quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Shalom!
O Papo de hoje é com um imortal:
Com vocês: Moacyr Scliar!
PIT - Ola Moacyr um prazer tê-lo aqui no Papo em Comunidade!
MS -
Olá Patricia!

PIT - Você diz que escreve há muito tempo. Quando você definiria o começo de tudo? E o que te fez começar escrever?
MS -
Fui motivado em primeiro lugar pelas histórias que meu pai, imigrante e grande narrador, conta sobre sua vida no Brasil, e depois, pelo estímulo à leitura proporcionado por minha mãe, que era professora primária e grande leitura. Gostando de histórias e gostando de livros, não tardou para que eu começasse a escrever.

PIT - No seu recente livro “O Texto, ou: a Vida uma trajetória literária” você conta sua historia através dos seus textos. Como surgiu esta idéia? O que te levou a fazer uma autobiografia?
MS -
A editora queria uma coletânea de meus textos, mas eu já tenho várias coletâneas desse tipo. Ocorreu-me então a idéia de refazer minha própria trajetória através dos textos.

PIT - Você conciliou sua carreira de medico com a de escritor. Em algum momento uma se sobrepôs à outra? Você pensou em priorizar alguma e desistir da outra ou elas se complementam?
MS -
São coisas que se complementam. Muitas das minhas vivências médicas estão no que escrevo, e me tornei melhor médico graças à literatura.

PIT - Vários textos são fatos de sua vida. Ao escrevê-los você pensa como escrevendo um diário?
MS -
Não, penso no texto mesmo: crônica, conto...

PIT - O que te inspira? Você tem algum processo para escrever? Gosta mesmo que olhem pelos seus ombros? Vaidade das vaidades??
MS -
Qualquer coisa pode inspirar, uma notícia de jornal, uma pessoa que conheci, uma história que me contaram, um trecho da Bíblia... E todo mundo escreve para ser lido. É um pouco de vaidade, mas é, sobretudo o desejo de comunicação.

PIT - Falando em vaidade, você já recebeu vários prêmios. Inclusive com este novo livro. Um premio estimula o escritor?
MS -
Sim, massageia o ego, mas a certa altura a gente descobre que o melhor prêmio é a satisfação com o texto bem escrito.

PIT - Você ocupa a cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras. Como é ser um imortal?
MS -
É algo que me dá orgulho, sobretudo por representar meu estado, o RS, na ABL, mas estou bem consciente de que literatura é coisa que se faz na solidão da sala, diante do computador.

PIT - No livro você passa uma idéia de que escrever é importante para o individuo. Na sua opinião as pessoas devem “escrever” a vida?
MS -
'Não, devem vivê-la, mas escrever ajuda a entender a vida.

PIT - Você diz que os textos devem ser mostrados. Você acredita que, hoje em dia, os blogs são uma forma alternativa de passar uma idéia a diante? Uma maneira de praticar a escrita antes de publicá-la efetivamente?
MS -
Sou fã dos blogs, e acho que é uma boa maneira de divulgar os textos.

PIT - No seu versinho da vela* baixou um “Augusto dos Anjos”? Risos *“Não te dás conta, pobre tola/ao aniversariares com paixão,/que a vela que arde no bolo,/é a mesma que enfeita o caixão?”
MS -
Não, acho que Augusto dos Anjos transita em outra esfera...

PIT - Moacyr, muito obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
MS -
Parabéns por este belo trabalho!


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