quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


Você ja ouviu falar em Cli Le Shalom? Que tal dar mais atenção ao ambiente que o cerca?

O Papo de hoje é com a consultora ambiental Sandra Strauss.

Shalom!


PIT - Olá Sandra! Um prazer tê-la aqui no Papo em Comunidade!

SS - Olá Patricia, o prazer é todo meu! E gostaria de agradecer a oportunidade de estar nesse espaço, pois faz tempo que admiro você e o seu trabalho!


PIT - Para começar gostaria que você contasse um pouquinho de você, sua formação...

SS - Morei 5 anos em Israel onde fiz a formação em Biotecnologia pela Escola de Engenharia Operacional Nesher (que pertence ao Technion). Trabalho como consultora ambiental, pratico esporte, meditação, estudo, rezo, cuido do filho e do marido.


PIT - Você trabalha com harmonização de ambientes através da Cabala. Em que consiste?

SS - Consiste em uma programação no fluxo vital do ambiente, com cálculos baseados na Árvore da Vida que é um diagrama cabalista.


PIT - Desde quando você faz este tipo de trabalho?

SS - Comecei em 2000 a estudar Feng Shui pela Sociedade Brasileira e Latino-Americana de Feng Shui e pelo Hospital Escola São Francisco de Assis (apoio da UFRJ e CREA). Busquei também a Radiestesia e a Geobiologia (ciência e técnica, multidisciplinar, que visa dar à edificação ao máximo de eficácia em termos de bem estar, saúde e economia, buscando criar ambientes saudáveis e harmoniosos). Mas somente em 2004, após começar a estudar Cabalá, comecei a aplicar todo esse conhecimento.


PIT - Como surgiu seu interesse por esta técnica?

SS - Voltando ao Brasil para o apartamento onde eu moro desde 1999, me deparei com tantos problemas em relação a aquele lugar e a dinâmica que acontecia naquele local. A obra não terminava por todos os motivos, havia uma energia de falência de todos que estavam envolvidos com aquele ambiente e para eu realmente confirmar que havia algo muito complicado meu marido adoeceu. Foi então que eu fui procurar a “Medicina do Habitat”.


PIT - Para que casos são indicados a harmonização? Quais os benefícios?

SS - Para todos que desejam “re-programar” o seu receptor em diversas áreas da vida. A indicação vai para casos como pessoas que sentem: “tem alguma coisa emperrada aqui”, pessoas que levam seus projetos até quase o final, porém, não concretizam, pessoas que adoecem com facilidade ou com doenças crônicas, que se sentem sem energia, crianças ou adultos com falta de concentração, desarmonia em geral. Enfim, os motivos são inumeráveis!


PIT - Em quanto tempo é feito?

SS - Depende do caso, a harmonização pode começar junto ao primeiro layout de uma construção e aí existe todo um acompanhamento, como após um primeiro encontro com uma família que deseja resolver uma questão e aí a aplicação é feita em até 28 dias.


PIT - Você tem alguma historia de sucesso que possa contar?

SS - Várias!!!! O trabalho é lindo e os resultados existem!!! O filho após o término da faculdade não conseguia emprego e estava bastante desinteressado. Passava seus dias no quarto sem perspectivas. A casa acumulava no setor de Biná (Olam HaBriá) onde o fluxo ganha uma energia de criação e saúde, tudo que não se utilizava mais da família inteira, inclusive de pessoas que não moravam mais ali. Existia também um espelho que refletia o setor de Keter onde o fluxo recebe a nutrição. Após a aplicação e a conscientização da dinâmica que acontecia nesse ambiente o filho recebeu duas propostas de trabalho (onde pode fazer sua própria escolha), casou e mudou. Houve uma ótima transformação!


PIT - Qual a diferença entre a Harmonização e o Feng Shui?

SS - O nome dessa técnica de harmonização é Cli Le Shalom. Cli é recipiente e Shalom vem da raiz Leshalem (Pagar) e Leashlim (completar). Somente quando estamos sem dívidas, estamos completos, estamos em paz.

A diferença é que o Feng Shui se baseia no Taoísmo e o Cli Le Shalom na Cabala.


PIT - Existem muitos profissionais nesta área?

