quinta-feira, 1 de maio de 2008



Em época de Iom Hashoá (Dia do Holocausto), que nos faz refletir sobre o passado, nada melhor do que conhecer o Museu Judaico do Rio de Janeiro e bater um papo com seu presidente, Max Nahmias.

Shalom!


PIT - Max, o que você fazia antes de assumir a presidência do Museu Judaico?
MN
- Bem, sou economista de profissão, tendo começado a trabalhar com 14 anos, em uma subsidiária da Gulf Oil Corporation aqui no Rio. Depois de formado, trabalhei como administrador de empresas em várias multinacionais, chegando por último ao Citibank, N.A. onde fiz carreira e cheguei à vice-presidente do banco. Depois que me aposentei ainda fiz consultoria financeira por algum tempo.


PIT - O que te levou a ser o Presidente do Museu Judaico?
MN
- Nasci no seio de uma família tradicional judaica. Meus pais e avós são oriundos do Marrocos, de onde saíram para viver na Amazônia, no início do século XX. Desde jovem me senti atraído por tudo o que diz respeito ao judaísmo: sua história, religião, cultura, seus valores éticos e morais. Tudo isto faz parte de uma herança tão rica e abrangente que resolvi, tão logo tive condições, trabalhar em uma instituição como o Museu Judaico que tem como objetivo, divulgar, preservar e dinamizar a história, a cultura e as tradições de nosso povo. Antes participei das diretorias do Cemitério Comunal Israelita e da Sinagoga Shel Guemilut Hassadim.


PIT - Como surgiu a idéia do museu? Desde quando ele existe?
MN
- O Museu Judaico foi fundado em 1977 pelos casais Naum e Ester Kosovski, Jorge e Bela Josef e Chaim e Rosa Szwertszarf, instalando-se provisoriamente na Biblioteca Klepfisz em Copacabana, e transferindo-se depois para o Lar das Crianças Rosa Waisman, na Tijuca, onde permaneceu por três anos. Com o apoio de outros ativistas da comunidade, os fundadores engajaram-se no trabalho, para depois verificarem os meios, como nossos antepassados haviam prometido: “Fazer para depois ouvir”.

Desde 1986 o Museu está instalado na atual sede (Rua México 90, 1o. andar), cedida em comodato pela Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro. Todas as atividades são realizadas graças à participação generosa de nossa equipe de voluntários, entre eles os membros da diretoria.


PIT - O que as pessoas podem encontrar no museu?
MN
- A primeira peça do acervo foi uma menorá (candelabro de sete braços, um dos símbolos do judaísmo), réplica de uma menorá italiana do século XVIII, adquirida do antiquário e artesão José Feldman, que, nascido na Rússia em 1899, viveu no Rio de 1925 até sua morte, em 1978. Com o objetivo de que cada lar judaico tivesse uma chanukiá (candelabro de oito braços, objeto do ritual judaico usado por ocasião de Chanuká), ele passou a reproduzir estas peças. O conjunto de 69 candelabros exibidos no Museu Judaico constitui a coleção Feldman, doada pelo casal Leon e Yvone Herzog. Todas essas peças fazem parte de nossa exposição permanente.
Dentre outras peças em exposição, como quadros e esculturas, e objetos relativos ao Holocausto, como uniforme de campo de concentração e outros itens usados por prisioneiros judeus, o Museu possui uma coleção de peças arqueológicas, como moedas romanas, vasos em cerâmica e terra cota, e outros objetos de bronze do período dos patriarcas, entre 1800 e 1500 a.e.c.
O Museu Judaico possui um Departamento Áudio-visual com acervo de mais de mil e 400 vídeos, desde documentários a filmes de ficção, sobre temas que têm ligação com o povo judeu, realizando sessões regulares em sua sede e emprestando material para escolas. Também possui um Centro de Estudos sobre o Holocausto, com acervo de 300 livros, além de documentos, vídeos e depoimentos de sobreviventes.


PIT - O acervo é feito de doações? Como costuma acontecer?
MN
- Sim, o nosso acervo é constituído por doações. As pessoas que sabem da existência do Museu têm nos procurado para fazer doações de peças, objetos, quadros, livros, etc.


