Shalom!
Muitas famílias se perderam no Holocausto. E um homem, desde pequeno, ficou intrigado com o sumiço de seis de seus familiares. O livro “Os desaparecidos – a procura de 6 em 6 milhões de vitimas do Holocausto”, lançado agora no Brasil, retrata esta história.
Com vocês o autor norte americano Daniel Mendelsohn!
PIT - Olá Daniel um prazer tê-lo aqui no Papo em Comunidade!
DM - Ok. Obrigado.
PIT - “Os Desaparecidos” foi best-seller não só nos EUA, mas também em outros países como França, Reino Unido, Austrália e Israel. Você esperava por isto? Qual foi sua reação ao saber de tanto sucesso?
DM - Não esqueça da Itália! Nenhum escritor “espera” que seu livro vire um best-seller (ou qualquer outra coisa); você apenas escreve o livro e torce pelo melhor.
Eu acho que este livro teve um tremendo apelo internacional por que:
a) É uma história de família – ele remete a história de uma única família;
b) É um livro sobre como contar histórias e todos gostam de uma boa história;
c) Tem a estrutura da Odisséia junto com uma história de detetive
que é uma irresistível estrutura narrativa.
Portanto, não fico surpreso que tenha atraído tantas pessoas – estas são as narrativas que as pessoas sempre amaram, desde Homero!
PIT - Quais suas expectativas quanto ao lançamento no Brasil? Você pretende visitar o país?
DM - Não estou familiarizado com o mercado brasileiro, portanto não posso ter expectativas – obviamente espero que agrade as pessoas que gostem de literatura em geral e também aqueles que têm um interesse particular em história familiar, história do mundo, temas judaicos e outros aspectos mais específicos do livro também.
Se eu pretendo visitar – sim eu espero!! Sempre fui muito ansioso para ir ao Brasil e esta será uma oportunidade maravilhosa. Se minha editora marcar um lançamento no Brasil, lógico que irei. (Sou um louco por praia!)
PIT - Você leu livros sobre o Holocausto para ter mais idéias sobre o assunto?
DM - De modo algum – acho que nunca li um livro sobre Holocausto, não é um assunto que tenha me interessado. Lendo o livro você verá que não é um livro de História e na minha cabeça não é um livro sobre Holocausto. É um livro sobre família, memória de família, como as memórias são transferidas de uma geração para a outra – e de jeito nenhum é um “livro de história sobre o Holocausto”, eu nunca teria escrito um livro assim.
PIT - Como foi para você remexer em coisas e pessoas do passado para entender o presente? Como se deu a sua pesquisa?
DM - A melhor resposta para esta pergunta está no livro...
PIT - O que mudou no seu dia a dia, na sua vida, depois do livro escrito, pronto?
DM - Eu passei muito tempo nos aeroportos...
PIT - Em “Os Desaparecidos” você vai montando o quebra-cabeça até tudo se encaixar. Qual foi o momento ou a passagem mais importante que você pode destacar pra gente? E por quê?
DM - Bem, obviamente o mais dramático foi o fim, quando – por acidente – eu descobri “a verdade” sobre o que aconteceu com meu tio avô, o que foi um mistério e que, após muita viagem, pareceu que nunca saberíamos realmente o que houve. Mas eu não diria que um momento foi mais importante que o outro porque, precisamente, o livro É um quebra-cabeça então cada peça é crucial para entender o todo.
PIT - Desde pequeno você ouvia histórias de seu avô sobre seu tio. Mas quando você decidiu arregaçar as mangas e começar a escrever e a investigar?
DM - Bem, como digo na primeira parte do livro, minha infância foi realmente o início da minha obsessão pelo meu tio Shmiel e sua família – então, de uma maneira, eu escrevi este livro (ou estava pronto para escrevê-lo) toda minha vida. Porém mais especificamente, eu poderia dizer que, quando cheguei aos 40, falei para mim mesmo: “talvez agora seja finalmente a hora de descobrir o que pode ser descoberto sobre esta história”.
PIT - O romance não tem um tempo cronológico definido. Ele vai no passado e volta ao presente diversas vezes e é bem minucioso nos detalhes. Esta pode ser considerada a marca registrada da narrativa? E você pensou em escrever desta maneira por algum motivo?
