Shalom!
As pessoas estão sempre em busca do parceiro ideal, da cara metade. Mas nem sempre se acerta. No desejo de entender e incrementar os relacionamentos, alguns casais buscam a terapia de casal.
No Papo de hoje a terapeuta Zeila Sliozbergas!
PIT - Olá Zeila! Bem vinda ao Papo em Comunidade!
ZS - Olá Patricia!
PIT - Para começar nosso papo, conte sobre você, sua formação...
ZS - Sou natural de São Paulo, vim para o Rio de Janeiro, após meu casamento com um carioca, em 1975. Me formei na PUC- Rio em Psicologia. Tenho dois filhos cariocas e um neto americano. Iniciei minha formação na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, onde estive por oito anos, lá trabalhei em enfermarias e ambulatórios no Serviço de Psicossomática chefiada pelo psicanalista Abram Eksterman e sua equipe. Recebi o título de Especialista em Psicologia Médica pela Faculdade de Medicina Sousa Marques. Em 1999 ingressei na Especialização em Geriatria e Gerontologia na Universidade Federal Fluminense e pude desenvolver um trabalho com os idosos e familiares. Trabalhei em um grupo de pessoas portadoras da Doença de Alzheimer e seus familiares, uma experiência preciosa. Terminado o curso, ainda permaneci por um ano neste grupo, me desligando em 2001.
PIT - Você se especializou em terapia de família e casal. O que te levou a este caminho?
ZS - A partir de então, por coincidência ou não, recebia em consultório particular casais e famílias. Tentando entender como trabalhar como psicanalista nestes novos contextos de casais e famílias busquei na PUC-Rio, uma especialização em Terapia de Família e Casal, cuja proposta é um diálogo entre a teoria sistêmica e a psicanálise, trabalho desenvolvido pela Dra. Teresinha Fères Carneiro, uma experiência fascinante. O tema família para mim é muito precioso, refere à herança de meus antepassados e da transmissão entre gerações, conscientes e inconscientes. Todos os dois movimentos, para o passado e para o futuro são fundamentais para nossa constituição como seres sócio-emocionais, imersos numa cultura. Pensar nossa família imersa nesta nova sociedade e cultura é nosso grande desafio.
PIT - Como você vê os relacionamentos de hoje?
ZS - Este é um tema muito complexo. Primeiro precisamos definir o que seja um relacionamento. Temos desde relações de namoros virtuais, casamentos formais, morar junto, ficar com o mesmo parceiro, etc. As propostas de relacionamento se ampliaram, relativas a década de 80 e de 90. Em nossa sociedade brasileira, estamos também experimentando outras possibilidades de relacionamentos chamados de "estáveis". Cada faixa etária vive um fenômeno de sua geração. Sem dúvida que todos desejam algo que lhes gratifiquem. A geração mais jovem até os 30 anos ou mais, deseja constituir família com alguém, em que possam confiar, dividir, crescer e realizar projetos. Os novos casamentos de pessoas acima dos 30 desejam encontrar parceiros mais adequados para continuar realizando seus desejos de ter filhos, estabilizar profissionalmente e economicamente. E os acima dos 50 anos desejam ter um companheiro para compartilhar suas vidas pessoais, não tanto sociais nem economicamente. O desejo de todas as gerações parece ser encontrar o companheiro afinado. O problema são os mal entendidos. A dificuldade de perceber que o sujeito, não é exatamente aquele, de que se espera algo. Conseguir identificar seus próprios desejos, perceber o outro como ele, pode ser uma tarefa árdua. As demandas de nossa sociedade nos impõem desejos que muitas vezes não nos pertence, resultados imediatos, projeções no outro de nossas expectativas, ignorando o que o outro quer e sente.
PIT - Você acredita que morar junto antes do casamento ajuda no relacionamento?
ZS - Esta experiência é muito singular, cada casal irá encontrar uma maneira de encontrar o seu ponto ótimo para decidir a hora de definir uma relação estável. Sem dúvida, que, quanto maior o conhecimento de como cada parceiro é, pensa, se comporta, maior é a intimidade do casal, o que promove maior segurança para prosseguir no crescimento da relação. Intimidade é uma conquista, seria a possibilidade de mostrar para o outro suas qualidade e defeitos, fundados nos sentimentos amorosos.
PIT - Falando ainda sobre isto, mesmo morando junto as pessoas ainda pensam em oficializar a relação?