SS - Nosso primeiro congresso em São Paulo de consultores de Feng Shui, Radiestesistas e Geobiólogos teve a participação de 100 pessoas, não é muito, mas já forma um bom Minian.


PIT - Você tem alguma dica do que as pessoas podem ou não fazer em seus ambientes?

SS - O acúmulo e o excesso de objetos desnecessários causam obstruções.

Mantenha a casa limpa e fluida.

A espiritualidade nutre a fisicalidade.

Acenda as velas de Shabat e leia o Livro dos Salmos (Tehilim).

Já é um bom começo.


PIT - Muito obrigada por seus esclarecimentos e deixe aqui seu recado!

SS - A habitação e o habitante formam um conjunto indissociável em contínua interatividade.

Nossa casa, nosso local de trabalho, acabam sendo modelados pelos nossos programas mentais, emocionais e culturais.

O ambiente é algo vivo, é possível transformá-lo em um recipiente rico, saudável e luminoso sendo um lugar onde possamos amar, progredir e cresce.

Muito Obrigada!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008


Você já pensou em o que é ser judeu?

Leia este bate-papo com o Rabino Sergio Margulies e reflita sobre o assunto... Shalom!


Bem vindo ao Papo em Comunidade Rabino Sergio!

PIT - Como e quando surgiu seu interesse em ser rabino?

SM - Tive uma formação e educação marcada pelo envolvimento judaico. Em casa, na escola, no movimento juvenil e depois grupos jovens, sempre ‘respirei’ judaísmo. A casa de meus pais era cercada por livros que cobriam as várias facetas do conhecimento judaico. Logo após o meu bar mitsvá quis continuar a aprender mais. E assim fiz. De modo paralelo também almejei atuar mais na vida comunitária, e assim também fiz. A identificação com o futuro exercício rabínico já estava semeada. Depois foi o processo de consolidar esta busca através de uma formação adequada, o que me levou ao seminário rabínico, com estudos em Israel e nos Estados Unidos. Importante frisar que a ordenação rabínica requereu antes um estudo universitário.

PIT - Um rabino lida com a alegria do nascimento, a euforia do bar/bat mitsvá e do casamento e a tristeza da morte. Como é estar constantemente nesta oscilação de emoções?

SM - Há na Torá a descrição de um sonho do patriarca Jacob. Em seu sonho Jacob vê mensageiros divinos subindo e descendo por uma escada. Este sonho pode ser interpretado como a vida, com seus altos e baixos, momentos de plenitude e dificuldade, ocasiões em que há alegria e outras em que há tristeza. O importante é nunca estar sozinho. Aliás, é por isso que temos o minian – o grupo de dez pessoas que compõe a reza: para que ninguém fique sozinho. Que alegria haveria se esta não fosse compartilhada e diante da tristeza, quanta dor seria acrescida se não houvesse alguém ao lado. A missão de uma comunidade é estar sempre ao lado.


PIT - O judaísmo tem diversas vertentes. Como é ser rabino do judaísmo liberal?

SM - Quando estuda-se a Torá, abre-se um livro que contém diversas interpretações. Quando estuda-se o Talmud – coletânea de ensinamentos rabínicos – aprendemos distintas posições. Não importante de qual vertente o rabino é, todos utilizam estes livros em seus estudos, portanto, todos se abrem para o pluralismo e para a diversidade das idéias e das opiniões. O que mais me atrai no judaísmo liberal é o fato de enfatizar este caráter também inerente à trajetória judaica de pluralismo e diversidade. Uma diversidade que demonstra a riqueza de nossas fontes e de nossa tradição, uma diversidade que não se antepõe a unidade do povo, ao contrário, a reforça. Uma diversidade que nos permite a refletir sobre o mundo em constante mudança. Refletir e atuar.


PIT - Há quase 12 anos a frente da ARI (Associação Religiosa Israelita) qual o momento mais marcante durante este tempo?

SM - Os momentos de satisfação de estar com pessoas comprometidas com a continuidade judaica, os momentos em que mesmo no silêncio são escutadas palavras de apoio, os momentos em que ao buscar ensinar aprendendo, os momentos em que as alegrias trazem o senso de gratidão, os momentos em que da tristeza brota um desejo de reconstrução, os momentos em que a vida não é desperdiçada, pois é imbuída pelo senso de missão.


