segunda-feira, 10 de maio de 2010

Shalom!
Combinar negócios, escolher uma boa história e apostar no sucesso.
Eis o trabalho do editor Eduardo Salomão!



PIT - Olá Eduardo, bem vindo ao Papo em Comunidade!
ES - Olá Patricia!

PIT - Para começar conte um pouco sobre você...
ES - Eu tenho alguns anos na janela do mercado editorial. Independente de minha formação universitária, minha qualificação profissional como editor aconteceu “em prática”. Desde muito cedo comecei minha trajetória na IMAGO EDITORA. Essa experiência me permitiu observar muitas transformações nesse mercado, e me coloca em uma posição para testemunhar o que poderá ser a mais importante de todas as mudanças: a do conceito de livro.

PIT - Como você vê o mercado editorial no Brasil?
ES - É um mercado pequeno, com enorme potencial para crescimento. No entanto é também extremamente concentrado, onde as cadeias e/ou redes de livrarias conseguiram um enorme poder de barganha junto aos editores. O número de editoras no Brasil é MUITO maior do que o de livrarias, transformando as prateleiras para livros em um espaço muito valorizado.

PIT - O que falta para as pessoas terem maior acesso aos livros?
ES - Muito se fala sobre uma questão cultural do brasileiro em relação ao livro. De que o brasileiro não tem o hábito da leitura. Não acredito nisso. O brasileiro não lê mais livros — que com freqüência é interpretado como “falta de hábito de leitura” — é por falta de oportunidade. Para muitos leitores (eu prefiro “leitor” a “consumidor”) o livro tem um preço de capa incompatível com a sua renda, e por isso não compra (todos) os livros que gostaria de ler. Veja bem que isso não significa que o livro brasileiro é caro. Também é verdade que não é fácil para um brasileiro comum encontrar uma livraria,  uma com uma boa quantidade e seleção de obras em exposição. Veja por exemplo, o que acontece tanto na Bienal do Livro do Rio quanto na de São Paulo: um afluxo monumental de pessoas aos pavilhões de exposição, onde elas têm oportunidade de comprar livros. E compram! Neste sentido, o que falta para o brasileiro ter mais acesso aos livros são mais livrarias, livrarias melhores, e uma condição de renda mais favorável.

PIT - Com o lançamento de E-books, Kindle e afins, o que você acha do futuro dos livros?
ES - Acho que estamos diante de um novo paradigma. Algo paralelo ao que os "tocadores de música" conhecidos como MP3 e IPOD's fizeram dentro da música. Mas com uma diferença fundamental: o livro de papel não vai acabar. Eu não acredito que algum tipo de dispositivo eletrônico possa substituir o livro convencional. Mas esta possibilidade amplia (e muito) a fronteira de circulação das ideias de um autor. Este é o desafio: ampliar a fronteira de circulação de livros. Quer de papel ou nesta nova forma de mídia. Aquele que acreditar que a questão se esgota na eleição de uma marca, modelo ou padrão tem uma visão distorcida da questão. O problema real do livro é onde ele pode ser encontrado.


PIT - Nestes anos a frente da Imago Editora, qual a publicação te deu maior orgulho?
ES - Todo livro publicado pela IMAGO é motivo de orgulho. Curiosamente meus maiores “orgulhos” não são os livros mais vendidos, que frequentaram as relações dos mais vendidos, mas sim aqueles publicados por conta de um compromisso social. Pode parecer meio romântico, mas existem livros que a IMAGO publicou sabendo que o volume de vendas não seria expressivo, mas que sua circulação dentro de determinado segmento da sociedade é importante. Foi dessa forma que decidi publicar o livro do Mestre Kobi, “Krav Magá A Filosofia Da Defesa Israelense” http://bit.ly/b7CZ1l. Era preciso registrar o Krav Magá para a sociedade brasileira de forma clara e esclarecedora. O curioso é que eu estava errado em relação ao potencial comercial do livro, que já vai para a quarta edição!


PIT - O que você gostaria de lançar ou ter lançado?
ES - Tanta coisa. Eu costumo dizer que “existem tantos livros, e tão pouco orçamento para publicá-los...”

PIT - O que podemos esperar de novidade da Imago ainda para este ano?
ES - A IMAGO tem um programa editorial mais modesto para este ano. Entendemos que em ano de copa do mundo e de eleições para presidente não é época de assumir grandes riscos. Por isso focamos nossa produção na área de psicanálise, onde temos uma situação de liderança de nicho de mercado.


PIT - Eduardo, obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
ES - Obrigada a você. Para saberem mais sobre a IMAGO acessem o site www.imagoeditora.com.br e boa leitura!