quinta-feira, 13 de março de 2008


Shalom!!

Você já pensou em fazer uma plástica?

O Papo em Comunidade de hoje traz um especialista em Cirurgia Plástica e Medicina Estética.

Dr. Eduardo Sitnoveter!

Aproveitem!


PIT - Olá Dr Eduardo bem-vindo ao Papo Em Comunidade! Para começar, por que você decidiu fazer medicina? Por que a opção pela cirurgia plástica?

ES -Acho que temos que decidir nossas carreiras muito cedo. Temos que contar com o fator sorte, ou seja, acertar o que se gosta de fazer sem saber muito sobre o assunto. Decidi seguir a carreira de médico, por incrível que pareça, porque gostava muito de atividades manuais tipo montar Ravel e outros brinquedos, e não queria usar terno e gravata todos os dias. Pensei então: vou fazer cirurgia aí passo o dia montando coisas (operando) e posso usar tênis todos os dias.

PIT -Você foi aluno do Dr. Ivo Pitanguy. Como foi estar ao lado de uma sumidade da cirurgia plástica internacional e o que você traz de experiência?

ES -Foi a realização de um sonho. No meio da minha residência em cirurgia geral, decidi que iria realizar cirurgia plástica. Gostava de operar, mas estava cansado de ficar retirando órgãos – quando o paciente tinha um câncer, retirávamos parte do órgão, quando tinha calculo na vesícula, retirávamos a vesícula – queria criar algo. Foi aí que optei pela cirurgia plástica. Logo então veio o nome do professor Pitanguy. Considerada talvez a melhor escola mundial de cirurgia plástica, conviver com o Professor seria o máximo. Fiquei recluso durante 2 meses numa casa de campo em Teresópolis me preparando para a prova. E depois de ser aceito pelo Professor, pude conviver acompanhando-o em cirurgias, consultas, apresentações além das conversas que eventualmente tínhamos. Muitos dos ensinamentos que tive com o Prof. Pitanguy, só consegui assimilar anos depois da residência que tive com ele. Aí, no dia a dia atendendo meus pacientes, lembrava das observações e conselhos que ele me dava, mas que não conseguia assimilar na época. Realmente foi uma grande experiência ficar ao lado do Mestre da Cirurgia Plástica e até hoje aprendo e procuro seguir os ensinamentos de sua escola.


PIT - Como você vê a medicina estética no Brasil?

ES - Durante muitos anos pratiquei (e ainda pratico) a medicina estética sem ela ainda existir com o nome que tem hoje. Realizava procedimentos mínimos invasivos que não se enquadrariam em cirurgias, mas que buscava a melhora estética do paciente. Infelizmente ocorreu uma invasão de especialidades e alguns colegas fundaram sociedades de medicina estética e começaram a promover cursos. Não há problema algum em difundir ensinamentos, mas sim quando são voltados a realmente ensinar e qualificar médicos que buscam, almejam e gostam da estética. No entanto, o que observo, é que algumas sociedades de medicina estética procuram angariar alunos (médicos) enviando correspondências tipo: se você não esta satisfeito com seu salário ou com planos de saúde, inscreva-se vire um “Esteta” e ganhe dinheiro.

Bom não há problema algum em ganhar dinheiro, só penso que o “ganhar dinheiro” é uma conseqüência do trabalho bem feito com amor. Observo que com o movimento da medicina estética atual é o oposto, ou seja, profissionais buscam em primeiro lugar o lucro. Com isso temos vários casos de complicações por uso de produtos não aprovados utilizados para baratear custos, cirurgias realizadas por profissionais não qualificados perante o Conselho de Medicina (CFM) e inclusive lipoaspirações realizadas em consultórios sem a presença de um anestesista e sem equipamentos de monitorização necessários. Com isso, aumentam-se as complicações ligadas à Cirurgia Plástica assustando pacientes que na verdade tiveram seus procedimentos realizados por médicos não qualificados pelo CFM e em locais inadequados.

Para se ter uma idéia, este fenômeno não ocorre apenas no Brasil, na França, visando evitar as complicações que estão surgindo, foi baixada uma lei que, se um médico não especialista em Cirurgia Plástica fizer uma intervenção cirúrgica daquela especialidade, será punido com prisão.


PIT - Você é uma pessoa que viaja muito em busca de novidades nesta área. Primeiro foi o fio búlgaro/russo e agora a lipoescultura de Beverly Hills. Alguma novidade que possa adiantar aqui?

ES - Já tive a oportunidade de visitar diversos serviços pelo mundo, mas até agora a técnica que mais me impressionou foi a Lipoescultura de Beverly Hills. Ela é a transformação de algo difícil e arriscado num procedimento simples e seguro.


PIT - Falando em Lipoescultura de Beverly Hills, este procedimento é uma revolução em se tratando de lipoaspiração. Sem cortes, cicatriz.. Conte um pouco como é e como tem sido a recepção entre os brasileiros?

