriso deles e saber que eles se orgulham de cada passo que eu dou é o meu maior incentivo, é a minha maior recompensa. Sonho em poder continuar proporcionando esta alegria por muitos e muitos anos.

PIT - O que você diria para quem quer ser jornalista?
JR - Vou parafrasear algo que li no início de minha carreira, e que tento seguir como lema: “Leia muito; escreva e reescreva sempre; jamais fique satisfeito com o que fez; desconfie de tudo que lhe contem; seja o primeiro a chegar na redação ou no ambiente de trabalho, se possível,o último a sair. Se não estiver disposto a seguir estas regras, vá procurar outro trabalho”.

PIT - Jairo, muito obrigada por seu bate-papo e deixe aqui o seu recado!
JR - Muito obrigado pelo bate-papo e pela força, e antes de encerrar gostaria de lembrar que este ano Israel completa 60 anos, e que é muito importante que todos participem desta comemoração, que expressem o seu orgulho em ser judeu e seu amor pelo Estado de Israel – AM ISRAEL CHAI!. Quem quiser continuar esta conversa é só me mandar um e-mail: jroizen@globo.com, ou me procurar no orkut, pelo nome: Jairo Roizen. Podem também acompanhar meu trabalho através dos sites: www.fisesp.org.br, www.falandonisso.net, shalombrasil@shalombrasil.com.br.