sexta-feira, 30 de abril de 2010

Shalom!
Ele é um jovem empreendedor que realiza seus trabalhos com muita diversão!
No Papo de hoje, o multimídia Bruno Levinson!

PIT - Olá Bruno, bem vindo ao Papo em Comunidade!
BL - Obrigada a voce Patricia, pelo convite.

PIT - Como você começou na área cultural?
BL - Acho que comecei bem cedo. Na escola eu sempre fui aquele que era sempre representante de turma, agitava as festas, passeios, jornalzinho, que brigava com a diretoria da escola. Com uns 11, 12 anos já escrevia poesias. Me lembro de ficar na sala no horário do recreio escrevendo poemas... E a poesia nunca me largou e nem eu a ela. A Poesia me levou para a produção cultural de forma mais profissional. Com 18 anos lancei meu primeiro livro e daí comecei a compor músicas com amigos. Na faculdade (jornalismo na PUC) a mesma coisa: Estava sempre no pilotis, no CA, agitando shows, festas, palestras... Nesta mesma época fiz parte do grupo “Pô,Ética” que era um coletivo de poetas, músicos, artistas plásticos. A gente se apresentava em tudo quanto era canto: Teatro, escolas, hospícios, presídios, vagões do metrô, rua... O grupo chegou a fazer certo sucesso aqui no Rio. Com o grupo comecei a produzir os shows, divulgar, etc... A última apresentação do grupo foi no primeiro CEP 20.000. Então me envolvi com a produção do CEP. Nesta mesma época eu era o letrista e produtor de uma banda de rock chamada COMA. Por conta da banda fui me aperfeiçoando na produção e na assessoria de imprensa. Fiz diversos trabalhos como assessor de imprensa... Enfim, foi por aí que comecei o caminho que me trouxe até aqui.


PIT - Voce é o responsável pela criação de um dos festivais mais importantes do Brasil: o Humaitá Pra Peixe. Como surgiu esta ideia, o nome...
BL - Eu fazia o CEP 20.000 que era um evento para poesia. Aí começaram a pintar várias bandas querendo participar. No início dos anos 90 tinha uma cena bem forte de bandas!! Se fossemos deixar as bandas entrarem ia acabar com o evento para poesia. Então, eu, que já era muito ligado em música, novos artistas, resolvi sair do CEP para criar um novo projeto para essas bandas. Então fui e fiz o Humaitá Pra Peixe. O nome nasceu numa mesa de bar do Baixo Gávea e foi criado pelo grande Chacal!!


PIT - Nestes 15 anos de Humaitá Pra Peixe a que você atribui o sucesso? O que você destacaria como sendo uma marca registrada do festival? Algo que seja diferente dos outros festivais...
BL - Acho que o sucesso veio com a persistência de nunca termos perdido o conceito do Festival. É um festival para novos talentos, artistas independentes, nos mais variados estilos da nossa música. Nunca abri mão deste conceito!! Valorizo muito o fato de não sermos só shows mas também palestras, workshops, zine, site, etc... Também tenho muito orgulho de não termos só lançado artistas, mas também técnicos de som e luz, novos produtores, novos jornalistas, etc... Legal ver que o HPP faz parte do currículo de tantos profissionais que hoje são respeitados no mercado. Também acho que o festival teve o mérito de apostar em vários artistas na hora certa. Tenho muito orgulho da curadoria que fizemos nesses 16 anos.


PIT – Falando dos artistas que passaram pelo HPP, qual você destacaria como exemplo de carreira?
BL - Meio delicado eu ficar apontando artistas. Sei lá, acho meio deselegante... Mas tenho orgulho de saber que o HPP foi o primeiro palco para shows solos do seu Jorge e Martnália. A Martinália me chama de padrinho!!! Isso pra mim é um prêmio!!!! Tem vários outros artistas identificados com o HPP como: Marcelo D2, Pedro Luis, Moska, Diogo Nogueira, Céu, Roberta Sá e tantos outros. Sempre valorizo os artistas que sabem aproveitar a oportunidade de estar no HPP. O Festival aglutina público, mídia, gravadoras, etc.... O artista tem que preparar um show bacana, saber caprichar na sua divulgação, sua produção....


