quinta-feira, 10 de abril de 2008


Shalom!

O Papo em Comunidade de hoje traz um jovem jornalista, que já tem muito o que contar! Diretamente de São Paulo: Jairo Roizen!

PIT - Olá Jairo, muito bom ter você aqui no Papo em Comunidade!
JR - Eu que agradeço este convite de poder bater um papo com os internautas através do seu blog.

PIT - Como começou sua trajetória no jornalismo?
JR - Minha trajetória no jornalismo, acho que começou quando eu tinha uns 14 ou 15 anos, e aprendi a gostar de ler os cadernos de esportes dos jornais para saber notícias sobre o melhor time do mundo, o Corinthians é claro. Assim, consequentemente, veio a paixão pelo jornalismo, pela notícia. Mas profissionalmente, tudo começou em 2002, quando eu ainda estava no primeiro ano da faculdade de Comunicação da PUC, sem muita noção de o que fazer da vida, e fui convidado pelo diretor da Revista Semana Judaica (atualmente Revista Shalom), Nessim Hamaoui, para ser repórter. Não tinha nenhuma experiência, não sabia escrever jornalisticamente, não sabia tirar fotos; entrei para aprender e passei 6 meses muito produtivos lá, que me fizeram ter a certeza de que o jornalismo era o meu caminho. Costumo dizer que se não fosse o Nessim talvez hoje eu estivesse em outro ramo da comunicação, ou de outra profissão. Por isso até hoje tenho muito prazer em escrever para as publicações dele, afinal, é sempre bom estar em nossa casa, no lugar que nos abriu as portas.

PIT - Você também se enveredou pelos caminhos da assessoria de imprensa e ainda por cima da ex prefeita de São Paulo Marta Suplicy! Como foi esta experiência?
JR - Esta foi uma experiência sensacional, principalmente pelo fato de que eu sempre fui conhecido por posições políticas não muito alinhadas com as posições do PT. De repente, em novembro de 2002, me vejo sentado em uma mesa da secretaria de comunicação do município como membro da assessoria direta da prefeita Marta Suplicy, um dos maiores nomes do PT em São Paulo. Foi um aprendizado maravilhoso, conheci cada pedacinho desta cidade, fiquei sabendo de problemas que as pessoas enfrentam diariamente para pegarem um ônibus, comer, viver. Coisas que eu nem imaginava que existiam. Fui em bairros pobres, como Ermelino Matarazzo, onde vi crianças com o olho roxo, pois tinham apanhado dos pais. Vi a miséria. Isso tudo me fez aprender a dar mais valor a vida, mudar algumas posições políticas, enxergar o mundo e a cidade onde vivo, de uma maneira responsável. Além disso, teve o convívio com a prefeita Marta, que apesar de aparentar ser uma pessoa com “nariz empinado”, pude parecer que ela é muito boa, moderna, com ideais fortes e com garra. Claro que algumas vezes ela errou na sua gestão, mas ela acertou bastante, principalmente com a população mais carente de São Paulo. Eu não era petista, e nem me tornei após os quase 3 anos de prefeitura, mas passei a entender e respeitar mais as posições daquele partido. Guardo com muito carinho este período, e digo que foi uma honra trabalhar para a prefeita Marta Suplicy, uma experiência sem igual.

PIT - Você é apresentador do Shalom Brasil, um programa voltado para a comunidade judaica paulistana. Como você chegou lá? Qual a entrevista ou matéria que mais te marcou? Por quê?
JR - Logo depois de ter saído da prefeitura, o Marcel e a Tânia Hollender me convidaram para trabalhar no Shalom Brasil, durante 2 anos fui repórter, e há exatamente 1 ano me tornei o âncora do programa. Fiz algumas matérias sensacionais, como por exemplo, a cobertura da Macabiada 2005 em Israel. Acho que consegui transmitir na reportagem toda emoção que as pessoas que ali estavam também sentiram. Recebemos na redação alguns e-mails de telespectadores dizendo que se emocionaram com a série de reportagens e que sentiram-se mais perto de Israel. Teve outras matérias, como a cobertura da visita do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao Estado de Israel; o Show da Sarit Haddad (que eu sou fã) e a Marcha da Vida Regional. Mas uma das matérias que marcou mesmo foi sobre os judeus pobres. Acho que passei alguns dias sem dormir, pensando como eu ia fazer para mostrar a história daquelas pessoas, sem tirar a dignidade delas. Confesso que quando assisti a reportagem na televisão, eu estava sozinho, trancado no meu quarto e chorei. Passei aquele final de semana pensando que eu não deveria ter feito aquela reportagem, que o jornalismo tinha limites. Mas na segunda-feira, a repercussão e a ligação de uma das diretoras da Unibes, Anita Schuartz (que eu admiro), dizendo que a matéria foi digna, me tranqüilizaram. Até hoje não sei se eu deveria ter feito, mas sei que como jornalista, cumpri o meu papel.