ZS - Tenho observado na clínica, que o morar junto, traz o desejo de casamento (relação estável), podendo ser oficializado através de rituais sociais, religiosos, ou através do nascimento de um filho, que caracteriza a formação de uma família.
PIT - Você atende jovens casais. O que os leva a fazer uma terapia de casal? Qual a maior queixa nos atuais relacionamentos?
ZS - Jovens casais desejam realizar seus sonhos, querem que tudo dê certo, não querem repetir os erros vistos em suas famílias e amigos. Me encanto com o empenho destes jovens esclarecidos, bombardeados por informações, mudanças, buscando encontrar equilíbrio em suas vidas, lutando juntos para fundar o casal e futura família. Basicamente o que os leva a terapia, é o temor de não terem sido capazes de escolher um parceiro, que componha com eles, e serem rejeitados ao se mostrarem como são. Toda relação é construída pela confirmação de que somos aceitos e amados como somos. Estes casais estão aprendendo a se conhecerem como pessoas, através do outro, ao se conhecerem podem se articular dentro da relação. Pela ansiedade, se atropelam não se percebendo e atribuindo suas dificuldades a incompreensão do companheiro. A maior queixa que percebo na clínica, é a incapacidade de ver o companheiro como uma pessoa diferenciada, que traz costumes, princípios, histórias de vida próprias o que exige um esforço na compreensão desta diferença, não como um impasse, mas como uma composição. Ao compor com as diferenças, abre-se um novo caminho a futura geração, promovemos uma nova síntese de toda esta experiência.
PIT - Você deve ter historias curiosas... Pode nos contar alguma?
ZS - Um casal me procurou alguns meses antes do casamento, percebendo que tinham diferenças relativas a maneira como cada um desejava realizar este casamento. No entender da noiva deveria ocorrer com todos os rituais, religiosos e festivos, no entender do noivo, o casamento civil bastava. A festa de casamento era naquele momento um tema de impasse, havia também a questão religiosa das diferentes crenças das famílias. O que me fez pensar sobre a preocupação deste jovem casal de como lidar com estes primeiros impasses da relação a dois. Foram encaminhados por um parente, que também procurara ajuda antes de oficializar o casamento. Comentei que inaugurava em minha clínica uma nova proposta: uma terapia que visava a "preparação para o casamento". Algo com um sentido profilático, tipo, “precisamos nos preparar” para "sabermos se daremos certo". Situação que me fez refletir sobre o receio de errar, o medo do sofrer. Não entendendo uma experiência de vida como uma construção, mas com algo mais imediato onde se tem que acertar ou errar.
PIT - Qual a sua sugestão para os pais que tem filhos que estão namorando ou que querem se juntar?
ZS - Este é outro tema complexo. Pais com filhos jovens devem estar atentos, na medida do possível. Devem acompanhar os movimentos de seus filhos, atenção é sinônimo de cuidado e amor. Ao receberem os parceiros de seus filhos, tornam-se mais próximos destes novos elementos da família, o que permite diálogo. O que se tem observado em nome da privacidade dos filhos, é uma certa "compreensão" e distanciamento. Nem todos os pais acham natural, que seus filhos exerçam sua vida sexual dentro de casa. Poder se posicionar quanto aos seus conceitos morais, éticos, religiosos permite uma relação franca e adulta de ambas as partes. Sobre o morar junto, aponta para o desejo de mudança de status, de filho dependente, para aquele que deseja criar sua própria casa, sua própria família. Para isto, será preciso estar preparado emocionalmente, financeiramente. Estando o jovem casal pronto para bancar este novo empreendimento, os pais devem dar seu voto de confiança. Dizem que se criam os filhos para o mundo, um dia eles crescem e irão formar novas famílias, é o destino da humanidade.
PIT - Zeila, muito obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
ZS - Nós como pais ou como avós, ficamos perplexos diante das mudanças de costumes deste mundo contemporâneo. Sabemos que dentro da família sempre ocorreram conflitos, divergência de opiniões, ressentimentos. Em cada família existe um sistema de crenças e um elo poderoso, que a une, sentimentos amorosos, de respeito, de consideração.
Os novos entendimentos serão construídos, na medida em que se resgatem estes valores entre pais e filhos.