PIT - Hoje você comanda a MPB FM. Como você chegou até a rádio e como é o seu trabalho?
BL - Realmente foi algo que não imaginava. Faz um tempo fui me tornando amigo da Ariane, dona da Rádio. Ela volta e meia, me chamava para conversar, trocar ideias, dar uma ajuda informal para ela. Fomos gostando dos nossos papos. Ela estava descontente de como a Rádio estava e aí meio que juntou: eu me ofereci e ela me convidou, foi engraçado este processo. Mas assim, cheio de graça, vim parar aqui e estou adorando!!!
Sou Diretor de Conteúdo e Novos Negócios na Rádio. Meu trabalho é cuidar da parte artística e do marketing. Junto vou buscando novas oportunidades e novas formas de fazer negócio. Tenho a minha pegada de produtor, de já ter captado diversos patrocínios para os meus projetos e faço isto agora também pela Rádio. Mudamos toda a plástica da Rádio, criamos um novo conceito e campanha (MPB É Tudo), mudamos a programação e fomos com mais força para botar a Rádio na rua com eventos, promoções, parcerias... Também estamos focando muito na web. Hoje já somos a Rádio com maior número de seguidores no Twitter, por exemplo. No momento estamos reformulando todo o nosso portal.
Estou imprimindo aqui uma nova postura. Não nos vemos somente como uma rádio. Somos um grupo, uma produtora de conteúdo musical brasileiro. Assim podemos fazer diversas ações que não são só na Rádio. O MPB Solo, por exemplo, nosso primeiro programa áudio visual é só para a web. Já já vamos lançar 5 novos CDs, coleção de camisetas alusivas a MPB, etc....Uma das minhas funções que mais gosto é trabalhar em equipe. Tudo que faço é por que tenho uma equipe muito comprometida e que vibra muito com nosso trabalho. Adoro manter minha equipe motivada, envolvida, feliz, parceira! Tive uma sorte muito grande de encontrar aqui uma equipe maravilhosa que era muito tolida aqui. Não consigo conceber trabalharmos com criação, música, ideias, sendo tolida!!

PIT – Já que você falou em web, você acredita que a internet aproximou mais o ouvinte da rádio? E as redes sociais, no que você acha que elas podem contribuir?
BL - Com certeza!!! O hábito de se ouvir música e de se relacionar com as pessoas, umas com as outras, mudou muito. Quem não perceber estas mudanças de hábitos vai cair do trem. E este trem é de altíssima velocidade!!! Através das redes sociais temos um contato direto com quem escolheu fazer parte da “nossa vida”. Cada vez mais a relação é direta sem intermediários. Outro fator que acho muito importante é que se estamos entrando nessas redes sociais, se estamos querendo falar diretamente com nossos ouvintes e internautas temos também que estar preparados para ouví-los. O caminho é de ida e volta. Temos que ter disponibilidade para responder as perguntas e para estarmos no “diálogo” com todos que nos procuram nesses nossos novos canais. Não dá mais para ninguém achar que o conteúdo será “despachado” de uma forma passiva. Hoje todos somos ativos. Isto é uma diferença grande!! Também acho legal que através das redes sociais e novas ferramentas digitais podem incrementar o lado lúdico. Temos que brincar!!! É muito bom fazermos conteúdos colaborativos, darmos a possibilidade dos ouvintes e internautas se sentirem mais presentes na nossa produção. Em tudo que fazemos buscamos surpreender e sermos lúdicos!! Queremos chamar todo mundo para brincar no nosso playground!!! Cada vez mais não nos vemos somente como uma rádio mas sim como uma produtora de conteúdo musical brasileiro.

PIT - Como você vê a rádio hoje? Quem são os ouvintes da atualidade?
BL - Acho que a Rádio está no seu melhor momento. Digo isto amparado em números de audiência e receita comercial. Em ambos estamos batendo recordes na história da Rádio!! Fora os números, sinto que a percepção para com a Rádio está muito positiva. Temos tido diversas manifestações de carinho e apreço vindas de diversas pessoas do mercado e de ouvintes. Hoje nosso público majoritário é formado em 70% de Classe AB 25+. Filet Mignon!!! Agora estamos querendo alavancar mais público da classe C para aumentarmos nossa base. O público é muito dividido entre mulheres e homens. É um público formador de opinião e que toma decisões. Um grande desafio manter essas pessoas com a gente.