PIT - Atualmente você também é assessor executivo de comunicação da FISESP (Federação Israelita do Estado de São Paulo). Como é trabalhar numa comunidade tão expressiva e quais os maiores desafios?
JR - Trabalhar para comunidade judaica, na Federação, é a realização de um sonho. A comunidade judaica sempre me deu muito; valores, educação, ideais, sionismo e caráter. Trabalhando na Federação, sinto que posso dar a minha modesta contribuição e tentar retribuir por tudo que a comunidade judaica já me deu. Eu fazia parte do conselho deliberativo, e em abril de 2007 fui convidado pelo Ricardo Berkiensztat, que recém tinha assumido a vice-presidência executiva, para fazer parte do time de profissionais da Federação. Com a entrada também do novo presidente Boris Ber, começamos a fazer uma “revolução” na comunicação, que é uma das áreas mais importantes da entidade. Reformulamos o site (www.fisesp.org.br), os informativos semanais, estamos mais próximos da entidades, acompanhando os encontros políticos, monitorando as notícias e contamos com uma assessoria de imprensa forte. O nosso maior desafio é encarar de frente a guerra da comunicação, guerra esta que estamos perdendo através da desinformação e manipulação dos fatos reais. Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo. O terrorismo e seus patrocinadores utilizam da manipulação de fatos reais e históricos para atingir seu principal objetivo; a destruição de valores democráticos e justos do judaísmo. Temos que reverter este jogo e mostrar para o mundo todo o que os judeus realmente fazem para a humanidade, mostrar a nossa justiça social, mostrar aquilo que uma campanha da Federação de alguns anos atrás tentou, que judaísmo faz bem e faz o bem. Me identifico muito com o Ricardo Berkiensztat, e o bom andamento do meu trabalho tem sido possível graças a confiança que Boris Ber e ele depositam em mim. Não posso deixar de falar também de pessoas como Alberto Milkewitz, Liane Zaidler, Marcia Winnig e Marcelo Secemski que desde o começo estão me ajudando e ensinando os caminhos para fazer meu trabalho funcionar.

PIT - Com tantas ocupações você está prestes a lançar um novo programa de TV. Como será este programa, como surgiu a idéia? Vai ser voltado para a comunidade judaica também?
JR - O programa é o Falando Nisso, um "talk show" semanal, apresentado por mim e produzido pela Tama Vídeo, a mesma produtora que faz o Shalom Brasil. O programa estréia dia 14 de abril e trará muita informação e utilidade pública. Além de "jornalismo com jeito de conversa", o Falando Nisso abordará, num formato descontraído, os mais diversos e relevantes assuntos do cotidiano. A idéia surgiu em um bate-papo com o Marcel Hollender, e junto com a equipe da Tama Vídeo, resolvemos encarar mais este desafio. O programa não é voltado para comunidade judaica, é para todos, mas é claro que a comunidade vai ter seu espaço, vamos tentar trazer sempre judeus de destaque. Inclusive, o programa de estréia terá a participação do sociólogo Florano Pesaro, que é judeu e foi secretário municipal de assistência e desenvolvimento social. O programa será transmitido pela TV ABERTA/SP - Canais: 9 NET / 72 TVA / 186 TVA DIGITAL - Segunda das 22:00 às 22:30 e também através do site: www.falandonisso.net

PIT - O que falta ainda fazer? Qual o maior sonho do Jairo?
JR - Falta muito, ainda sou jovem (26 anos) e quero realizar muitas coisas. Sonho em cada vez mais aprimorar meu trabalho na Federação, fazer o Shalom Brasil e o Falando Nisso crescerem. Sonho em poder um dia participar da cobertura do carnaval (que é uma das minhas paixões) em alguma emissora de TV e escrever um livro sobre o perfil da comunidade judaica. Mas o meu sonho verdadeiro, eu conquisto dia-a-dia, que é a alegria dos meus pais, Rosa Helena e Manuel. Ver o sorriso deles e saber que eles se orgulham de cada passo que eu dou é o meu maior incentivo, é a minha maior recompensa. Sonho em poder continuar proporcionando esta alegria por muitos e muitos anos.

PIT - O que você diria para quem quer ser jornalista?
JR - Vou parafrasear algo que li no início de minha carreira, e que tento seguir como lema: “Leia muito; escreva e reescreva sempre; jamais fique satisfeito com o que fez; desconfie de tudo que lhe contem; seja o primeiro a chegar na redação ou no ambiente de trabalho, se possível,o último a sair. Se não estiver disposto a seguir estas regras, vá procurar outro trabalho”.

PIT - Jairo, muito obrigada por seu bate-papo e deixe aqui o seu recado!
JR - Muito obrigado pelo bate-papo e pela força, e antes de encerrar gostaria de lembrar que este ano Israel completa 60 anos, e que é muito importante que todos participem desta comemoração, que expressem o seu orgulho em ser judeu e seu amor pelo Estado de Israel – AM ISRAEL CHAI!. Quem quiser continuar esta conversa é só me mandar um e-mail: jroizen@globo.com, ou me procurar no orkut, pelo nome: Jairo Roizen. Podem também acompanhar meu trabalho através dos sites: www.fisesp.org.br, www.falandonisso.net, shalombrasil@shalombrasil.com.br.


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