quinta-feira, 7 de maio de 2009






Shalom!
O Papo de hoje é com alguém que está sempre “De olho na Mídia”!
Daniel Barenbein a palavra é sua!


PIT - Olá Daniel, bem vindo ao Papo em Comunidade!
DB -
Olá Patricia!

PIT - Como surgiu a ideia do De olho na mídia?
DB -
Duas fotos contam esta história. A primeira, reproduzida no New York Times, que mostrava um soldado israelense supostamente espancando um palestino no Monte do Templo, quando na verdade ele estava salvando um judeu americano em um posto de gasolina, deu origem ao Honest Reporting, a organização internacional que monitora a mídia, investiga a parcialidade dos veículos que cobrem o conflito no Oriente Médio e apura quando houve má vontade com Israel e/ou judeus. Um trabalho descomunal, mas que foi coroado de êxito, e hoje conta com 150 mil assinantes em sua newsletter. A outra foto, na verdade uma charge, publicada no Globo do RJ, em meados de 2003, que mostrava Arafat crucificado em uma Estrela de David repercutiu mundo afora, fazendo com que o Honest Reporting decidisse que era hora de conceder permissão para uma filial da organização no Brasil. Assim surgia o “De Olho Na Mídia”. A principio bancado financeiramente e estruturado por uma instituição judaica paulista, com o tempo ele se tornou independente e hoje é uma ONG autônoma e em plena ascensão. Ainda tem muito a crescer e a alcançar.

PIT - Como funciona o site? Há uma interatividade?
DB -
O site (http://www.deolhonamidia.org.br/) tem diversos tópicos, que abrangem desde os comentários sobre denúncias de anti-semitismo e parcialidade na mídia, até a seção de artigos onde os mais diversos tópicos relacionados ao conflito do Oriente Médio, Holocausto, anti-semitismo e etc..., tem seu espaço; passando por seção de charges, abaixos-assinados, notícias e muito mais. O site é 100% interativo. Começa nas denúncias, na participação do leitor, na possibilidade de este vir a ter publicado um texto a respeito do que saiu em veículo a, b ou c.. ou então algum artigo de temática pertinente ao site, desde que este passe por prévia verificação do editor-chefe, no caso eu. Além disso, existem as petições, conforme falado acima e ainda pesquisas, espaço para comentários ao final dos textos. O que não falta é interatividade. Além obviamente do meu e-mail sempre aberto para críticas e sugestões e o sucesso do site depende da interatividade: o ponto final são os leitores escrevendo aos veículos e reclamando. Do inicio ao fim, todo este projeto só existe e é mantido na base dos meus leitores.

PIT - Você acha que a mídia em geral é tendenciosa?
DB -
É, sem dúvida alguma. Uma mistura perigosa de desinformação, tendências políticas (no caso do conflito, o esquerdismo, que sobrepõe dogmas: “sou anti-EUA, portanto anti-Israel” a qualquer realidade), anti-semitismo, má vontade, falta de checagem das informações criando um coquetel explosivo e nocivo.

PIT - Neste tempo de De Olho na Midia que situação mais te impressionou?
DB -
Muitas coisas me impressionaram. No último conflito, o de Gaza, o que me chamou a atenção foi o número de veículos que abertamente fizeram revisionismo do Holocausto, ao minimizar a tragédia dos judeus na segunda guerra mundial e ao comparar o conflito atual com aquele, chamando os soldados judeus de nazistas, Gaza de Gueto e etc... Outra situação que me chamou a atenção foi uma vez quando a BBC Brasil publicou um texto (e que pela força do trabalho do nosso site e dos seus leitores conseguimos tirar do ar) onde jogava a culpa do próprio Holocausto nos judeus (a velha idéia: “blame the victim”), ao dar voz a uma teoria obscura de um psiquiatra árabe que afirmava que Hitler teria decidido levar avante o projeto de extermínio porque teria contraído sífilis de uma prostituta judia. De qualquer maneira, se eu tiver que elencar tudo que levantou meus cabelos nestes cincos anos de “De Olho”, não haveria espaço suficiente. Em compensação, me impressionou positivamente a participação dos meus leitores no abaixo-assinado que foi enviado ao Itamaraty protestando contra a visita de Ahmadinejad: mais de 8.000 assinaturas. Não é qualquer coisa e não é de se jogar fora!