DM - A principal preocupação do livro é a narrativa e a “contação de história” – quais são os estilos e técnicas que usamos para contar histórias? Eu deixo bem claro na primeira parte do livro que a estrutura que ele seguirá é a mesma das histórias do meu avô (que tinha, como aprendi depois, a mesma “composição” usada por Homero na Ilíada e Odisséia: a história se desenvolve com freqüências de volta ao tempo para fornecer informações importantes do passado para explicar o presente) há uma lentidão no começo, com muitas informações que você não tem certeza porque estão ali, e a história começa a se mover rapidamente até, que no fim , todas as histórias, as narrativas do passado 0 que pareciam não estar conectadas com a história principal – chega junto de um jeito muito dramático. Este livro é, na minha cabeça, um livro sobre narrativa e prazeres – e perigos atraentes – de como “historias” transformam “o que aconteceu” em “ a historia do que aconteceu” – o que podem ser duas coisas muito diferentes. Neste sentido, é um livro sobre o que podemos chamar “historiografia” – o processo cuja história é escrita.
PIT - Existem vários livros, filmes, documentários sobre o Holocausto. E este assunto é sempre importante lembrar sempre que possível para não deixar que isso aconteça de novo. Como você vê a questão do anti-semitismo no mundo atualmente e qual a importância da divulgação de um livro como o seu?
DM - Bom, as pessoas sabem muito sobre o Holocausto, e continuam deixando acontecer de novo em todo o mundo. É demais para o “poder dos livros”. Eu certamente não escreveria meu livro para mudar o mundo, como todos os escritores, eu escrevi porque tinha o livro dentro de mim. Não acho que este (ou qualquer livro) mudará o anti-semitismo, na minha experiência as pessoas que querem odiar os judeus vão achar motivos para odiá-los com ou sem livros! Se o meu livro tem “importância” eu diria que talvez seja pelo inimaginável grande evento e o estreito foco em um pequeno grupo de seis pessoas num jeito que qualquer um com um cérebro e um coração pode se conectar.
Eu recebi milhares de e-mails e cartas de pessoas de todo o mundo dizendo: “Eu li seu livro e agora eu sinto e entendo o Holocausto pela primeira vez”. Então isto talvez seja importante.
PIT - Daniel, obrigada por sua entrevista e deixe seu recado!
DM - De nada. Leiam “Os Desaparecidos” e aproveitem!
Muitas famílias se perderam no Holocausto. E um homem, desde pequeno, ficou intrigado com o sumiço de seis de seus familiares. O livro “Os desaparecidos – a procura de 6 em 6 milhões de vitimas do Holocausto”, lançado agora no Brasil, retrata esta história.
Com vocês o autor norte americano Daniel Mendelsohn!
PIT - Olá Daniel um prazer tê-lo aqui no Papo em Comunidade!
DM - Ok. Obrigado.
PIT - “Os Desaparecidos” foi best-seller não só nos EUA, mas também em outros países como França, Reino Unido, Austrália e Israel. Você esperava por isto? Qual foi sua reação ao saber de tanto sucesso?
DM - Não esqueça da Itália! Nenhum escritor “espera” que seu livro vire um best-seller (ou qualquer outra coisa); você apenas escreve o livro e torce pelo melhor.
Eu acho que este livro teve um tremendo apelo internacional por que:
a) É uma história de família – ele remete a história de uma única família;
b) É um livro sobre como contar histórias e todos gostam de uma boa história;
c) Tem a estrutura da Odisséia junto com uma história de detetive
que é uma irresistível estrutura narrativa.
Portanto, não fico surpreso que tenha atraído tantas pessoas – estas são as narrativas que as pessoas sempre amaram, desde Homero!
PIT - Quais suas expectativas quanto ao lançamento no Brasil? Você pretende visitar o país?
DM - Não estou familiarizado com o mercado brasileiro, portanto não posso ter expectativas – obviamente espero que agrade as pessoas que gostem de literatura em geral e também aqueles que têm um interesse particular em história familiar, história do mundo, temas judaicos e outros aspectos mais específicos do livro também.
Se eu pretendo visitar – sim eu espero!! Sempre fui muito ansioso para ir ao Brasil e esta será uma oportunidade maravilhosa. Se minha editora marcar um lançamento no Brasil, lógico que irei. (Sou um louco por praia!)
PIT - Você leu livros sobre o Holocausto para ter mais idéias sobre o assunto?