PIT - Nesse período, o que você já implementou como marca pessoal?
BL - Mais do que tudo acho que é algo interno. Consegui criar aqui, junto com a equipe, um ambiente maravilhoso e estimulante de trabalho. Aqui trabalhamos rindo e fazendo bagunça. Ninguém tem mais medo de falar besteiras, jogar ideias fora, criar, um dar pitaco na área do outro. Me considero uma pessoa assim: brincalhona ao mesmo tempo que sou bem sério e responsável.No mais, junto com minha equipe, conseguimos colocar a Rádio onde está hoje. A programação, a plástica, a campanha, nossos ambientes digitais, marca na rua, muitos shows e produtos sendo produzidos. Acho que eu, pessoalmente, consegui motivar a todos para este caminho. Hoje 20% da nossa receita já vem de bilheteria de shows!! Isto é maravilhoso!!! Hoje acho que a Rádio está no lugar que ela deveria ter estado nesses 10 anos. Pra mim o desafio, a brincadeira, começa agora.

PIT - Você já trabalhou em gravadoras, escreve livros, faz um dos mais bem sucedidos festivais alternativos do país e é jornalista. Estas funções são interligadas na sua vida? Como você arruma tempo pra tudo isso?
BL - Fora isto que você cita estou terminando a direção musical de um longa metragem chamado “Desenrola”, sigo produzindo eventos e projetos pela minha produtora Pilastra Produções e Eventos, sou um pai super presente na vida do meu filho, do meu enteado e também tento dar toda atenção que minha mulher merece. Mas, enfim, acho que com organização e motivação a gente consegue fazer tudo que quisermos. A vida é uma só!!!! Não tem rascunho!!! Tenho muita urgência de viver e um enorme prazer em realizar tudo que realizo. Acho também que uma atividade me descansa e me alimenta para outra. Faço realmente muitas coisas ao mesmo tempo e não sei como ser diferente. Tenho interesse em diversas áreas, tenho fome de meter a mão e fazer!!! Mas para tudo acho importante termos planejamento. Saber que tem a hora de criar e a hora de executar as ideias. Ideia boa é sempre aquela realizável e realizada. E acho que o grande segredo de tudo é a diversão. Me divirto muito fazendo o que faço e nem sinto como sendo “trabalho”. Felizmente consegui criar para mim uma relação em que trabalho e vida pessoal, social são praticamente a mesma coisa. Minha mulher muitas vezes reclama, mas eu vou administrando. Ela sabe que preciso disto tudo para viver. Mas... Não é fácil para ela não!! Rsrsrsrs....

PIT - O que ainda falta fazer e o que você se orgulha de ter feito?
BL - Tenho muito orgulho de ter feito a direção artística musical do último Reveillon da Praia de Copacabana. A emoção que senti naquele palcão vendo mais de um milhão de pessoas na praia é indescritível e inesquecível. Caramba, fiz uma das festas mais importantes da minha cidade!!!! Caramba estava com meu filho naquele palcão!!! Levei música de altíssima qualidade para o povo da minha cidade!!!! Tenho muito, muito, muito orgulho de ter feito o Reveillon de Copa!!! Uáu!!!! E tenho muito orgulho de saber que cheguei lá pelas ideias que apresentei. Adoro perceber o passo a passo da minha carreira.
Ainda falta fazer muita coisa. Imagina??!! Espero viver muitos anos e não consigo me imaginar aposentado nem nada disto. Sendo assim pretendo ainda fazer muitos projetos que hoje não faço nem ideia. Cada vez me sinto mais seguro para fazer projetos realmente grandes como o Reveillon. Quero, humildemente, de alguma forma interferir na nossa cidade. Conseguir levar cultura de qualidade para as pessoas. É por aí. Ainda quero escrever mais livros, mais peças de teatro, plantar mais árvores, abraçar mais meu filho, jogar mais bola com ele....