PIT - Qual o maior desafio para um rabino?

SM - Ao iniciar o curso rabínico eu achava que seria tocar o shofar. Mas a mitsvá não é tocar o shofar, e sim, como conforme, a própria bênção recitada ao toque do shofar ensina escutar o shofar. Assim, creio que é o maior desafio é ouvir todas as vozes, as vozes, os sons dos sonhos humanos que brotam em cada um que compõe a congregação.

Outro desafio é reconhecer para si e demonstrar para os outros que é um ser humano, não é um intermediário entre Deus e os Homens. O exercício de uma liderança deve ser feito com muita cautela, neste sentido. Assim, um desafio seria: ensinar para que os aprendizes questionem o que é ensinado mantendo efetivo respeito pelo que é ensinado. Bem judaico, né?


PIT - O que é ser judeu?

SM - Sou judeu porque quando sinto uma incerteza, lembro dos passos percorridos pelos meus ancestrais. Como eles venceram seus desafios.

Sou judeu porque me conecto com uma história, faço parte de uma trajetória.

Sou judeu porque rompo a possibilidade de me sentir isolado.

Sou judeu porque na minha condição não há margem para solidão.

Só solidariedade.

Sou judeu porque me responsabilizo pelo destino de minha comunidade e de minha congregação.

Sou judeu porque me preocupo com os não judeus. Como judeu acredito que a dimensão humana não pode ser subjugada a interesses particulares.

Sou judeu porque canto. Canto o canto milenar. Porque no meu canto, resgato a tradição ancestral e a remeto para uma esperança futura.

Sou judeu porque preservo o passado. E sou judeu porque acredito no futuro.

Acredito no futuro, não importa, o quão caótico seja o presente.

Sou judeu porque acredito no potencial de transformação.

Sou judeu porque é o que sou.

Mesmo que não houvesse um porquê.


PIT - O que você, como rabino, diria para quem está afastado do judaísmo?

SM - Venha. Há um tesouro que pertence a você. Venha descobrir.


PIT - Como você vê o judaísmo no Brasil?

SM - Com enormes e positivos desafios de participar da construção de nossa sociedade, buscando os ideais de justiça social tão caros ao judaísmo mantendo, ao mesmo tempo a nossa particularidade. Há, sem dúvida, o medo da assimilação, de perda dos vínculos comunitários. Mas esta preocupação não é exclusiva do Brasil, pois em todo mundo prevalece o individualismo e o aspecto comunitário é enfraquecido. Assim, é necessário sempre rever os mecanismos de atuação instituição. O materialismo talvez, num primeiro estágio leva ao afastamento da vida espiritual, mas num segundo estágio, quando se percebe o vazio que o excessivo materialismo provoca, há uma busca pela espiritualidade. É importante sabermos responder a esta busca, não somente satisfazendo a necessidade do que é buscado, pois aí também a religião se tornaria um produto de consumo, mas sim forjando através desta busca, os tecidos comunitários que se alimentam dos nossos valores e de nossas práticas religiosas.

PIT - O que falta ainda realizar?

SM - Tudo aquilo que comecei – pois a renovação é crucial e claro, também tudo aquilo que quis começar e não comecei e tudo aquilo que ainda vou descobrir querer começar.


PIT - Muito obrigada e se quiser complementar o espaço é seu!

SM - Parabéns por esta iniciativa de criar um espaço de divulgação de idéias, conceitos e de comunicação.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008


Ele ja foi palhaço, fez varias novelas, cinema, teatro e tem uma tv pela internet. O Papo de hoje é com um artista: Chharles Myara!


PIT - Olá Chharles! Muito bom ter você aqui!

CM - Obrigado Patricia. Parabéns pela sua iniciativa de produzir um canal de comunicação, boa sorte e conte com a TV Tová!


PIT - Conta para nós como começou sua carreira de ator?

CM - Começou com o prazer de brincar, de ser, ainda criança. Depois foi se formatando naturalmente.

PIT - Você tem um lado cômico forte. Você acha que o humor faz parte do DNA judaico?