As pessoas estão sempre em busca do parceiro ideal, da cara metade. Mas nem sempre se acerta. No desejo de entender e incrementar os relacionamentos, alguns casais buscam a terapia de casal.
No Papo de hoje a terapeuta Zeila Sliozbergas!
PIT - Olá Zeila! Bem vinda ao Papo em Comunidade!
ZS - Olá Patricia!
PIT - Para começar nosso papo, conte sobre você, sua formação...
ZS - Sou natural de São Paulo, vim para o Rio de Janeiro, após meu casamento com um carioca, em 1975. Me formei na PUC- Rio em Psicologia. Tenho dois filhos cariocas e um neto americano. Iniciei minha formação na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, onde estive por oito anos, lá trabalhei em enfermarias e ambulatórios no Serviço de Psicossomática chefiada pelo psicanalista Abram Eksterman e sua equipe. Recebi o título de Especialista em Psicologia Médica pela Faculdade de Medicina Sousa Marques. Em 1999 ingressei na Especialização em Geriatria e Gerontologia na Universidade Federal Fluminense e pude desenvolver um trabalho com os idosos e familiares. Trabalhei em um grupo de pessoas portadoras da Doença de Alzheimer e seus familiares, uma experiência preciosa. Terminado o curso, ainda permaneci por um ano neste grupo, me desligando em 2001.
PIT - Você se especializou em terapia de família e casal. O que te levou a este caminho?
ZS - A partir de então, por coincidência ou não, recebia em consultório particular casais e famílias. Tentando entender como trabalhar como psicanalista nestes novos contextos de casais e famílias busquei na PUC-Rio, uma especialização em Terapia de Família e Casal, cuja proposta é um diálogo entre a teoria sistêmica e a psicanálise, trabalho desenvolvido pela Dra. Teresinha Fères Carneiro, uma experiência fascinante. O tema família para mim é muito precioso, refere à herança de meus antepassados e da transmissão entre gerações, conscientes e inconscientes. Todos os dois movimentos, para o passado e para o futuro são fundamentais para nossa constituição como seres sócio-emocionais, imersos numa cultura. Pensar nossa família imersa nesta nova sociedade e cultura é nosso grande desafio.
PIT - Como você vê os relacionamentos de hoje?
ZS - Este é um tema muito complexo. Primeiro precisamos definir o que seja um relacionamento. Temos desde relações de namoros virtuais, casamentos formais, morar junto, ficar com o mesmo parceiro, etc. As propostas de relacionamento se ampliaram, relativas a década de 80 e de 90. Em nossa sociedade brasileira, estamos também experimentando outras possibilidades de relacionamentos chamados de "estáveis". Cada faixa etária vive um fenômeno de sua geração. Sem dúvida que todos desejam algo que lhes gratifiquem. A geração mais jovem até os 30 anos ou mais, deseja constituir família com alguém, em que possam confiar, dividir, crescer e realizar projetos. Os novos casamentos de pessoas acima dos 30 desejam encontrar parceiros mais adequados para continuar realizando seus desejos de ter filhos, estabilizar profissionalmente e economicamente. E os acima dos 50 anos desejam ter um companheiro para compartilhar suas vidas pessoais, não tanto sociais nem economicamente. O desejo de todas as gerações parece ser encontrar o companheiro afinado. O problema são os mal entendidos. A dificuldade de perceber que o sujeito, não é exatamente aquele, de que se espera algo. Conseguir identificar seus próprios desejos, perceber o outro como ele, pode ser uma tarefa árdua. As demandas de nossa sociedade nos impõem desejos que muitas vezes não nos pertence, resultados imediatos, projeções no outro de nossas expectativas, ignorando o que o outro quer e sente.
PIT - Você acredita que morar junto antes do casamento ajuda no relacionamento?
ZS - Esta experiência é muito singular, cada casal irá encontrar uma maneira de encontrar o seu ponto ótimo para decidir a hora de definir uma relação estável. Sem dúvida, que, quanto maior o conhecimento de como cada parceiro é, pensa, se comporta, maior é a intimidade do casal, o que promove maior segurança para prosseguir no crescimento da relação. Intimidade é uma conquista, seria a possibilidade de mostrar para o outro suas qualidade e defeitos, fundados nos sentimentos amorosos.
PIT - Falando ainda sobre isto, mesmo morando junto as pessoas ainda pensam em oficializar a relação?
