domingo, 4 de abril de 2010

Shalom,
Toda mulher tem algo para contar sobre os seios.
E Rosália Milsztajn retrata em “A História dos Seios” várias dessas histórias!
Aproveitem!



PIT - Olá Rosália, bem vinda ao Papo em Comunidade!!
RM – Olá Patricia, muito obrigada!

PIT - Você é psiquiatra, poeta... Como e quando a médica se tornou escritora?
RM - Tinha uma certa facilidade para escrever desde muito jovem, mas foi abafada por outros interesses e conveniências na época. Mas ser escritora mesmo ocorreu de forma irruptiva, como uma necessidade, que o poeta Rilke, descreve em seu livro "Carta a um jovem poeta" , onde diz que o escritor tem necessidade, isto é, o escritor que é escritor não vive sem escrever. Não pode ficar sem. Foi isso que aconteceu comigo. Numa certa noite aos meus trinta anos de idade a poesia veio falar comigo. Fiquei com um verso na cabeça como uma música ininterrupta e tive que sentar-me e escrever para que pudesse dormir. A partir de então nunca mais deixei de escrever. E não pude mais abafar esta necessidade, e me apropriei dos versos e das letras que para mim estavam destinadas.

PIT - Você está lançando o livro “A historia dos seios”. Como surgiu a história deste livro?
RM - A história foi surgindo a partir do momento e que me vi diante da cirurgia de mamas que deveria realizar. Dois dias antes do procedimento, comecei a lembrar-me das histórias que passei com minhas mamas: desde o despotar primeiro dos meus seios, aos onze anos de idade, como a amamentação de meus filhos, cenas de eroticidadade e muitas outras que costumam ter todas as mulheres. Fui escrevendo essas minhas memórias quase como uma despedida, um adeus àquele órgão que tanto me serviu e que agora estava me salvando com a sua retirada. Não tive o intuito primeiro de fazer um livro, mas quando já
estava na décima quinta história, achei que poderia fazer um livro e compartilhar o que vivia com outras mulheres.

PIT - O tema central do livro é o câncer de mama. Como você consegue falar de um assunto tão doloroso de forma tão leve?
RM - Se consegui isto que está falando, isto é, essa leveza do livro, fico muito feliz. Não tinha exatamente esta intenção de escrever um livro sobre o câncer de mama, mas se o fizesse, como efetivamente ele se tornou no meio do caminho, eu evitaria que se tornasse um livro aterrorizante, de autoajuda, médico ou psicanalítico. E percebi que através da estética literária conseguiria ir tão ou mais fundo e mais agradavelmente do que de outra forma.

PIT - A intenção de “A História dos Seios” é ajudar outras mulheres a enfrentar a doença?
RM - Não tive essa intenção, mas os leitores, tanto os homens como as mulheres parecem que estão achando “A História dos Seios" um livro curativo.

PIT - Na sua opinião, em que momento a literatura se encontra com a realidade?
RM - No momento em que a realidade precisa ser representada para ser compreendida. O dia a dia, a vida de forma geral, quando ensaiada numa ficção, possibilita um maior preparação para se viver. A literatura nunca esteve e nunca estará apartada da realidade, mesmo que esta realidade seja absolutamente secreta e interna do sujeito.

PIT - Como é o seu processo de criação?
RM - Meu processo de criação é variável. As vezes escrevo porque escrevo, e não tem muita explicação. É quase uma brincadeira e por isso se torna muito lúdico. Outras vezes acontece como uma vontade imperiosa que necessita expressar-se e tenho que escrever. Mas em todas as formas, os escritos necessitam uma elaboração posterior, um trabalho de aperfeiçoamento, trabalho árduo sobre o impulso.

PIT - São histórias verídicas suas ou ficcionais?
RM - São histórias verdadeiras. Ficção ou realidade. Isto é o mais importante. Minhas e de outras, e como não dizer de todas as mulheres. Toda mulher tem uma história de seio para contar. Mudariam alguns pequenos detalhes. O primeiro sutiã pode ter sido rosa para uma e azul para outra, mas o que importa é que ele é sempre inesquecível para todas nós.

PIT - Qual dos contos é mais especial pra você? Por quê?
RM - Não sei te dizer qual deles seria o mais especial porque todos são especiais. Em cada um deles se encontra um tempo, uma fase, uma preocupação do feminino, mas foi o primeiro que inaugurou toda a possibilidade de vir a tornar-se um livro e foi a minha primeira lembrança e o primeiro a gente nunca esquece.

PIT - Rosália, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
RM - Foi um prazer. E o meu recado é que nós mulheres possamos saber e descobrir tudo o que diz respeito à todas nós. Cuidem-se e aproveitem meu livro. Gostaria de aproveitar e convidar a todos para o lançamento de "A Historia dos Seios", no próximo dia 8, quinta, às 19h na loja Consô Herkenhoff, no Shopping da Gávea.
Quem quiser saber mais sobre o livro e também adquirí-lo, basta entrar em http://ahistoriadosseios.blogspot.com/
 Um beijo e muito obrigada!














*colaboração e agradecimentos a Alexandre Aquino & Luciana Leall

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