CM - Isso é uma afirmação? Dizem que faz. Eu não sei. Será que o meu humor é judaico? Ou apenas humor?


PIT - Você já fez novela, minissérie, cinema e esteve recentemente em cartaz na peça A Mandrágora. Qual a sua preferência?

CM - A preferência é um bom trabalho em qualquer uma das mídias, sendo que no teatro a vibração energética é notoriamente maior.


PIT - O que te deixa mais realizado como ator?

CM - Um sucesso como A Mandrágora.


PIT - Você foi durante algum tempo o palhaço Bozo. Como foi esta experiência? Alguma situação engraçada que você possa nos contar?

CM - Uma grande experiência de sensações! Sim. Uma situação é engraçada para quem está vendo. Às vezes para quem está vivendo a situação, ela não tem a menor graça. Mas uma situação que eu achei engraçada foi quando num certo dia, dois minutos antes de entrar no ar, eu estava no set vestindo as luvas e colocando o nariz e a peruca, e por algum motivo que eu desconheço, o controle mestre da TVS (atual SBT) plugou no ar o estúdio sem avisar, o assistente do programa, conhecido como Bozolina, percebeu e me vendo pela tv que ficava no estúdio, de costas e sem peruca, instintivamente gritou pelo nome do personagem: Bozo? Eu me virei pra responder e me vi no ar sem a peruca do palhaço. Eu e todos que estavam sintonizados na estação. A situação foi engraçada, eu achei engraçado, mas a direção da casa...Não.


PIT - Você é o idealizador da TV Tová um canal judaico na internet. Como surgiu esta idéia? Quais as suas perspectivas?

CM - A idéia surgiu como outras. Porém algumas idéias me escravizam enquanto eu não as realizo. A Tv Tová é um dos exemplos. As perspectivas são maiores do que estão...


PIT - Além destas atividades você também trabalha com um teatro institucional. Conta um pouquinho deste trabalho...

CM - É um teatro dirigido às empresas. Roteirizamos e dramatizamos afim de alcançar um objetivo traçado. O teatro é uma boa ferramenta de conscientização.

PIT - O que você gostaria de realizar profissionalmente?

CM - Diversas obras no teatro, cinema, tv e internet.


PIT -Você tem algum projeto em vista que possa adiantar aqui no Papo?

CM - A TV TOVÁ vai ser mais aberta. Aguardem!


PIT - O que você falaria para quem quer começar a carreira de ator? Alguma dica?

CM - Boa Sorte! Dica? Várias! Desista enquanto é tempo. Se isso não acontecer, vai fundo então. Agora se ficar em cima do muro...tente se equilibrar. Não faça a barba para fazer um teste, sem antes saber qual o personagem que vai interpretar.

Desconfie dos elogios, eles podem ser verdadeiros.


PIT - Super obrigada, grande sucesso para você e deixe seu recado!

CM - Beijos e sucesso! E acessem www.tvtova.com.br

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008


Shalom! Passadas as folias momescas é hora de colocar o papo em dia..
Deliciem-se com a entrevista de Silene Balassiano, a atual presidente da Wizo Rio de Janeiro.

PIT - Olá Silene! Bem vinda ao Papo em Comunidade!

SB - Oi Patricia, bem bolado esse Papo em Comunidade. Eu que já adoro um papo e que também curto a minha comunidade fico super feliz com mais este canal a nos dar a oportunidade de falar sobre assuntos que nem sempre temos onde tratar, não é mesmo?


PIT - Bom saber! Vamos lá então! Você é atualmente a presidente da Wizo Rio de Janeiro. Mas antes disto, conte um pouquinho da sua formação...

SB - Digamos que a minha formação é esta mesmo COMUNICADORA! Em 74 diplomei-me em Bacharel em Comunicação pela Escola da Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na época era um curso recente, um novo caminho que estava sendo lançado aos que pretendiam o estudo superior. Foi uma paixão a primeira vista, porque preenchia assim como ainda preenche o grande ideal que até hoje conservo de que este poderia ser um caminho a permitir um maior encontro, um superar de diferenças entre todos os seres humanos do planeta.