ZS - Tenho observado na clínica, que o morar junto, traz o desejo de casamento (relação estável), podendo ser oficializado através de rituais sociais, religiosos, ou através do nascimento de um filho, que caracteriza a formação de uma família.
PIT - Você atende jovens casais. O que os leva a fazer uma terapia de casal? Qual a maior queixa nos atuais relacionamentos?
ZS - Jovens casais desejam realizar seus sonhos, querem que tudo dê certo, não querem repetir os erros vistos em suas famílias e amigos. Me encanto com o empenho destes jovens esclarecidos, bombardeados por informações, mudanças, buscando encontrar equilíbrio em suas vidas, lutando juntos para fundar o casal e futura família. Basicamente o que os leva a terapia, é o temor de não terem sido capazes de escolher um parceiro, que componha com eles, e serem rejeitados ao se mostrarem como são. Toda relação é construída pela confirmação de que somos aceitos e amados como somos. Estes casais estão aprendendo a se conhecerem como pessoas, através do outro, ao se conhecerem podem se articular dentro da relação. Pela ansiedade, se atropelam não se percebendo e atribuindo suas dificuldades a incompreensão do companheiro. A maior queixa que percebo na clínica, é a incapacidade de ver o companheiro como uma pessoa diferenciada, que traz costumes, princípios, histórias de vida próprias o que exige um esforço na compreensão desta diferença, não como um impasse, mas como uma composição. Ao compor com as diferenças, abre-se um novo caminho a futura geração, promovemos uma nova síntese de toda esta experiência.
PIT - Você deve ter historias curiosas... Pode nos contar alguma?
ZS - Um casal me procurou alguns meses antes do casamento, percebendo que tinham diferenças relativas a maneira como cada um desejava realizar este casamento. No entender da noiva deveria ocorrer com todos os rituais, religiosos e festivos, no entender do noivo, o casamento civil bastava. A festa de casamento era naquele momento um tema de impasse, havia também a questão religiosa das diferentes crenças das famílias. O que me fez pensar sobre a preocupação deste jovem casal de como lidar com estes primeiros impasses da relação a dois. Foram encaminhados por um parente, que também procurara ajuda antes de oficializar o casamento. Comentei que inaugurava em minha clínica uma nova proposta: uma terapia que visava a "preparação para o casamento". Algo com um sentido profilático, tipo, “precisamos nos preparar” para "sabermos se daremos certo". Situação que me fez refletir sobre o receio de errar, o medo do sofrer. Não entendendo uma experiência de vida como uma construção, mas com algo mais imediato onde se tem que acertar ou errar.
PIT - Qual a sua sugestão para os pais que tem filhos que estão namorando ou que querem se juntar?
ZS - Este é outro tema complexo. Pais com filhos jovens devem estar atentos, na medida do possível. Devem acompanhar os movimentos de seus filhos, atenção é sinônimo de cuidado e amor. Ao receberem os parceiros de seus filhos, tornam-se mais próximos destes novos elementos da família, o que permite diálogo. O que se tem observado em nome da privacidade dos filhos, é uma certa "compreensão" e distanciamento. Nem todos os pais acham natural, que seus filhos exerçam sua vida sexual dentro de casa. Poder se posicionar quanto aos seus conceitos morais, éticos, religiosos permite uma relação franca e adulta de ambas as partes. Sobre o morar junto, aponta para o desejo de mudança de status, de filho dependente, para aquele que deseja criar sua própria casa, sua própria família. Para isto, será preciso estar preparado emocionalmente, financeiramente. Estando o jovem casal pronto para bancar este novo empreendimento, os pais devem dar seu voto de confiança. Dizem que se criam os filhos para o mundo, um dia eles crescem e irão formar novas famílias, é o destino da humanidade.
PIT - Zeila, muito obrigada por sua entrevista e deixe aqui o seu recado!
ZS - Nós como pais ou como avós, ficamos perplexos diante das mudanças de costumes deste mundo contemporâneo. Sabemos que dentro da família sempre ocorreram conflitos, divergência de opiniões, ressentimentos. Em cada família existe um sistema de crenças e um elo poderoso, que a une, sentimentos amorosos, de respeito, de consideração.
Os novos entendimentos serão construídos, na medida em que se resgatem estes valores entre pais e filhos.
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Um comentário:
Continue com suas entrevistas.
Essa foi sensacional !!!!!!!!!!!!
Me
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