PIT - Que noticia você teria o maior prazer em dar?
DB -
Mashiach chegou. As guerras acabaram. A humanidade se dá as mãos. Estou desempregado. Não existe mais anti-semitismo. O povo de Israel vive em paz em sua Terra. Ninguém mais sofre, nem os animais. A felicidade enche e transborda este mundo. D’us veio habitar conosco e atingimos nosso auge. Que seja breve, o mais rápido possível.

PIT - Por que você acha que as coisas boas feitas por Israel não saem na mídia?
DB -
Porque isso estraga o prazer de quem quer pintar Israel como um monstro e como uma potência beligerante. Se os jornalistas por aí mostrarem que Israel exporta tecnologia e medicina para meio mundo e que cada ser humano neste planeta deve um pouco ou muito aos judeus/Israel, acaba-se o mito do monstro de sete cabeças. Se mostrarem que Israel fez mais de 4 mil ações de ajuda humanitária em 61 anos de existência como estado moderno e soberano, as pessoas se questionariam como um estado humanitário assim pode ser “desumano” com os palestinos e chegariam a verdade. Não sé dá estas notícias porque hoje no mundo, por conta da impregnação do anti-semitismo, que varre desde a ONU até as redações, passando por movimentos, sindicatos, ONGs e muitos países da Europa, vive-se bem, quando se vive contra Israel. Além disso, para que enfrentar o extremismo islâmico e se por em situação desconfortável diante de 1,5 bilhão de muçulmanos, se posso ser seu maior aliado? A mídia tomou um partido, claramente. E ao tomar um partido, decidiu que Israel não merece nenhuma concessão. Nem sequer para falar de coisas que seriam estrondosamente notícias. Quantas pessoas sabem que Israel mandou para a Indonesia, país majoritariamente muçulmano e para o Sri Lanka, outro país islâmico, quando do Tsunami, 70 toneladas de alimentos e remédios, mesmo tendo que apagar as estrelas de David das caixas dos mesmos? Que esta ajuda foi infinitamente superior a qualquer país árabe, que está mais preocupado em doar para causas como o terrorismo e etc... do que para isso? Quem sabe, que Israel infiltrou médicos secretamente, sob risco de vida no Sudão para auxiliar pessoas vítimas do genocídio? Que o país tem sempre portas abertas para refugiados de conflitos do mundo todo? Porque pega mal para a mídia levantar tudo isso. Um fator extra é porque talvez (somente talvez...) as pessoas fossem cobrar de seus governos: se Israel faz tudo isso, pequenino e sem recursos como é, porque estamos parados?

PIT- Para você qual a importância da Hasbará (conhecimento/informação sobre Israel/judeus) na comunidade judaica brasileira? O que você acha que pode ser feito para melhorar isto?
DB -
Importância total. Hasbará não é para Israel. Isto que as pessoas não entendem. Hasbará é para nós. Quem vai ser afetado pela má propaganda sobre Israel e sobre o judaísmo somos nós. Para Israel, não fará nenhuma diferença prática. Quem sofre com o anti-semitismo na pele somos nós. O problema é que a assimilação e a indiferença tomaram conta, ao ponto das pessoas minimizarem a importância da Hasbará, a importância de se engajar. É preciso que tenhamos gente ativamente monitorando os veículos. Gente escrevendo. Passeatas quando necessário não com mil pessoas, mas com dez mil como em 2003. Ou com cem mil pessoas se nos unirmos a outros setores da sociedade. Uma, duas, cinco pessoas..quantas tem fazendo Hasbará de verdade no Brasil? É MUITO POUCO para uma comunidade de mais de 100 mil pessoas. É um fardo muito grande. As pessoas precisam se dar conta disso. O conflito em Gaza e sua repercussão na mídia mostrou isso. A quase vinda de Ahmadinejad também. O que vai ser preciso para as pessoas acordarem? Um novo Holocausto, D’us me livre, ou ficaremos na apatia como na década de 30 na Alemanha, sentados, só esperando acontecer, sem acreditar quando o inimigo diz que quer se ver livre da gente?