PIT - Falando em Wizo, muitas pessoas não sabem o que é a Wizo e o que ela faz. Ou tem a idéia de varias senhoras fazendo reunião e tomando chazinho. Como você chegou a Wizo?

SB - Então Patricia, tendo um dia sido convidada a freqüentar um dos grupos da Wizo, observei que muita gente ou não sabia o que era a Wizo, ou tinha uma idéia errada sobre o porquê de ela existir. Assim que tomei conhecimento dos reais objetivos da instituição, digamos que eu literalmente, “me apaixonei”. Esta é uma grande causa, pensei comigo mesmo. E então não foi nada difícil convencer-me de que poderia ter um trajeto e uma meta em minha vida bastante interessante ao juntar estas duas paixões, a Comunicação e os ideais Wizo. Uma das definições mais engraçadas, que até hoje costumamos ouvir a respeito da Wizo é esta mesmo a que você se refere. O imaginário humano é fértil em estórias bizarras. Mas o meu papel não é o de criticar opiniões e sim o de tentar conduzir as pessoas a novos modos para sua percepção.

PIT - E o que é a Wizo?

SB - A Wizo tem suas raízes na Inglaterra de 1920 quando um grupo de mulheres jovens e judias entendeu que poderia incluir o gênero feminino em papéis até então designados aos homens. Acompanhando familiares a remota Palestina, observaram a chegada de levas inteiras de imigrantes judeus vindos da Rússia e outros países europeus que nesta localidade tentavam fixar residência, fugindo do anti-semitismo. Estas pessoas chegavam a um local totalmente diferente em solo, clima e demais condições aos que estavam acostumadas. Alguma coisa deveria ser feita para que sua absorção a nova terra fosse mais tranqüila. E esta coisa, terminou por ser a Wizo. Hoje a Wizo existe em 51 países do mundo e seu objetivo continua o mesmo: fazer com que cada mulher judia em cada local em que viva se sinta co-responsável pelo bem estar de seu próximo, do povo judeu e da sociedade israelense. Porque se formos analisar bem, o judaísmo não é uma religião estática: para que seja cumprido e isto em todas as suas vertentes, das mais remotas às mais recentes, ele solicita de cada ser humano, uma ação que não apresenta medidas nem extensões pré-determinadas. Quando se lê na Torah, “ama a teu próximo”, ali não está escrito onde o próximo deve exatamente estar, se a seu lado ou do outro lado da terra. Ali também não está escrito quem é o seu próximo? Logo, o que a entidade acima de tudo preconiza é a própria manutenção das bases e valores judaicos porque queiram ou não, somos definitivamente nós, as mulheres quem trazemos todos estes sentimentos e modos de ver a vida para dentro de nossos lares. É a mulher quem dá a vida, é ela quem dirige a casa, é ela quem cuida da educação sob todos os aspectos de seus filhos e de toda a sua família, não é mesmo?


PIT - Pois é.. as mulheres Wizo fazem acontecer...

Então, se existe algo sem fundamento é esta percepção de mulheres idosas em torno de uma mesa de chá. Não se pode considerar defasada ou antiquada uma proposta que induzia e induz a liberdade de ação à todas nós mulheres, e desde bem antes do direito de voto nos ser permitido. Na atualidade quando verificamos o importante e fundamental papel feminino nas mais variadas áreas a existência da Wizo torna-se fundamental para cada mulher judia. Porque nos dias de hoje, fora todos os papéis que sempre couberam as mulheres, muitas, em vários países do mundo tem assumido os que algum dia foram essencialmente fadados aos homens. Quantas neste momento e principalmente em países menos desenvolvidos como o Brasil assumem a responsabilidade financeira de um lar? Tenho certeza que inúmeras. Então, como entender antiquado, ou coisa de gente sem ter o que fazer um movimento cujas bases se encontram no livro mestre que rege a fé judaica? Seria o mesmo que, considerar a Torah, antiquada. Eu assim não a percebo, muito pelo contrário: sempre me causou surpresa à quantidade de avanços que ela contém, se consideramos a época em que foi codificada. E sempre foi para mim motivo de orgulho pertencer a um povo regido por um código que ainda é copiado e serve de base às mais diversas áreas do conhecimento humano de modo constante nas mais diversas civilizações da humanidade.