PIT - O Museu também faz eventos. O que você pode nos adiantar?
MN
- Realizamos, além de exposições, ciclos de palestras, exibição de filmes e lançamento de livros. Entre os eventos produzidos pelo Museu Judaico nos últimos anos, mencionamos a exposição Autores Judeus no Rio de Janeiro (1999), com a mostra de 240 livros publicados desde 1930, na Biblioteca Nacional; a exposição Anne Frank, Uma História para hoje (2000) no Museu Histórico Nacional; a exposição Vistos para a Vida, Diplomatas que Salvaram Judeus (2001), no Museu da República; exposição e palestras em lembrança ao dia do Holocausto (Iom Hashoá Uguevurá) e aos 60 anos do levante do Gueto de Varsóvia, na Academia Brasileira de Letras, em abril de 2003; exposição Os desenhos das crianças de Terezin e mesa redonda Arte e Holocausto realizada no Museu Histórico Nacional, em abril de 2004; exposição fotográfica Observances, do fotógrafo Emmanuel Santos, do acervo Judaico da Austrália, realizada no Centro de Cultura da Justiça Federal, em dezembro de 2004; exposição Janusz Korczak e mesa redonda sobre sua Vida e Obra, inaugurada na Casa de Cultura Laura Alvim, em agosto de 2005; exposição Sinagogas Alemãs com peças do acervo do Museu Judaico, inaugurada no Museu Histórico Nacional, em agosto de 2005; exposição A Fonte e mesa-redonda “O Significado da cidade de Jerusalém para o monoteísmo”, inaugurada no Museu Judaico, em abril de 2006; e por último a exposição Criptojudeus: a chama que a inquisição nunca conseguiu apagar, do acervo da Shavei Israel, realizada no Museu Judaico, em julho de 2007.

Realizamos anualmente, há nove anos, um evento ligado ao Holocausto, um concurso de redações com o tema “Carta a um sobrevivente” entre os alunos de ensino médio das escolas judaicas do Rio de Janeiro.

Nosso próximo evento será em comemoração aos 60 anos da Independência de Israel, em nossa sede. Vamos inaugurar a exposição “Israel sob os meus olhos”, composta por 40 fotografias que retratam a diversidade cultural, religiosa, gastronômica de povos de Israel. O evento ainda terá exibição de documentário e palestras por Jacob Dolinger e Didi Appelbaum.


PIT - O Museu costuma receber visitas de instituições não judaicas? Existe um programa para o conhecimento/visitação da comunidade maior?
MN
- O Museu está aberto para toda a sociedade. Recebemos visitas de estudantes, pesquisadores e do público em geral, inclusive muitos turistas judeus do mundo inteiro.


PIT - Qual o horário de funcionamento?
MN
- De segunda à quinta, das 10 às 16h e sexta, das 10 às 15h.


PIT - Qual o seu maior orgulho nestes anos frente à presidência?
MN
- Ter transformado o Museu em um pólo cultural dinâmico, de acordo com a concepção contemporânea de que os museus, enquanto instituições de memória caracterizam-se como meios de comunicação e disseminação de conhecimento, em que a tradição e a cultura são um elemento vivo e um fator de integração à comunidade. Pelo conjunto de suas atividades o Museu hoje desfruta de prestígio e elevado conceito entre as grandes instituições culturais do país.


PIT - O que você gostaria ainda de realizar?
MN
- Gostaria de conseguir uma casa para o Museu. Temos um enorme potencial de crescimento. Precisaríamos de um espaço, de pelo menos 400 m², onde pudéssemos abrigar um salão de exposição, auditório, biblioteca, etc.


PIT - Muito obrigada por seus esclarecimentos e deixe o seu recado aqui!
MN
- Obrigado a você. Visitem o Museu Judaico do Rio de Janeiro e tornem-se sócio, mais informações em http://www.museujudaico.org.br



3 comentários:

Lilian Abramovitch disse...

Oi Patrícia!
Parabéns pelo Blog, ótimas entrevistas!
Beijos,
Lilian.

Anônimo disse...

oi Patricia bom dia..
shalom..tenho recebido suas materias via email...e me delicio..a cada comentario e entrevista inteligente...
parabens....
acabei de chegar dos EUA onde tive a oportunidade de levar meu filho adolescente no museu do Holocausto em Washington DC.
realmente emocionou muito e fez refletir que graças a D-us esta nova geração esta coberta de segurança com nossa patria Israel....
acho que faz pensar refletir e emocionar......
Márcia

Anônimo disse...

Essa daí Lilian Abramovitch é uma tremenda de uma trambiqueira desonesta, que não paga a quem deve, e dá golpes nos outros, atolada de processos no TRT 10º DO DF, trabalhista dá golpes em familiares, não vale nada tremenda de uma 171!