PIT - Qual o seu maior desafio?
DB -
Conscientizar a sociedade judaica como disse acima para a importância da Hasbará. Fazer as pessoas escreverem para jornais e passarem da fase do “ai que raiva”. Afinal, nos somos a comunidade do “ai que raiva”: ai que raiva que saiu isso no Estado, ai que raiva que saiu isto na Globo e etc...uma vez dita a frase mágica, aliviado o coração, PRONTO...fizemos nossa parte! Podemos seguir nossa vida, ir ao shopping, cinema, danceteria... já senti raiva, já fiz o necessário. É preciso engajamento. Timidamente isso começa a mudar após os dois episódios marcantes deste ano, mas anda é MUITO POUCO diante do colossal trabalho a se fazer. O jornalista já sente o impacto quando vê o texto dele ser criticado no “De Olho”. Mais ainda, quando alguém envia e-mail o alertando de que ele esta sendo criticado. Mas seria fantástico e era a proposição inicial do site que o jornalista e os veículos recebessem 500 e-mails na sua caixa postal quando escrevessem alguma besteira. Com algumas raras exceções (como o caso do anti-semitismo explicito no site Terra) isso não aconteceu. Se hoje já conseguimos mudar muita coisa com um engajamento mínimo, imagine o que faríamos diante de massas de e-mail enviados aos maus profissionais.

PIT - O que você gostaria ainda de realizar?
DB -
Muita coisa. O que não falta é trabalho. Primeiro passar dos 40 mil assinantes da newsletter que tenho hoje para 100 mil, e depois 500 mil, um milhão. Acho possível. Basta querer. Quero abrir uma assessoria de imprensa para fornecer conteúdo de qualidade e sem libelos e mentiras para os veículos de mídia. Quero ampliar o trabalho que começamos com a revista do De Olho Na Mídia, uma forma de divulgação para quem não conhece o site e também um “pocket book” rápido para quando se precisa de algum argumento ou citação em alguma discussão acalorada, com o resumo dos principais textos e denúncias do mês. Quero criar um programa de rádio e de TV online com notícias de Israel e comentários a ser transmitido via site. Quero parceria com os veículos alternativos, de interior, regionais, evangélicos, etc... Quanto mais gente tiver informação de conteúdo melhor. Mas tudo isso depende de ajuda. O site é um projeto sem fins lucrativos. Precisamos de doadores e contribuintes para antes de tudo manter o que já é feito. E ai pensarmos nestes projetos de ampliação. Esta também é uma forma de colaborar. Temos diversas, mas sem, infelizmente, recursos monetários nada se pode fazer. E hoje sou eu sozinho trabalhando com um corpo de abnegados voluntários para fazer esta máquina funcionar. Por mais quanto tempo? E quer todos estes sonhos acima? Não são impossíveis. Plagiando Theodor Herz,Z’L”: “se você quiser isto não será um sonho”. E não foi.

PIT - Daniel, muito obrigada, foi um prazer entrevistá-lo! Deixe aqui o seu recado!
DB -
Eu que agradeço pelo apoio, divulgação e pelo espaço. Torço para que vocês também se desenvolvam e se tornem mais uma ferramenta a contribuir com o crescimento da nossa comunidade. Termino com uma citação da Torá, a mishna de Pirkei Avot em que Hillel já dizia, “Se não for eu, quem? Se sou eu por mim, então quem sou? Se não for agora, quando?” Acho que isto resume em grande parte tudo que quis por aqui. Internalizem esta mensagem, reflitam e aí estarei de portas abertas aguardando para ter a honra de trabalhar com vocês. Um povo só, uma Terra só, uma Torá só, um coração só. Unidos venceremos. Sempre! Muito obrigado!






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