PIT - Você acabou de retornar do 24º Congresso da Wizo Mundial em Israel com uma significativa delegação brasileira. O que trouxe de novidade?

SB - Congressos sempre são oportunidades maravilhosas para aprofundar ideais e trazer novas idéias. Este então foi muito importante, pois, verificamos a presença de mais de mil mulheres vindas dos mais distantes países do mundo e que ali estavam unidas por uma mesma proposta. Este é um aspecto da Wizo que confirma sua contemporaneidade: mais de 50 federações no planeta e todas falando uma mesma linguagem! Pode haver maior exemplo de modernidade que esta explosão de globalização? A grande novidade foi a recente fundação da Wizo na Índia. Sua representante já compareceu a este congresso e o fato a todas alegrou, porque simbolizou a possibilidade de mantermos atuante o judaísmo e seus valores em mais uma comunidade na terra. Outro ponto em que podemos verificar novidades é o novo site da Wizo Mundial que é muito mais dinâmico que o anterior e também a recomendação de que cada federada realizasse investimentos para que esta área fosse cada vez mais disseminada entre o público feminino. Realizamos também eleições para importantes cargos como o executivo mundial, por exemplo, reelegendo nossa atual presidente, Helena Glaser para mais um período a frente da Organização. Deste modo ela e sua mesa terão possibilidades de realizar suas pretensões, pois quatro anos é pouco para que se consiga implantar novidades. A nível nacional teremos grandes novidades para este ano, pois celebramos os 60 anos da independência do Estado de Israel, logo uma serie de festividades, de eventos estão sendo organizados para comemorar a altura esta data tão significativa. Fora isso estamos formando novos grupos em diversos bairros do Estado, tentando sempre e cada vez mais incluir e deste modo capacitar as mulheres para nosso movimento e para o mundo lá fora. Temos observado uma sobrecarga de afazeres no gênero e é nosso papel proporcionar a possibilidade de um momento, de uma pausa para que seus desejos, suas vontades as mais íntimas não fiquem adormecidas.. Temos também planos para realização de alguns cursos, como de hebraico para principiantes, dança música. E nada impede que utilizemos o espaço de nossa sede para outros trabalhos: estamos sempre abertas às mais distintas solicitações de nossas ativistas e prontas para lhes atender na medida do possível.


PIT - Como é fazer trabalho voluntário?

Para mim é um importante ingrediente que torna a vida mais interessante. A vida de quem pratica e a de quem usufrui. Conhecer ambientes e condições distintas, travar contato com diferenças, superar estas mesmas diferenças, me fazem sentir mais completa. Assim como a Torah, a vida é dinâmica e não se pode dizer que realmente se tenha vivido sem ter passado por experiências sejam de que natureza forem positivas ou negativas. Se positivas, ótimo, e quando negativas de um modo ou de outro permitem um crescimento em todos os níveis, e uma grande e imensa possibilidade de rever algo que não ficou bem resolvido em todas nós. Estando sempre em movimento, nossa mente se amplia: aprendemos não só a ver como também a enxergar um mundo mais amplo, com mais e mais caminhos a serem percorridos. E a medida que os percorremos, vamos ficando tão capacitadas, que as distancias diminuem. Por outro lado, conquista-se algo que em poucas tarefas nos é permitido: a auto-estima, o respeito de nossos familiares e de nossos amigos. E também de toda uma comunidade. Não existe ser humano que ao longo de sua existência não sonhe com este tipo de conquista.


PIT - O que você diria para as mulheres judias que ainda não fazem parte da Wizo?

SB - Eu diria a elas que pelo menos deveriam se dar ao prazer de experimentar. Muitas das aventuras que não realizamos na vida ocorrem por receio, por medo, do que este ou aquele vão falar. Não deixem jamais isto acontecer! Permita-se! Não tema que algum de seus amigos a recrimine que a julgue uma boba porque em sua opinião você está se filiando a um grupo de idosas que toma chá às cinco da tarde, de dondocas que vão colocar os papos em dia!