PIT – Entre todas as coisas, algum novo projeto que possa nos contar?
BL - Estou querendo muito conseguir implementar uma ideia que já tenho de um Projeto Social onde o bem será valorizado. Não quero doações de comida, água, roupas nem dinheiro. Quero que as pessoas consigam doar mais sorrisos, abraços, gentilezas, bons sentimentos... Estou trabalhando nisto. Se tudo correr bem até janeiro isto sai. Também estou agora fazendo um Projeto chamado “Vice-Versa” onde teremos no palco dois artistas e um só vai tocar músicas do outro. Enfim, tenho vários Projetos e estou trabalhando neles....

PIT - Bruno, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
BL - Eu também agradeço. Entrevistas assim também são boas, pois nos ajudam a organizar as ideias na cabeça. Meu recado é: Divirtam-se!!!! Diversão e prazer são o melhor caminho. A vida é uma só. Não vamos perder tempo... E ó, vamos tratar bem uns aos outros. Gentileza gera gentileza, bons sentimentos geram bons sentimentos, boas ideias geram boas idéias. Façamos o bem sempre!!!!


 * colaboração: Alexandre Aquino




 


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Shalom,
O Papo de hoje é com um verdadeiro representante do “Povo do Livro”:
Com vocês, José Luiz Goldfarb!


PIT - Olá José Luiz, bem vindo ao Papo em Comunidade!
JLG - Eu é que fico honrado em poder participar!


PIT - Coordenador de programas de incentivo à leitura em vários estados. Como surgiu esta iniciativa e como funcionam estes programas?
JLG - A história é sempre muito longa rs... Mas em 2003 eu acabava de fechar a Livraria Belas Artes (depois de 18 anos atuando como Livreiro em Sampa) Pretendia dedicar-me tempo integral a carreira acadêmica... Mas Claudia Costin (então secretária da cultura de SP e José Mindlin então presidente do Conselho Paulista de Leitura) convocaram-me para assumir a coordenação do programa São Paulo um Estado de Leitores. De lá prá cá a coisa só cresceu e hoje coordeno 3 grandes projetos de incentivo à leitura: SP um Estado de Leitores Secretaria de Estado da Cultura de SP desde 2003;Letras de Luz Parceria Fundação Victor Civita e Energias de Portugal 4 Estados do Pais (TO MS SP ES) desde 2007;
Rio uma cidade de leitores Secretaria da Educação da Prefeitura do Rio desde 2009.


PIT - Você acha que o Brasil é um país de leitores? Se não, por quê? O que ainda falta?
JLG - Falta tudo rsrs, uma rede sólida de bibliotecas públicas e uma mobilização geral da sociedade (todos os agentes: mídia, setores público e privado e 3° setor) pró leitura.


PIT - Entre todas suas ocupações, qual delas te dá mais prazer? E ainda sobra tempo para ler?
JLG - Tudo que faço, faço com paixão... Dar aula na PUC, orientar por graduação, incentivar a leitura... Tudo em prol do crescimento interior das pessoas... Claro, leio sempre também. Tempo é o que realmente nós temos... o resto podem nos tirar, mas enquanto somos vivos temos... tempo!!!


PIT - Falando em leitura, qual seu livro de cabeceira e que livro você acha que todas as pessoas devem ler?
JLG - Fernando pessoa obras completas - Álvaro de Campos especialmente “Tabacaria”... Para a nossa língua pátria minha bíblia.

PIT - Há tanto tempo curador do premio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, que momento mais te marcou nesta premiação e qual a importância deste prêmio para o Brasil?
JLG - 20 anos sempre cheio de bons momentos especialmente a cerimônia anual de entrega do prêmio. O prêmio é fundamental valoriza o escritor e o editor. Fora de nosso mercado prova de que produzimos coisas maravilhosas só falta termos leitores em quantidade à altura da qualidade produzida anualmente.


PIT - Por ser tão ligado aos livros, você se considera um fiel representante do “Povo do Livro”?
JLG – Total. Acho que a tradição judaica confunde-se com a história da escrita e a democratização da leitura. Adoro fazer parte desta tradição que tem no Livro seu objeto mais sagrado.