DM - De modo algum – acho que nunca li um livro sobre Holocausto, não é um assunto que tenha me interessado. Lendo o livro você verá que não é um livro de História e na minha cabeça não é um livro sobre Holocausto. É um livro sobre família, memória de família, como as memórias são transferidas de uma geração para a outra – e de jeito nenhum é um “livro de história sobre o Holocausto”, eu nunca teria escrito um livro assim.
PIT - Como foi para você remexer em coisas e pessoas do passado para entender o presente? Como se deu a sua pesquisa?
DM - A melhor resposta para esta pergunta está no livro...
PIT - O que mudou no seu dia a dia, na sua vida, depois do livro escrito, pronto?
DM - Eu passei muito tempo nos aeroportos...
PIT - Em “Os Desaparecidos” você vai montando o quebra-cabeça até tudo se encaixar. Qual foi o momento ou a passagem mais importante que você pode destacar pra gente? E por quê?
DM - Bem, obviamente o mais dramático foi o fim, quando – por acidente – eu descobri “a verdade” sobre o que aconteceu com meu tio avô, o que foi um mistério e que, após muita viagem, pareceu que nunca saberíamos realmente o que houve. Mas eu não diria que um momento foi mais importante que o outro porque, precisamente, o livro É um quebra-cabeça então cada peça é crucial para entender o todo.
PIT - Desde pequeno você ouvia histórias de seu avô sobre seu tio. Mas quando você decidiu arregaçar as mangas e começar a escrever e a investigar?
DM - Bem, como digo na primeira parte do livro, minha infância foi realmente o início da minha obsessão pelo meu tio Shmiel e sua família – então, de uma maneira, eu escrevi este livro (ou estava pronto para escrevê-lo) toda minha vida. Porém mais especificamente, eu poderia dizer que, quando cheguei aos 40, falei para mim mesmo: “talvez agora seja finalmente a hora de descobrir o que pode ser descoberto sobre esta história”.
PIT - O romance não tem um tempo cronológico definido. Ele vai no passado e volta ao presente diversas vezes e é bem minucioso nos detalhes. Esta pode ser considerada a marca registrada da narrativa? E você pensou em escrever desta maneira por algum motivo?
DM - A principal preocupação do livro é a narrativa e a “contação de história” – quais são os estilos e técnicas que usamos para contar histórias? Eu deixo bem claro na primeira parte do livro que a estrutura que ele seguirá é a mesma das histórias do meu avô (que tinha, como aprendi depois, a mesma “composição” usada por Homero na Ilíada e Odisséia: a história se desenvolve com freqüências de volta ao tempo para fornecer informações importantes do passado para explicar o presente) há uma lentidão no começo, com muitas informações que você não tem certeza porque estão ali, e a história começa a se mover rapidamente até, que no fim , todas as histórias, as narrativas do passado 0 que pareciam não estar conectadas com a história principal – chega junto de um jeito muito dramático. Este livro é, na minha cabeça, um livro sobre narrativa e prazeres – e perigos atraentes – de como “historias” transformam “o que aconteceu” em “ a historia do que aconteceu” – o que podem ser duas coisas muito diferentes. Neste sentido, é um livro sobre o que podemos chamar “historiografia” – o processo cuja história é escrita.
PIT - Existem vários livros, filmes, documentários sobre o Holocausto. E este assunto é sempre importante lembrar sempre que possível para não deixar que isso aconteça de novo. Como você vê a questão do anti-semitismo no mundo atualmente e qual a importância da divulgação de um livro como o seu?
DM - Bom, as pessoas sabem muito sobre o Holocausto, e continuam deixando acontecer de novo em todo o mundo. É demais para o “poder dos livros”. Eu certamente não escreveria meu livro para mudar o mundo, como todos os escritores, eu escrevi porque tinha o livro dentro de mim. Não acho que este (ou qualquer livro) mudará o anti-semitismo, na minha experiência as pessoas que querem odiar os judeus vão achar motivos para odiá-los com ou sem livros! Se o meu livro tem “importância” eu diria que talvez seja pelo inimaginável grande evento e o estreito foco em um pequeno grupo de seis pessoas num jeito que qualquer um com um cérebro e um coração pode se conectar.
Eu recebi milhares de e-mails e cartas de pessoas de todo o mundo dizendo: “Eu li seu livro e agora eu sinto e entendo o Holocausto pela primeira vez”. Então isto talvez seja importante.
PIT - Daniel, obrigada por sua entrevista e deixe seu recado!
DM - De nada. Leiam “Os Desaparecidos” e aproveitem!
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