Uma mulher na atualidade não precisa necessariamente absorver opiniões alheias. Mulheres modernas pensam com suas próprias cabeças! Venha se inscreva e tire as conclusões por si mesma. Temos todo o tempo do mundo para demonstrar a você que um engodo tem curta duração! Que uma Organização jamais poderia manter-se viva por quase um século, cada vez mais atuante, com voluntárias em mais de 50 países, cada vez mais importante para tantos, sem um sólido conteúdo! Tenho certeza absoluta que mais cedo do que imagina, você irá perceber que grande parte dos que opinam daquela maneira, foi por não ter tido a capacidade de experimentar, de tentar, e também de ousar! Jamais deixe isto acontecer! Nós as mulheres, não lutamos por nossa emancipação para ver tudo ir por água abaixo por conta de opiniões alheias.

PIT - O que você gostaria ainda de realizar?

SB - Minha gestão como Presidente Wizo Rio vai até meados de 2009. Até lá pretendo ainda realizar muitas coisas. Apenas preciso de mais ajudantes, pois não é uma tarefa fácil querer realizar e não contar com uma equipe executiva mais disponível. Embora o trabalho voluntário na atualidade demande uma seriedade e um compromisso diverso do realizado em outros tempos, pois qualquer passo que se queira dar envolve custos gastos orçamentos, e não podemos correr o risco de não sermos bem sucedidas, não podemos igualmente exigir das pessoas uma dedicação total à causa, pois como afirmei anteriormente o gênero feminino está muito sobrecarregado de atividades e demandas em seu dia a dia. Mesmo assim, temos conseguido realizar e também dar importantes passos em nossa Organização. Mas temos em mente arregimentar um maior número de simpatizantes, de novos sócios e de também ter a oportunidade de divulgar a um grupo cada vez maior as nossas propostas. Particularmente gostaria de ver realizar em minha gestão, um grande evento envolvendo crianças das escolas judaicas seus pais e avós. Gostaria também de realizar uma grande exposição tal como é feita pela Comunidade Maior por ocasião do Natal, em torno de uma de nossas grandes festas, Pessach ou Rosh Hashaná com mesas típicas decoradas por arquitetos da Comunidade, com stands vendendo artigos os mais diversos referentes à data, com um espaço para praça de alimentação, tenho a impressão que o evento tanto beneficiaria algum de nossos projetos quanto aos próprios participantes, e seria maravilhoso poder levar este carinho a tantas pessoas.


PIT -Algum projeto para 2008?

SB - Nosso maior projeto para 2008 será a modernização de um Centro Comunitário na cidade de Hadera que deverá deixar a marca da Wizo do Rio de Janeiro por ocasião das comemorações dos 60 anos de Israel. Nós todas, entendemos que a data era muito importante para que novas gerações não tivessem a oportunidade de demonstrar o seu carinho à altura. Fora isso, estamos também envolvidas na tarde em torno das comemorações do Dia Internacional da Mulher que ocorrerá em março e na celebração do 60º Yom Haatzmaut que vai ocorrer no dia 31 de maio com um show maravilhoso “Israel in Concert” na nova casa de espetáculos que foi inaugurada no ex-cinema Veneza. Temos então bastante trabalho á frente.


PIT -Muito obrigada por te-la aqui no Papo em Comunidade e deixe aqui suas considerações.

SB - Obrigada e quero finalizar com o seguinte: Em qualquer situação, procure ser a dona de seu nariz: opte pela direita, ou pela esquerda, avance ou recue, mas aja ciente e consciente de suas próprias vontades. E não se esqueça: o tempo é como um elástico! Pessoas muito ocupadas conseguem sempre uma brecha para aumentar o seu tempo útil, estão sempre prontas para receber o novo, o atual, ao passo que as que nada tem a fazer encaram como um grande problema a possibilidade de ter que sair da rotina, da mesmice. Acordar, ter um lar, uma família, um corpo e mente saudáveis merecem de cada uma de nós o agradecimento ao eterno por uma grande graça alcançada! Portanto, saboreie e multiplique esta maravilhosa sensação, dividindo com os que não tiveram as mesmas oportunidades. A vida vai ser sempre nova, interessante, e movimentada! E por fim: todos irão sobreviver se por conta de alguma destas novas atividades, você se atrasar um pouquinho para suas outras tarefas!