PIT - Além de tudo, você também é um “tuiteiro”(usuário do twitter). O que você acha das redes sociais? Para você, qual a importância delas?
JLG – Putz, o que seria de minha vida sem o twitter?? Nem consigo imaginar. Acho que é uma revolução total que nos aproxima e nos torna seres coletivos assim #VqV (vamo que vamo) quem quiser me seguir http://twitter.com/jlgoldfarb


PIT - José Luiz, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
JLG - Ler ler ler e depois ler! Só com a leitura seremos um país para valer Até o Brasil de leitores seguiremos patinando.









segunda-feira, 12 de abril de 2010

Shalom!
Na semana de Iom Hashoá, dia em que lembramos o Holocausto, o Papo de hoje é com uma especialista no assunto: Silvia Lerner!


PIT - Olá Silvia, bem vinda ao Papo em Comunidade!
SL- Olá Patricia!


PIT - Você é pós-graduada em História do século XX com especialização em Holocausto. Quando surgiu este interesse?
SL - Desde que me formei em História, ingressei no magistério militando na área de História Judaica. Como meus pais eram sobreviventes do Holocausto, sempre tive esse tema muito presente na minha vida e em 1994 fiz meu primeiro curso relacionado com Shoá no Yad Vashem.


PIT - O que você acha daqueles que negam o Holocausto?
SL - Acredito que por trás dessa negação, há uma mensagem antissemita no sentido de apagar historicamente a ação dos perpetradores e a política nazista de destruição judaica. Os arquivos estão repletos de provas concretas que inviabilizam a tese do negacionismo.


PIT - No meio acadêmico existe muita resistência sobre o que foi o Holocausto?
SL - Eu diria que há um grande desconhecimento sobre o assunto. No meio acadêmico, a resistência em se falar ou estudar o Holocausto está ligada ao fato de não se querer entender a unicidade desse fato histórico.


PIT - Qual o maior desafio de se ensinar o Holocausto?
SL - Fazer entender como o Homem é capaz de tanta desumanidade em nome de uma ideologia ou um preconceito.


PIT - O que é preciso para as pessoas compreenderem o impacto do Holocausto na humanidade?
SL- Faz-se necessário que entendam o papel de uma política autoritária, anti democrática e racista associada a uma propaganda intensa que tornou a população refém e manipulável pela promessa de uma Alemanha vitoriosa.


PIT - Que momento dentro da história do Holocausto te surpreende mais?
SL- Quando Adolph Eichmann, durante seu julgamento em Jerusalém, disse que cumpria ordens e faria tudo outra vez, se tivesse que cumprir ordense a quantidade de “observadores passivos” que diziam que nada sabiam.


PIT - Você tem um estudo sobre a Produção Musical no Holocausto. O que de mais curioso e interessante você encontrou na pesquisa?
SL - Como num meio tão desumano, tendo que combater “cinco pragas”: fome, frio, doenças, isolamento e racionamento as pessoas ainda conseguiam produzir material artístico humano, sensível e criativo.


PIT - Silvia, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
SL - A necessidade de sabermos combater o negacionismo do Holocausto, hoje liderado pelo Presidente do Irã e termos o compromisso de explicar o porquê de se estudar o Holocausto como forma de combater a intolerância, o racismo e o preconceito.














domingo, 4 de abril de 2010

Shalom,
Toda mulher tem algo para contar sobre os seios.
E Rosália Milsztajn retrata em “A História dos Seios” várias dessas histórias!
Aproveitem!



PIT - Olá Rosália, bem vinda ao Papo em Comunidade!!
RM – Olá Patricia, muito obrigada!

PIT - Você é psiquiatra, poeta... Como e quando a médica se tornou escritora?
RM - Tinha uma certa facilidade para escrever desde muito jovem, mas foi abafada por outros interesses e conveniências na época. Mas ser escritora mesmo ocorreu de forma irruptiva, como uma necessidade, que o poeta Rilke, descreve em seu livro "Carta a um jovem poeta" , onde diz que o escritor tem necessidade, isto é, o escritor que é escritor não vive sem escrever. Não pode ficar sem. Foi isso que aconteceu comigo. Numa certa noite aos meus trinta anos de idade a poesia veio falar comigo. Fiquei com um verso na cabeça como uma música ininterrupta e tive que sentar-me e escrever para que pudesse dormir. A partir de então nunca mais deixei de escrever. E não pude mais abafar esta necessidade, e me apropriei dos versos e das letras que para mim estavam destinadas.