ES - A Lipoescultura de Beverly Hills na verdade é uma variante da lipoaspiração. O nome lipoaspiração refere-se a um termo técnico para se retirar gordura através da aspiração por uma cânula. A partir daí tem-se a técnica dita tradicional com anestesia geral ou peridural e sem infiltração de soluções na gordura, até lipo a laser, ultra som, etc. Estas duas últimas tem a nosso ver o problema da queimadura da pele no local da introdução do laser ou ultra som e após esta etapa tem-se que realizar a aspiração tradicional com cânulas.

Há aproximadamente uma década, preocupado com os casos de óbitos e complicações sérias que ocorriam com a lipoaspiração tradicional, o farmacêutico e dermatologista Jeff Klein inventou a anestesia tumescente onde se inunda as células de gordura com soluções anestésicas, realizando o procedimento sob anestesia local (o que diminui a quase zero as chances de perfuração de órgão) de forma que num trabalho com 15000 pacientes submetidos a lipoaspiração com este tipo de anestesia, não houve nenhum caso de complicação séria.

Na Lipoescultura de Beverly Hills, combinamos vários aspectos e técnicas positivas com esta e outras (tipo de aspirador, aparelho vibratório americano, técnicas de “pega “da gordura, etc), tornando o procedimento mais seguro, rápido e com melhores resultados (quando comparados com os resultados que eu tinha anteriormente com a técnica tradicional).

Com relação à recuperação, podemos dizer que é surpreendente. Aspirações de grandes volumes onde o paciente praticamente não conseguia se mexer devido às dores e inchaços passaram a ser substituídos por uma leve dor muscular como se tivesse realizado muito exercício físico no dia anterior. É surpreendente!


PIT - A lipoaspiração tem muita historia: anestesia, resultados ruins... O que é mito e o que é verdade neste tipo de cirurgia?

ES - Precisamos analisar com muita cautela as complicações com a lipoaspiração. Estatisticamente hoje há muito mais complicações do que no passado, mas por outro lado, há muitos médicos não qualificados que realizam lipoaspiração e outros procedimentos estéticos. Na busca de “dinheiro fácil”, há uma invasão das especialidades de Cirurgia Plástica e Dermatologia por médicos que vêem focando os procedimentos como fonte de lucro. Realizam geralmente um curso “Medicina Estética” que não é aceito como especialidade pelo Conselho Federal de Medicina, e passam a realizar procedimentos que os dermatologistas e Cirurgiões Plásticos levaram anos para se qualificar. Para se ter uma idéia, antes de realizar qualquer residência em Cirurgia Plástica, temos que realizar especialização em Cirurgia Geral. Esta, como o nome diz – Cirurgia Geral - é a base de todas as cirurgias e aí aprendemos os cuidados antes, durante e após o procedimento cirúrgico.

Para diminuir drasticamente as chances de complicações em lipoaspiração, sugerimos que antes de realizar um procedimento, cheque no site do Conselho Federal de Medicina (CFM) a especialidade do profissional.


PIT - Saber que o resultado de uma cirurgia plástica faz o seu paciente ter uma vida melhor deve ser gratificante. Como você se sente?

ES - Tenho a sorte e felicidade de adorar o que faço. Muitas vezes, durante os procedimentos, quando podemos ver como o paciente vai ficar depois do tempo de recuperação (edema-inchaço), sinto uma felicidade e alegria em poder ajudar o próximo. É muito gratificante este lado sutil e místico.

PIT - Em que momento antes de uma cirurgia plástica o médico se faz importante para que o paciente sinta-se seguro do que está fazendo?

ES - Acho que muitas vezes transmitimos uma segurança e confiança ao paciente que transcende os nossos 5 sentidos. É uma energia de confiança que se passa seja através de uma palavra, gesto, como segurar a mão ou apenas um olhar. O professor Pitanguy dizia que tínhamos que “sentir o paciente” – muitos anos se passaram até que pude compreender o que o mestre estava se referindo.


PIT - Com anos de profissão e experiência, o que mais você espera da medicina?

ES - Digo aos meus pacientes que a verdade de hoje será a mentira de amanhã. Ao longo dos anos, décadas e séculos, podemos ver como a medicina evoluiu e continua evoluindo. Acho que no futuro as células tronco dominarão a medicina com curas, rejuvenescimento e outras coisas que não podemos nem imaginar.


PIT - Que conselho você pode dar para o aluno de medicina que deseja se especializar em medicina estética?

ES - Primeiro aprenda bem a medicina geral que é a base. Se desejar e tiver vocação para a área cirúrgica, faça uma boa residência em Cirurgia Geral e depois faça especialização em Cirurgia Plástica. Se a vocação for Clínica, faça residência em Dermatologia e só depois vá para a área de estética. Desta forma terá a base para construir uma boa e sólida carreira.

PIT - Obrigada por sua participação e deixe aqui o seu recado!

ES - Gostaria de agradecer a oportunidade de participar do seu Blog e dar duas sugestões àqueles que pensam em realizar uma Cirurgia Plástica:

1- Não deixem de visitar pelo menos dois profissionais antes de fazer sua plástica.

2- Sempre cheque a especialidade do profissional no site do CFM (http://www.portalmedico.org.br/novoportal/index5.asp)

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