PIT - Você está lançando o livro “A historia dos seios”. Como surgiu a história deste livro?
RM - A história foi surgindo a partir do momento e que me vi diante da cirurgia de mamas que deveria realizar. Dois dias antes do procedimento, comecei a lembrar-me das histórias que passei com minhas mamas: desde o despotar primeiro dos meus seios, aos onze anos de idade, como a amamentação de meus filhos, cenas de eroticidadade e muitas outras que costumam ter todas as mulheres. Fui escrevendo essas minhas memórias quase como uma despedida, um adeus àquele órgão que tanto me serviu e que agora estava me salvando com a sua retirada. Não tive o intuito primeiro de fazer um livro, mas quando já
estava na décima quinta história, achei que poderia fazer um livro e compartilhar o que vivia com outras mulheres.

PIT - O tema central do livro é o câncer de mama. Como você consegue falar de um assunto tão doloroso de forma tão leve?
RM - Se consegui isto que está falando, isto é, essa leveza do livro, fico muito feliz. Não tinha exatamente esta intenção de escrever um livro sobre o câncer de mama, mas se o fizesse, como efetivamente ele se tornou no meio do caminho, eu evitaria que se tornasse um livro aterrorizante, de autoajuda, médico ou psicanalítico. E percebi que através da estética literária conseguiria ir tão ou mais fundo e mais agradavelmente do que de outra forma.

PIT - A intenção de “A História dos Seios” é ajudar outras mulheres a enfrentar a doença?
RM - Não tive essa intenção, mas os leitores, tanto os homens como as mulheres parecem que estão achando “A História dos Seios" um livro curativo.

PIT - Na sua opinião, em que momento a literatura se encontra com a realidade?
RM - No momento em que a realidade precisa ser representada para ser compreendida. O dia a dia, a vida de forma geral, quando ensaiada numa ficção, possibilita um maior preparação para se viver. A literatura nunca esteve e nunca estará apartada da realidade, mesmo que esta realidade seja absolutamente secreta e interna do sujeito.

PIT - Como é o seu processo de criação?
RM - Meu processo de criação é variável. As vezes escrevo porque escrevo, e não tem muita explicação. É quase uma brincadeira e por isso se torna muito lúdico. Outras vezes acontece como uma vontade imperiosa que necessita expressar-se e tenho que escrever. Mas em todas as formas, os escritos necessitam uma elaboração posterior, um trabalho de aperfeiçoamento, trabalho árduo sobre o impulso.

PIT - São histórias verídicas suas ou ficcionais?
RM - São histórias verdadeiras. Ficção ou realidade. Isto é o mais importante. Minhas e de outras, e como não dizer de todas as mulheres. Toda mulher tem uma história de seio para contar. Mudariam alguns pequenos detalhes. O primeiro sutiã pode ter sido rosa para uma e azul para outra, mas o que importa é que ele é sempre inesquecível para todas nós.

PIT - Qual dos contos é mais especial pra você? Por quê?
RM - Não sei te dizer qual deles seria o mais especial porque todos são especiais. Em cada um deles se encontra um tempo, uma fase, uma preocupação do feminino, mas foi o primeiro que inaugurou toda a possibilidade de vir a tornar-se um livro e foi a minha primeira lembrança e o primeiro a gente nunca esquece.

PIT - Rosália, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
RM - Foi um prazer. E o meu recado é que nós mulheres possamos saber e descobrir tudo o que diz respeito à todas nós. Cuidem-se e aproveitem meu livro. Gostaria de aproveitar e convidar a todos para o lançamento de "A Historia dos Seios", no próximo dia 8, quinta, às 19h na loja Consô Herkenhoff, no Shopping da Gávea.
Quem quiser saber mais sobre o livro e também adquirí-lo, basta entrar em http://ahistoriadosseios.blogspot.com/
 Um beijo e muito obrigada!














*colaboração e agradecimentos a Alexandre Aquino & Luciana Leall